Thiago Martins transforma a escultura num "puzzle" com traços arqueológicos intactos ou recortados

Acervo Artístico
11/04/2005 16:12

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Perseguindo uma dupla pesquisa, através da escultura e da pintura, Thiago Martins trabalha no campo da cenografia e da arquitetura. Artista de uma discrição sem par, evita ocupar a frente da cena. Enfocando, geralmente, o corpo humano, através de torsos, cabeças ou pés, o jovem artista interroga a imagem, o signo e o sentido, bem como a resistência da fragmentação, da permuta e da recomposição.

Suas imagens constituem fetiches ou símbolos, recolhem na longa história da arte outros tantos signos referenciais, que compõem ou estruturam uma memória de base, dela retirando aleatoriamente partes da matéria e permutando-a com cores que as valorizem.

Embora sem austeridade e frieza, sua arte é interiorizada, medida e calculada. Uma constante e bem presente trama ortogonal sobressai de suas esculturas, numa afirmação voluntária de um gesto constitutivo que nos transporta aos grandes princípios do suporte e da superfície.

Máscaras, casas, favelas, barcos, brasões, são inseridas no contexto da escultura e se constituem em traços arqueológicos intactos ou recortados tudo bem próximo de um "puzzle".

Trata-se de um artista instintivo que fez uma parceria perfeita ao aliar-se com o pintor Marcos Irine, que como ele prefere, também, reproduzir mais que inventar, recuperar mais que imaginar. Ele nos faz crer que o título da obra decide e que nada pode ser mais significativo quanto o nome que lhe foi atribuído. Controlando seus elans líricos ou retóricos, o escultor mede suas efusões e calcula suas improvisações.

A partir das esculturas em poliéster "Marinheiro" e "Mascarado", doadas ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, Thiago Martins nos mostra, através de uma sua conceitualização que podemos seguir alegremente uma via moderna sem ignorar o passado, revitalizando a abstração, face ao retorno das figurações. Verificaremos, então, que o olhar deixará de flutuar e cessará de perscrutar o ritmo de sua obra, encontrando seu ponto de apoio, em alguma parte da escultura ou de suas fendas cromáticas.

O Artista

Thiago Martins nasceu em São Paulo, em 1982. Estuda arquitetura e é filho do artista plástico Juvenal Irene. Aos 12 anos, já era o ajudante preferido de seu pai e 4 anos mais tarde passaria a assumir a responsabilidade de alguns trabalhos em cenografia para o teatro e comerciais de TV. Entre os anos de 2001 e 2002, participou dos projetos Ilha Ratimbum e Obra Aberta, da TV Cultura, como pintor, escultor e aderecista.

Cursou pinturas especiais e workshops no Espaço Cenográfico, do singular J. C. Serrone. O artista também credita parte de seu aprendizado as várias reproduções que fez à Fundação Ludovico, em Arujá (1999).

Realizou, em 2002, uma exposição em conjunto com o artista Marcos Irine intitulada "Urbana" " Amostra de Arte Contemporânea " Saguão do Teatro Gazeta, realizada em 2002.

alesp