Especialistas discutem cidadania e bem comum

Evento iniciou o II Ciclo de Multiplicadores de Cultura de Paz, promovido pelo ConPaz
20/08/2008 18:15

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Hamilton Faria <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/08-2008/CONPAZ Hamilton Faria MAC.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Isis de Palma <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/08-2008/CONPAZ Isis de Palma MAC.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Clovis Pinto de Castro <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/08-2008/CONPAZ Clovis Pinto de Castro MAC.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Não há bem comum sem cidadania ativa. E cidadania implica em co-responsabilidade, em exercer deveres e ter direitos. Foi esse o consenso a que chegaram os palestrantes convidados para o início do II Ciclo de Multiplicadores de Cultura de Paz, na terça-feira, 19/8. Promovido pelo Conselho Parlamentar pela Cultura de Paz (ConPaz), o encontro serviu para debater o tema Saber Cuidar. Inserido nesse tema, o conselho convidou especialistas para discutirem Cidadania Ativa e Bem Comum. O presidente da Assembléia de São Paulo, deputado Vaz de Lima, prestigiou o encontro e lembrou o caráter plural e aberto da Casa, em que prevalece a busca pelo entendimento. Vaz de Lima parabenizou os membros do ConPaz e os palestrantes: "Parabéns pela vocação", elogiou.



Cultura da esperança



Segundo o doutor em ciência da religião, vice-reitor acadêmico, professor da pós-graduação em ciências da religião e da Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo, Clóvis Pinto de Castro, mesmo sendo seres de culturas, hábitos e valores diferentes, somos convidados a uma convivência pacífica e harmoniosa e para isso há de se fortalecer os movimentos de cidadania. De acordo com o especialista, um dos aspectos positivos da globalização foi trazer a consciência de sermos cidadãos do planeta Terra, de habitarmos um mesmo território. Para ele, não é possível pensarmos em cidadania sem pensar em movimento. E ao se pensar em bem comum, a idéia é colaborar com o futuro. "Posso antecipar ações, pequenos sinais que sejam, que possam melhorar o futuro?", sugere como questionamento. A equação entre o privado e o público também, segundo Pinto de Castro, deve permear as reflexões sobre o bem. Não há felicidade que não passe pelo bem comum. Lembrou o conceito judaico-cristão da expressão, que, utilizando a palavra Shalom, dá uma dimensão bastante abrangente sobre o bem comum. "É a plenitude da vida, o bem-estar social". A cidadania, segundo o especialista, está alicerçada no direito entre iguais. E defendeu uma discussão acerca do tema que vá além do conceito. "A cidadania é fruto de um processo histórico, cultural e se concretiza no cotidiano, mas requer o espaço público".



A alma da Paz



O poeta, co-fundador, ex-diretor e presidente do Instituto Pólis, Hamilton Faria, acredita que a arte é a alma da cultura da Paz. Ela tem a capacidade de revelar o mundo e criar outro, afirma, citando Otávio Paz, poeta mexicano, que disse que a "história da poesia moderna é a do contínuo... qualquer imagem, por mais simples que seja, é capaz de revelar o mundo...". Cidadania e bem comum são para Faria um dos temas mais importantes da sociedade contemporânea. Em um tempo em que valores conspiram contra o bem comum e privatizam o bem, em que a cultura do ter se sobrepõe à cultura do ser, Faria defende um movimento simples de cordialidade para com a Terra: "Proteger a vida das pessoas, dos animais, dos vegetais e dos minerais". Ele sugere para construção do bem comum um processo de "reencantamento" visando mundos habitáveis. Hamilton Faria é autor dos títulos: Diavirá; Estações; Cidades do Ser; Encântaros e Súbito Encantos para São Pedra e Espanto.



Aliança para um mundo responsável, plural e solidário



A representante do Movimento Nossa São Paulo: Outra Cidade, diretora do Instituto Ágora e integrante do Comitê Internacional da Carta de Responsabilidades Humanas, Isis de Palma, também acredita que a cidadania e o bem comum implicam em responsabilidades a serem adotadas por cidadãos, por governos e instituições com a finalidade de construir sociedades sustentáveis.

Ela explica que os objetivos que direcionam as ações do Movimento Nossa São Paulo são mobilizar diversos segmentos da sociedade para, em parceria com instituições públicas e privadas, construir e se comprometer com uma agenda e um conjunto de metas, além de articular ações visando a uma cidade justa e sustentável.

A educadora conta com orgulho a conquista da aprovação de uma emenda à Lei Orgânica do Município de São Paulo, que, segundo ela, irá melhorar a qualidade de vida da cidade como um todo. A proposta foi elaborada por mais de 400 organizações que atuam no movimento e lutam por uma cidade mais justa e sustentável. A lei prevê que o prefeito, eleito ou reeleito, apresente o Programa de Metas de sua gestão até noventa dias após sua posse. Esse programa deverá conter prioridades como as ações estratégicas, os indicadores e metas quantitativas para cada um dos setores da Administração Pública Municipal, subprefeituras e distritos da cidade, observando, no mínimo, as diretrizes de sua campanha eleitoral e os objetivos, as diretrizes, as ações estratégicas e as demais normas da lei do Plano Diretor Estratégico.

alesp