"Folhas secas, já cansadas, descem da copa das plantas. Tecem tapetes de fadas, modelam compridas mantas. Essas folhas, já sem vida, vão enfeitando a paisagem, deixando na despedida só caminhos de romagem". Assim se expressa o poeta Mario Catarino para saudar a estação que sucede o verão na data de hoje e antecede o inverno. No Brasil, um país de clima tropical, especialmente nos últimos anos as estações têm sido indefinidas. Entretanto, o amarelar das folhas constitui o símbolo do outono.No dia em que se comemora a entrada do outono, publicamos nestas páginas obras do acervo do Museu de Arte do Parlamento de São Paulo cujos artistas enfocaram, com profunda sensibilidade e maestria, a paisagem brasileira dessa estação.Dia de Outono, de Walter Habe " O valor pictórico das obras desse artista consiste sobretudo na vibrante sugestão da cor, entendida como expressão de sentimentos através da transfiguração poética dos temas tratados. Com efeito, a sua pintura " mesmo fiel na forma aos cânones naturalistas " é caracterizada por acentos líricos de particular intensidade emotiva.Sertãozinho: Caminhos Cor-de-Rosa, de Mary Yamanaka " A pintura dessa artista é de fato alimentada por uma cor envolvente, onde as formas se destacam como nascessem de uma explosão psíquica, estranha ao mundo racional. Naturalmente, se entendermos por racional tudo o que é premeditado ao redor do quadro: o cálculo, a tese, a experiência e o postulado teórico.Caminho de Paranapiacaba, de Gilda Gil " Tradicionalista assumida, essa artista, em certo sentido, mostra paisagens que exprimem uma concepção clássica " mas mesmo assim renovada " dos lugares e dos elementos. São imagens repletas de musicalidade que nos convidam a procurar, com a artista, um lirismo poético.A Relva e o Horizonte Róseo, de Kyoko Fukagawa " A artista é uma naturalista por vocação. Um poeta que impregna o pincel na magia que a natureza abre frente aos olhos com suas atmosferas e suas harmonias. Para a artista, pintura é um ato de fé, mas também de humilde respeito e de ansiosa esperança.Antes do Plantio, de Sakuko Miyashita " Fiel ao seu temperamento simples e sensível que foge de tudo o que é intelectualístico, Sakuko é uma pintora instintiva. Em suas telas existe algo de impetuoso, de incontrolado, de original, onde a imaginação cria um clima de outono todo particular.Flamboyant em Flor, de Valério Dias " A estrutura da composição desse artista é perfeitamente equilibrada. Suas árvores floridas na paisagem recebem um tratamento cromático, com uma luminosidade marcante e uma profundidade espacial bem definida.