Leone Miroglio: uma inconsciente raiz surrealista e uma profunda posição anti-metafisica

Emanuel von Lauenstein Massarani
02/02/2004 14:00

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Índio guerreiro do Xingu<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Leone Miroglio Obra.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Leone Miroglio<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Leone Miroglio.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O humanismo que Leone Miroglio retrata é conduzido por um íntimo desenrolar que se reflete também na estrutura de seus personagens, onde a vitalidade do artista se evidencia. A solidão do homem, o seu tormento existencial, não são vistos como situações amadurecidas no isolamento, mas inseridas em narrações que tiveram suas origens anteriormente.

Se desejarmos dar uma definição completa da obra desse artista necessitaríamos iniciar por sua profunda posição anti-metafisica: o homem está no contingente e a historia, desde a bíblica até a menos remota - outra não seria para o autor senão uma repetição frenética de movimentos e paixões, repletos de dramática contemporaneidade.

Por esse motivo a fisionomia da figura retratada em suas obras supera a dado objetivamente dramático para se envolver numa solução etérea. Existe possivelmente uma inconsciente raiz surrealista na base do processo da qual toma força e se desenvolve a singular fantasia do pintor.

Leone Miroglio mantém em todas as suas experimentações, o núcleo inspirador de suas inquietações, experiências que mesmo quando se dividem em múltiplas direções confluem no grande mar da vida. Em virtude dessa vocação unitária a sua consciência de artista não perdeu o sentido e o valor da existência do homem.

A obra "Índio guerreiro do Xingu", doada ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa, reflete a ansiedade do artista na defesa e preservação dos primeiros donos da terra Brasílica.

O Artista

Leone Miroglio nasceu em Milão, Itália em 1948. Após concluir seus estudos clássicos estudou arquitetura, letras e filosofia. Um encontro com o professor de historia da arte Roberto Longhi foi fundamental para sua formação artística. Por ele aconselhado, realizou uma serie de viagens de estudo e pesquisa através da França, Itália, Inglaterra, Suiça e Brasil.

Em nosso país, o encontro com Pietro Maria Bardi, diretor do Museu de Arte de São Paulo foi também de grande importância para sua carreira, ocasião em que pode organizar sua primeira mostra no Brasil, sob o título "Comunicação de um tempo existencial: Animula vagula blandola". O principal interesse da mostra consistia na participação do pintor com o publico no atelier que o artista instalara nas salas do Masp onde o publico podia criar sua própria "Animula", inspirando-se nos famosos versos de Adriano, o romano Imperador Poeta. A mostra realizada nos mesmos espaços dedicados às exposições dedicadas a Giacometti, Dubuffet, De Kooning e Bacon obteve grande sucesso.

Em 1984 realiza outra exposição no mesmo Museu sob o título "Cadê", uma verdadeira arqueologia do nosso tempo onde os índios de Xingu ocupavam um lugar de honra. No mesmo ano, a co0nvite da arquiteta Lina Bo Bardi executa um enorme painel de 150 metros quadrados no SESC - Pompéia para a mostra "Caipiras, capiaus, pau a pique".

"Suas obras se encontram em diversas coleções notadamente no Masp de São Paulo, no SESC Pompéia, no Instituto Lina Bo Bardi e P. M. Bardi e na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, alem de inúmeras coleções particulares. A partir de 4 de março, o artista inaugura no Oratório da Paixão, da basílica de Santo Ambrogio em Milão, a mostra "Epigrafe do Amor, palavras escritas sobre ouro".

alesp