A obra escultórica de Becheroni: um grito de alerta em defesa da natureza.

Emanuel von Lauenstein Massarani
08/04/2003 16:41

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Escultor Elvio Becheroni<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/becheroni.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Obra Árvore do Conhecimento<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Beccheroni - Arvore do conhecimento.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O escultor Elvio Becheroni foi um dos raros artistas que seguiram, de maneira rigorosa e também lógica, o caminho que o levou à abstração. Foi essa escolha que valorizou a riqueza e a diversidade de seu conteúdo, condensados na perfeição da própria forma.

A relação entre o homem e a natureza foi sempre uma obsessão à qual o artista se engajou com vigor. A madeira foi também a matéria-prima com que o artista melhor se identificou. Ele construía suas formas compactas ou curvas - muitas vezes perfuradas - de maneira a que provocassem uma reação palpável das mais agradáveis.

Base de sua inspiração, Becheroni não admitia renunciar a despender suas energias, tão necessárias, no corte direto da madeira. Não há dúvida que o grande valor de sua obra se deve ao fato de que foi capaz, por meio de suas formas e sua técnica, de trazer à tona o mistério da vida, escondido no interior da própria madeira, a seu turno, majestosa, ameaçadora, dramática ou exótica.

Em razão de seu amor pela natureza, a obra desse escultor pertence ao mundo da ordem e do equilíbrio - entretanto, sob seu aspecto límpido, ela é marcada, dentro da maior simplicidade, por nosso tempo e por nossa vida.

A firmeza equilibrada, a clareza e a harmonia das criações desse artista nos transmitem magia e misticismo. Sua abstração nos oferece um estilo que não designa a riqueza e a diversidade de seu conteúdo, mas se condensa na perfeição tangível de uma forma que consegue purificar a luz. Isso nos permite participar do milagre que se produz cada vez que a luz exterior se muda numa luminosidade que não conhece nem "exterior" nem "interior". Entretanto, vale relembrar que no século XIII a teoria estética da luz pregava que essa emanava de duas fontes: a consciência e o mundo exterior.

Em sua obra Árvore do Conhecimento, doada pela família Becheroni ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, estão evidentes clareza, harmonia e firmeza equilibradas que constituem a característica marcante de suas criações, nas quais o sentido da simplicidade é uma constante, paralelamente a um equilíbrio natural e orgânico. Sua obra possui, ainda, a grande qualidade de lançar um grito de alerta contra a ameaça sombria que paira sobre a natureza.

O Artista

Elvio Becheroni nasceu em Florença (Itália) em 1934. Viveu e trabalhou em Milão (Itália), São Paulo e Southfield (Detroit - Estados Unidos). Começou sua atividade artística em 1962. Instalou-se no Brasil desde 1980. Faleceu em 2000, em São Paulo.

Suas pesquisas artísticas, além da escultura e da pintura, também foram orientadas para a cerâmica, gravura, jóias, etc., dedicando-se profissionalmente à arte e expondo nas mais conceituadas galerias de arte italianas e européias. A comissão de críticos do Anuário de Arte Bolafi/Mondadori da Itália o selecionou como um dos melhores gravuristas em 1971 e 1982; um dos melhores pintores em 1974; um dos melhores escultores em 1982.

Becheroni participou também como correspondente de arte para as revistas "Domenica del Corriere" e "Corriere di Informazione", fazendo extensas reportagens sobre os artistas soviéticos, oficiais e dissidentes. Em suas viagens de estudo além da Europa, esteve nos Estados Unidos, Oriente Médio e na ex-União Soviética.

Convidado pela Prefeitura de Milão, realizou em 1993 uma importante mostra intitulada "Amazônia: Floresta Desencantada", na prestigiosa sede da "Rotonda della Via Besana", naquela cidade. A mesma exposição foi apresentada na França durante o festival de Arte de Saint Gabriel - Normandia -- e, em maio de 1995, no Palmengarten -- Frankfurt.

Suas obras se encontram em importantes coleções e em famosos museus da Alemanha, Bélgica, Itália, Iugoslávia, Rússia, Estados Unidos e América Latina. Participou de mostras individuais e coletivas em diversas partes do mundo.

A partir de 1962, Becheroni expôs nas mais representativas Galerias de Arte , Bienais Internacionais, tanto de escultura quanto de gravura, tendo em reconhecimento recebido vários prêmios e distinções.

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