A originalidade de Inos Corradin: requinte da matéria e filtro geometrizado em suas formas

Acervo Artístico
03/08/2005 16:25

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Dois equilibristas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/inosobra2.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Verdadeiro, inspirado, vigoroso e válido sob todos os perfis Inos Corradin é a demonstração evidente de um pintor original. Suas telas falam com eficácia: as formas são cor, imersa em outra cor, nadam num mar de cor, sempre quente; nunca se fundem umas com as outras, mas nítidas e potentes se entrecortam sobre fundos calorosos e sob céus intensos.

Sentem-se em suas obras a presença da abstração de um Kandinsky, que desejava representar as emoções musicais com cor e as formas imaginadas, mas antes dele, as composições de Matisse, com todos os fermentos que iniciaram o século XX até a primeira Escola de Paris, entre as duas guerras mundiais.

Encontramos em Inos Corradin o homem generoso que sofreu, que compreendeu e que continua a procurar; um homem seriamente empenhado a levar a diante o seu discurso estético, feito de uma participação total, sem economia; porque dentro de cada obra de arte existe a alma do artista. Trata-se de um homem como todos nós que busca com seus meios nos comunicar algo, uma voz, um grito, um sinal de alegria, de dor, de protesto, de desabafo, de amor, de perdão.

Com muita propriedade escreveu Walmir Ayala em 1984, que " A observação detida de um quadro de Inos Corradin nos obriga, de início, a encarar a estranheza da cor, o requinte da matéria sobre a qual entranha esta cor indefinida, suporte de todas as cores, sumo esmagado e cozido do espectro solar, palpitante e macio como um organismo vivo. Introduzidos pela cor, oscilamos entre o jogo picaresco da estilização e espaço metafísico onde as formas se distribuem como detalhes de um brinquedo fantástico ".

O seu universo pessoal, construído ano após ano, está repleto de emoções as mais diversas, reflexo do humor que envolve quotidianamente o fazer desse artista maior, onde está sempre presente o seu espírito de liberdade.

Com referencias às obras "Dois equilibristas" e "Paisagem", doadas ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa, faço minhas as palavras do conhecido crítico carioca "elas possuem um conteúdo lírico que avança na progressão direta da pesquisa construtiva da composição, no filtro geometrizado pelo qual as formas são medidas, transformando o visível numa espécie de equação luminosa".



O Artista



Pintor e cenógrafo, Inos Corradin nasceu em 1929 em Vogogna, Itália. Iniciou seus estudos de pintura em 1945, com o professor Tardivello após o término da Segunda Guerra Mundial. Em 1947, colaborou como o pintor Pendin na execução de um mural dedicado aos mártires da resistência italiana em Castelbaldo, na província de Padova Itália. Transferiu-se para o Brasil em 1950, onde passou a fazer parte do Núcleo Artístico Cooperativa em São Paulo, dirigido pelo pintor argentino Oswaldo Gil Navarro. Desde então vive em Jundiaí e São Paulo, SP.

Por ocasião dos 400 anos de fundação de São Paulo, em 1954 executou os cenários para o Ballet do IV Centenário. Em 1957 transfere-se para Ibiúna onde começa uma nova fase de sua vida: pinta e trabalha com madeireiros, descobrindo por alguns anos a vida no campo. Em 1979, foi contratado para pintar um cenário para o Teatro de Rovigo, Itália.



Entre suas exposições individuais destacamos: Galeria Oxumaré, Salvador, BA (1953); Cassino Miguez, Punta Del Este, Uruguai (1967); Galeria Wildenstein, Buenos Aires, Argentina e Salon Guterrez Yaguaro, Córdoba, Argentina (1968); Galeria D´Hautbarr, Nova York, USA; Galeria Atrium, São Paulo SP (1969); Museu de Arte Contemporanea, Curitiba, PR (1972); Galeria Debret, Paris, França (1975); Galeria de Arte Riviere, Veneza, Itália; Bar-Tzion Fine Arts, Tel Aviv, Israel, (1976); Galeria de Arte André, São Paulo SP (1977, 1985, 1987, 1997, 1998, 2001 e 2002); Galeria Ambrous, Milão, Itália (1977); Karr Gallery of Fine Arts, Toronto, Canadá (1979); Bottega Di Cimabue, Florença, Itália (1980); Galeria Modern Art, Koln, Alemanha (1981); Galeria Steigen-Berger, Berlim Alemanha, (1982); Galeria Toulouse, Rio de Janeiro RJ (1985)

Participou ainda do 2º e do 15º Salão Paulista de Arte Moderna, (1952 e 1966); Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, RJ (1953); Salão Internacional Paris Sud (1975); Quadriennale d"Arte de Ferrara, (1976); Feira Artística Internacional, Tel Aviv, Israel (1978); 100 Obras Itaú, no Museu de Arte de São Paulo (1985); Creation 85, Montreux, Suíça (1987); Fondation Louis Moret, Martigny, Suíça (1990); Galerie Daghofer, Leoben, Suíça; Galeria M. Fogolino, Trento, Itália (1992); Mostra Antológica 1953-1993, Palácio Municipal de Jundiaí (1993); Galerie Gerhard, Bad Berleburg, Alemanha; Etruri Arte, Livorno, Itália; Arte Fiera, Padova, Itália (1994 e 1996); Arte Gallery Bugno & Samueli, Veneza, Itália; Coletiva, na Galerie Dagmar, Essen, Alemanha; Galerie Dida, Graz, Áustria (1995); Galeria AAA, Ascona, Suíça; Galeria Box Art, Veneza e Galeria La Meridiana, Verona, Itália; Galerie Plaza Hotel Vienna, Áustria e Galeria Palazzo Roncale, Rovigo, Itália (1996), entre outras.

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