Frente Parlamentar da Citricultura debate demissões no setor

Uma das propostas para enfrentar a crise na produção de suco é a criação de um plano estadual para a citricultura
07/03/2012 20:05

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Edinho Silva (centro) com representantes da Secretaria da Agricultura e do setor produtivo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2012/Citricultura07mar12Ze.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Em razão das notícias de demissões pela empresa Citrovita, uma das maiores exportadoras de suco de laranja do Brasil, a Frente Parlamentar da Citricultura realizou uma reunião extraordinária nesta quarta-feira, 7/3, com representantes da Secretaria da Agricultura, dos produtores de laranja do Estado de São Paulo e com trabalhadores do setor para encontrar propostas de solução para a crise que parece se abater sobre o setor. A empresa, sediada no município de Matão, divulgou pela imprensa, na última quinta-feira, 1º/3, que não vai processar a safra de 2012/2013, alegando excesso de produção. As demissões já chegam a 112 funcionários, motivadas, segundo o sindicato dos trabalhadores do setor, pela associação entre a Citrovita e a Citrosuco no final de 2012.

Edinho Silva (PT), presidente da Frente da Citricultura, disse que a finalidade desse grupo é defender a citricultura paulista, um dos setores mais produtivos do Estado, e a Assembleia tem um papel preponderante na discussão da crise e na formulação de um plano estadual para a citricultura: "O objetivo é criar um plano estadual para a citricultura e também fortalecer a ideia do Consecitrus* para que uma cadeia produtiva tão importante quanto esta, que hoje gera empregos, riqueza e impostos, que são a garantia de muitos municípios para que prestem serviços de qualidade".

Para o deputado, o setor citrícola encontra dificuldades estruturais e conjunturais. Ele explica que há uma queda crescente do consumo de suco de laranja em países consumidores da Europa e nos Estados Unidos, que estão substituindo o suco por outras bebidas. "Esse é um problema estrutural que temos que combater abrindo mercados e incentivando o consumo interno".

Outras duas questões estruturais são a ampliação de barreiras tributárias dos Estados Unidos " o produto é taxado na entrada ao país em mais de U$ 400 por tonelada, segundo informa Edinho " e a recusa do suco de laranja pelos EUA em razão do uso de fungicidas, mais uma forma de dificultar a concorrência do produto brasileiro com o americano.

Edinho lembra, ainda, que está ocorrendo uma migração dos laranjais, tanto das regiões citrícolas para outras regiões do Estado de São Paulo quanto para outros Estados, por causa da contaminação dos pés por doenças cítricas: cerca de 40% dos laranjais está contaminado.

"As mudanças no mercado internacional estão gerando uma mudança no modelo de produção do suco de laranja no Brasil. Está havendo uma verticalização muito grande". Ele se refere à joint venture entre a Citrovita e a Citrosuco que as fez dominar o mercado produtor de suco de laranja no Brasil.

"Queremos que o mesmo espaço de discussão que foi criado no setor da cana-de-açúcar seja criado no setor citrícola, e que se possa constantemente colocar a indústria e os trabalhadores na mesa de negociações junto com o Poder Público para equacionar esses problemas, e para que se possa gerar estabilidade para os trabalhadores, preço justo para os produtores e também estabilidade produtiva para a indústria".

A frente, criada pelo Ato 101/2011, do presidente, em aprovação a ofício de Edinho Silva, é composta de 26 parlamentares.



*O Consecitrus é, como já existe no setor canavieiro, um conselho com representantes da cadeia produtiva do suco de laranja para estabelecer mecanismos que norteiem o preço da fruta fornecida para a indústria do suco.

alesp