Familiares de detentos denunciam maus-tratos em Cadeiões de Pinheiros


04/03/2004 21:24

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Parentes de detentos (ao fundo) acompanham reunião da Comissão de Direitos Humanos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/familiares.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

DA REDAÇÃO

Familiares de detentos e a coordenadora da Pastoral Carcerária do Estado de São Paulo, Heidi Ann Cerneka, encontraram-se com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, deputado Renato Simões (PT), nesta quinta-feira, 4/3, para informar a situação vivida pelos presos de duas Cadeias Públicas de Pinheiros.

Os parentes de presos denunciaram práticas de tortura nas unidades Dacar III (masculina) e Dacar IV (feminina). Eles acusam o GOE - Grupo de Operações Especiais - de ter realizado blitz naquelas unidades no período do carnaval, quando tiros foram disparados, pertences de prisioneiros subtraídos ou destruídos e muitas pessoas ficaram machucadas.

Heidi Cerneka disse que a direção das duas unidades prisionais impediram algumas entidades de entrar e visitar os detentos, em várias tentativas ocorridas durante a última semana. Em carta encaminhada à Comissão de Direitos Humanos pela Pastoral Carcerária, Cerneka afirma: "Sem a possibilidade de entrar, não há outra opção senão acreditar nas denúncias e considerar a possibilidade de que alguém não quer que nós vejamos a situação e conversemos com os presos machucados".

Greve de fome

A capacidade das duas Cadeias Públicas de Pinheiros é de 512 pessoas cada uma. A Dacar III aloja pelos menos 1200 detentos e Dacar IV, cerca de mil prisioneiras. Segundo a Pastoral, 47% dos homens e 30% das mulheres cumprem sentença fora do regime adequado.

As mulheres da Dacar IV iniciaram greve de fome na segunda-feira, 1/3, como forma de chamar atenção sobre a situação da cadeia pública. Mulheres e mães de detentos da Dacar III, depois de passaram quatro dias na porta da cadeia sem informações, resolveram realizar um ato que paralisou a Marginal Pinheiros.

O deputado Renato Simões comprometeu-se a consultar os membros da Comissão de Direitos Humanos sobre a possibilidade de ser realizada uma visita de inspeção àquelas duas unidades. Propôs-se, ainda, a entrar em contato com a direção daquelas instituições para apurar as razões pelas quais as visitas das entidades foram barradas.

alesp