A participação feminina na política aumentou nos últimos anos no Brasil. No entanto, a posição do País no ranking de mulheres em cargos públicos, elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no ano passado, é constrangedora. Das vagas para deputados federais, só 9% são ocupadas por mulheres. No Senado, o índice é de 12,3%. Em São Paulo, os números seguem a média nacional. Dos parlamentares da Assembleia Legislativa, apenas 10% são mulheres. Para termos ideia, na Argentina 35% dos cargos públicos são de mulheres. Na Costa Rica, a participação feminina é de 38,6%. Não podemos negar os avanços nas relações, mas claramente ainda convivemos com comportamentos que revelam desigualdade de gêneros. Na política, por exemplo, as mulheres se tornaram maioria do eleitorado, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de julho de 2008. Somos 51,7% dos 130 milhões de eleitores aptos a votar. O TSE também revelou, na ocasião, que os homens comparecem em menor número que as mulheres nas eleições, se abstêm mais, votam em branco ou anulam os votos em maior número. Ou seja, é um escárnio considerar que falta interesse ou capacidade às mulheres. A mulher participa em escala crescente como protagonista em todas as áreas que atua na esfera pública " sindicatos, associações, atividades pastorais, universidades, conselhos ", o que lhe confere mais legitimidade política. Mas a democracia requer ruptura com privilégios e efetiva igualdade para o exercício da cidadania. A mulher merece maior acesso aos espaços de decisão no Legislativo, no Executivo e no Judiciário. Há certamente um conjunto de fatores emocionais, culturais e políticos que interferem para interditar e até mesmo filtrar o acesso das mulheres aos espaços nas três esferas de Poder. No entanto, as regras ou a falta delas são determinantes. Portanto, cabe manter acesa a disposição em transformarmos essa situação. *Beth Sahão é deputada estadual pelo Partido dos Trabalhadores