Solenidade lança texto-base da Campanha da Fraternidade 2007

Bispo diz que, além da ecologia e do combate ao desmatamento, a campanha inclui problemas sociais do país
21/03/2007 20:33

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Lançamento da Campanha da Fraternidade 2007 <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/CampFratMMY024.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Tema deste ano: "Fraternidade e Amazônia" com o lema "Vida e Missão neste Chão"<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/CampFrat21mar07MMY18.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Com o tema "Fraternidade e Amazônia" e o lema "Vida e Missão neste Chão", foi lançado oficialmente nesta quarta-feira, 21/3, no auditório Franco Montoro da Assembléia, o texto-base da Campanha da Fraternidade 2007, da CNBB, em evento coordenado pelo líder da bancada petista na Casa, deputado Simão Pedro.

Segundo o bispo da Diocese de São Miguel, dom Fernando, responsável pela campanha em todo o Estado de São Paulo, essa iniciativa surgiu no início dos anos 60 com a preocupação de promover uma renovação interna. Com o tempo, o foco começou a ser deslocado para a realidade do povo e, a partir de 1985, passou-se a abordar temas como fome, terra, trabalho, negros, idosos e pessoas com deficiência. "É uma parceria com a sociedade civil na busca de um mundo mais justo, fraterno e solidário", explicou.

Com relação ao tema deste ano, dom Fernando ressaltou que o objeto da campanha vai além da ecologia e do combate ao desmatamento, incluindo problemas sociais, como o trabalho escravo, a prostituição infantil e a questão do índio, não só na Amazônia, mas em todo o país. "São aqueles que não têm acesso à produção e ficam, à margem, mendigando, sobrevivendo com as migalhas." O bispo informou também que a conscientização sobre a necessidade de proteção ao meio ambiente já se iniciou na campanha deste ano com a distribuição de 1.500 mudas de árvores. "Todos falamos do aquecimento global, mas como são tratadas as árvores aqui mesmo na nossa cidade?", perguntou.

Biólogo e pedagogo, o assessor da CNBB Luiz Antônio do Amaral destacou entre os principais problemas da região amazônica a ação dos grileiros, que, usando de escrituras falsas e violência, expulsam de suas terras não só os índios, mas os migrantes nordestinos que estão lá há décadas. Para ele, além do desmatamento para a expansão da agricultura e extração da madeira, a atividade mineradora e as áreas alagadas para a instalação de usinas hidrelétricas contribuem para a devastação da floresta, que já teve 17% de sua extensão destruída.

Luiz Antônio explicou, porém, que a Amazônia deve ser encarada também como uma inspiração, para que o tema seja abordado em cada localidade em relação ao seu próprio bioma. Na região de São Paulo, ele citou a serra da Cantareira e a Área de Proteção Ambiental (APA) Capivari Monos, além de pequenos trechos da Mata Atlântica que ainda existem e precisam ser preservados, a exemplo dos arredores do parque do Carmo, na zona leste da capital. "Não se trata de romantismo, é um problema moral e de sobrevivência na Terra", destacou. No contexto urbano, o assessor citou o trabalho dos catadores de sucata, "que deveriam ser vistos como verdadeiros ecólogos".

Luiz Antônio afirmou que os brasileiros não podem pensar na internacionalização da Amazônia, como se não fossem capazes de controlar a área: "Nós podemos cuidar da Amazônia, e não só para nós, mas para toda a humanidade." O biólogo recebeu o apoio do deputado Adriano Diogo (PT), que considerou a necessidade da revisão do uso do álcool combustível pelo governo federal, fator que vem causando a expansão da fronteira agrícola. "Há duas décadas, Bush pai fez um acordo com o Iraque para garantir o fornecimento de petróleo. Anos depois, o Bush filho invadiu o país", alertou.

Também participaram da solenidade: o agente da Pastoral dos Negros Eduardo José Moreira; o presidente da Editora Salesiana " que publicou o texto-base ", Ailton Antônio dos Santos; o cônsul geral de Cuba em São Paulo, Carlos Trejo Sosa; e o representante da Igreja Ortodoxa Católica Apostólica na América Latina, bispo dom Athanasius; além dos deputados Padre Afonso Lobato (PV), Marcos Martins (PT), Enio Tatto (PT), Sebastião Almeida (PT) e Donisete Braga (PT). A solenidade foi encerrada com a apresentação do Grupo de Canto da Terceira Idade Mariama.

alesp