Colégio Canadá poderá deixar de oferecer ensino médio e ser transformado em escola técnica


12/11/2007 11:56

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O tradicional Colégio Canadá, no Gonzaga, poderá deixar de existir como escola pública estadual de ensino médio. A unidade de ensino foi oferecida ao Centro Paula Souza para criação de uma escola técnica estadual. Vinculado à Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo, o Paulo Souza estuda a possibilidade de montar, no local, um curso de manutenção náutica.

A notícia, transmitida por fontes oficiais, surpreendeu a deputada Prandi (PT). A parlamentar não aceita a hipótese de extinção das vagas de ensino médio. "O curso de manutenção náutica é muito bem-vindo, mas pode ser montado em outro local. A Escola Técnica Estadual (Etec) Escolástica Rosa, que já oferece cursos técnicos, é uma opção", pondera. A parlamentar desconhece que a extinção tenha sido discutida com a comunidade educacional do Colégio Canadá e condena a hipótese de uma decisão unilateral.

Prandi lembra que a possibilidade de fechamento do Canadá torna-se ainda mais preocupante em razão de dados estatísticos mostrando que, a cada 10 brasileiros entre 15 e 17 anos, dois não estudam, quatro estão no Ensino Fundamental e quatro, no Ensino Médio. Os dados são do Censo Escolar, divulgado no primeiro semestre.

"Quem estuda, está com algum tipo de atraso ou defasagem escolar em relação à faixa etária, a maioria está fora do Ensino Médio. Pela idade, todos deveriam estar no Ensino Médio", ressalta, e acrescenta: "Há problemas estruturais graves que precisam ser atacados antes da decisão de riscar do mapa uma escola de ensino médio, especialmente uma escola tão tradicional".



Escolas x presídios

O Colégio Canadá, um dos mais antigos da cidade e da região, integra a rede de escolas de ensino médio que a Secretaria de Estado da Educação mantém em Santos. Ainda sob o impacto da notícia, a deputada buscará informações oficiais sobre o número de alunos atendidos pela escola. Ela também quer saber quantos professores lecionam naquela unidade de ensino e qual o quadro de funcionários. "Há uma série de conseqüências envolvendo grande número de pessoas. Além disso, fechar uma escola significa ter que aumentar vagas nos presídios", critica.

A parlamentar também oficiou a Apeoesp da Baixada Santista, buscando saber se a entidade foi informada sobre a possibilidade de o Canadá ser fechado para dar lugar a uma escola técnica.

O Centro Paula Souza administra 138 Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e 33 Faculdades de Tecnologia (Fatecs) em 116 cidades no Estado de São Paulo. Em Santos, a instituição já oferece cursos técnicos de nível médio e tecnológicos de nível superior na Escola Técnica Aristóteles Ferreira e na Escolástica Rosa.

A alegação da Secretaria de Educação para extinguir a escola seria a baixa demanda. A deputada Prandi concorda que a unidade sofreu um processo de esvaziamento, mas aponta o governo estadual como responsável. "A extinção do Curso de Magistério foi um golpe contra o Canadá. O prédio está deteriorado, o que também afasta os alunos. Também defendo a volta do Ensino Médio Profissionalizante, como existia antes e o governo do Estado extinguiu", arremata Prandi.

mlprandi@al.sp.gov.br

alesp