Gerenciamento do projeto da linha 4 jamais deveria ter sido terceirizado, diz presidente do Sindicato dos Engenheiros


27/02/2007 20:14

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Murilo Celso Pinheiro, presidente do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo e da Federação Nacional dos Engenheiros<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Metro-Maur-Murilo Celso (2).jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O segundo depoente ouvido pela comissão de representação nesta terça-feira foi Murilo Celso Pinheiro, presidente do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo e da Federação Nacional dos Engenheiros. Sem entrar em detalhes sobre as causas do acidente antes de divulgado o laudo do IPT, o engenheiro descartou que as chuvas pudessem ter causado o desabamento. "Nessa época, chove, e o rio estava lá... Tudo isso tinha de estar previsto."

O modelo de contrato adotado, entretanto, foi duramente criticado por Pinheiro. Embora considere que o turn key pode trazer vantagens como rapidez, preço e eficiência, o engenheiro afirmou que o gerenciamento do projeto jamais deveria ter sido terceirizado: "É o Metrô quem detém a expertise", explicou, considerando que a equipe de engenheiros do Metrô está entre as melhores do mundo.

"O modelo turn key completo é uma novidade. Se for dada prioridade à economia e for deixada a segurança de lado, torna-se perigoso", afirmou Pinheiro, que destacou a lógica de que uma empresa deve ser fiscalizada por outra, independente.

O deputado Orlando Morando (PSDB) questionou a conclusão do engenheiro contra o modelo turn key, lembrando que raras são as obras civis concluídas pelo preço licitado, havendo como regra aditamentos de contrato. Pinheiro respondeu que a linha 4 é a única experiência com o modelo e "foi ruim por causa do acidente". Para ele, são imprescindíveis ajustes no contrato, para que o gerenciamento fique a cargo do Metrô, bem como para haver maior fiscalização.

Quanto ao esperado laudo do IPT para a conclusão das causas do desabamento, Edmir Chedid (PFL) lembrou que o instituto participou de todas as sondagens do terreno que serviram de base ao projeto. "Se for constatada falha do próprio IPT, será que essa informação será revelada?". Pinheiro disse acreditar irrestritamente na seriedade da instituição, cujo laudo servirá também para esclarecer a denúncia levantada por Nivaldo Santana (PCdoB) de que fora usada uma manta impermeabilizante abaixo das especificações: "A manta de impermeabilização é responsável por 15,8% do custo total da obra, e deveria ser utilizado um modelo de 3mm, não de 2mm. Essa era uma condição impositiva do contrato, bem como do método construtivo, que também foi alterado".

O presidente da comissão de representação, Valdomiro Lopes (PSB), chamou a atenção para a ausência de um plano de contingenciamento para casos de acidentes, que deveria abranger os moradores do entorno. "Quando se percebeu que haveria o desabamento, além da saída dos operários, a empreiteira deveria promover o isolamento de toda a região."

Pinheiro considerou ser um erro grave não ter sido adotado um plano de contingenciamento, medida que, em sua opinião, também deverá ser revista para a continuidade das obras.

alesp