Porque voto SIM

Opinião
20/10/2005 16:25

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Arnaldo Jardim <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/ajardim.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Porque, após treze anos de crescimento consecutivo, as mortes por arma de fogo caíram 8,2% desde a adoção da Campanha pelo Desarmamento, que já retirou de circulação quase 500 mil armas. Em 2003, São Paulo registrou 10.097 pessoas mortas por arma de fogo. Em 2004, houve uma redução significativa neste triste índice, foram 8.137 pessoas;

Porque os estoques privados são a principal fonte de armas apreendidas com criminosos no Rio de Janeiro, segundo a própria Secretaria Estadual de Segurança Pública. De 1999 até este ano, das 86.849 armas apreendidas, 33% eram registradas, 39% foram compradas legalmente, mas não registradas, e 28% vinham do contrabando;

Porque, em São Paulo, o primeiro motivo para os homicídios é a vingança entre pessoas que se conhecem e não possuem vínculo com o crime, de acordo com dados da Polícia Civil. Em suma, grande parte dos homicídios é oriunda de rixas comuns, brigas familiares, alcoolismo, discussões de trânsito, acidentes e etc;

Porque a chance de uma pessoa morrer em um assalto é três vezes maior quando está armada, de acordo com estudo da Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo;

Porque a chance de uma mulher morrer assassinada por arma de fogo, pelo marido ou amante, é duas vezes maior do que por um desconhecido. Com freqüência, as armas de fogo tornam-se um símbolo do poder masculino e são usadas para promover o uso da violência para solucionar conflitos;

Porque os acidentes com armas de fogo são uma das principais causas de internação de crianças no País. Segundo pesquisa da UNESCO " Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, os jovens (entre 15 e 24 anos) são as principais vítimas de homicídio, sendo que só na região metropolitana de São Paulo, correspondem a 41,5% dos casos;

Porque, nas mortes ocasionadas por latrocínio, estupro e outros crimes, as armas utilizadas eram, em sua maioria, provenientes da comercialização lícita. Nos casos de estupro, 51% das armas eram legalizadas; no latrocínio, 46%; nas lesões por arma de fogo, 49%; no tráfico de drogas, 51%, e por fim, nos homicídios, responderam por 38%;

Por estes argumentos e por minha formação humanista, convicto de que a CULTURA DA PAZ deve conformar a sociedade, voto SIM!

O referendo tratará apenas da proibição e da comercialização de armas e munição no Brasil (artigo 35 da Lei 10.826/03 - Estatuto do Desarmamento). O fim da comercialização estancaria uma das principais artérias de fornecimento de armas e munição no País.

Os que apregoam o "voto não" desmerecem qualquer tipo de pesquisa sobre o assunto, exploram a questão emocional, desvirtuando ardilosamente a discussão, procurando passar a idéia de que o caos será instaurado caso o SIM vença.

Os contrários à proibição da comercialização de armas se escondem sob o manto do direito à legítima defesa, na verdade escondem interesses meramente comerciais e ideológicos de viés totalitário. Caso vençam, tudo permanece como está.

O voto SIM é pela mudança. O desarmamento simboliza apenas um primeiro passo, capaz de definir como enfrentaremos a questão da violência nos próximos anos. Claro que uma política de segurança pública passa necessariamente pela geração de empregos; o aumento dos investimentos em áreas como saúde, educação e cultura; o combate à corrupção; a atuação conjunta das polícias Federal e Estadual; o treinamento e aperfeiçoamento dos quadros policiais; o controle mais eficaz de nossas fronteiras; e a repressão ao narcotráfico.

O que queremos combater é a grande quantidade de tragédias ocasionadas pelo uso de armas. Qual é a diferença de um cidadão comum ter ou não uma arma? Poupar vidas, evitar dramas familiares, educar uma sociedade mostrando que a violência não é o caminho.

O referendo não proíbe o uso de armas de fogo pelas Polícias, pelas Forças Armadas, por empresas de segurança legalmente habilitadas, entes constitucionalmente responsáveis pela manutenção da ordem pública. Ao cidadão cabe viver.



Arnaldo Jardim* é Engenheiro Civil e deputado estadual (PPS)

arnaldojardim@arnaldojardim.com.br

www.arnaldojardim.com.br

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