O abstracionismo cósmico de Olímpio Franco transmite encantamento e choque ao observador

Emanuel von Lauenstein Massarani
09/08/2004 14:00

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Após a II Guerra Mundial o expressionismo abstrato americano começou a ser descartado na Europa, especialmente na década de 60. A seguir, foi a vez de a abstração geométrica desaparecer para dar lugar a tendências opostas, conhecidas sob denominações as mais diversas: abstracionismo lírico, gestual, tachismo, arte informal, paisagismo abstrato, entre outras. Cinqüenta anos após, o abstrato persiste no Brasil, mas dando lugar à abstração cósmica, que tem em Olímpio Franco um afeiçoado seguidor.

A matéria exerce um papel importante na obra desse jovem artista. Fluída ou espessa - a segundo do pincel ou o que a espátula espalha -, ela suscita contrastes sobre os quais, verdes, azuis, amarelos ou vermelhos se entrelaçam.

O pintor não hesita, não se apavora frente a explosões desordenadas. Livre de toda e qualquer amarra, parte com toda a ousadia de sua juventude na conquista do espaço e com audácia para dominar a estrutura rítmica do quadro.

Vastíssimas manchas cromáticas, com respirações fortes e sonoras, largos movimentos e o estreitamento da forma configuram um panteísmo fugaz e ao mesmo tempo envolvente. Essa imaginação cósmica do espaço pictórico se apóia sob sólidas ondas nervosas, cujo papel principal é manter a arquitetura da paisagem extraterrestre no seio de uma ebulição delectável e desordenada da criação.

Encantamento, choque ou até mesmo espanto constituem reações naturais do espectador que, sem dúvida, pode constatar o domínio do espaço e a coragem do artista no ordenamento rítmico da obra. Sob nossos olhos se desenvolve um universo em contínua gestação.

Sua pintura revela algo que o artista projeta de sua polêmica experiência, porém inseparável do sentimento da própria existência. Nela constatamos que a expressão e a emoção podem andar perfeitamente em sintonia com a ordem e a clareza.

Em "Aurora Boreal" e "O mundo visto de um satélite", obras doadas ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa, Olímpio Franco evidencia suas abstrações cósmicas, sem uma ruptura brutal, com total liberdade, entre idas e voltas, entre realidade observada e realidade procurada. Encontrou a sua própria explosão interior, que absorve plenamente suas aspirações juvenis.

O Artista

Olimpio Franco nasceu em São Paulo em 1975. Iniciou sua carreira artística em 1997 e participou de inúmeras exposições em centros culturais e galerias no Brasil e no exterior, entre as quais destacam-se: Grand Salon Fort Lauderdale Art Show, Pompano Beach, Flórida, Estados Unidos; III World Exhibition of Actual Árabe Visual Arts, Beirute, Líbano (2000); Centro de Cultura Contemporânea - Espace Auteuil e Galerie Brésil, Paris, França; Espaço Cultural H. Remanso, Punta Del Este, Uruguai; Feira de Caen - Normandia, França; Museu Nazionale di Villa D'Este, Roma, Itália; Gran Salon Real de Madrid, Espanha; Grande Salão Luso-Brasileiro, Lisboa, Portugal; Jacob K. Javits Convention Center, Nova York, Estados Unidos; Kulrtuzentrum Schule und Kultur, Hamburgo, Alemanha (2001); Museu de Arte de São Paulo, Galeria Prestes Maia, SP; 5° Biennale D'Arte Internazionale, Roma, Itália (2004).

Recebeu diversos prêmios entre os quais: Grande Medalha de Prata, Hamburgo, Alemanha; Grande Medalha de Ouro do Salão Luso-Brasileiro em Lisboa; Medalha de Ouro no Jacob K. Javits Convention Center, Nova York, Estados Unidos; Grande Medalha de Bronze em Punta Del Este, Uruguai e Medalha de Bronze no Gran Salon Real de Madrid (2001); Medalha de Ouro no Gran Salon Chileno e Medalha de Prata no Salon Arte Integración, Arica, Chile (2003); 1° Premio na categoria abstrato na 5° Biennale D'Arte Internazionale, Roma, Itália (2004).

Suas obras foram selecionadas para o 1°, 2° e 3°Anuários de Arte e Artistas, SP (2000, 2001 e 2002); Anuário de Arte Brasileira, MG; Artes Plásticas Brasil, de Julio Louzada (2001); Anuário Consulte (2002/2003 e 2003/2004); Anuário Registro de Artes Plásticas, vols. 1 e 2; Anuário Luso-Brasileiro de Artes Plásticas, Portugal; XV Anuário Latino-Americano de Las Artes Plásticas, Argentina; Anuário Itália-Brasil (2003)

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