Vergonha: o Brasil das piores escolas

Opinião
04/05/2006 17:15

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Afanasio Jazadji<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/afanasio.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Para quem tenta compreender por que a criminalidade tem sido tão alta no Brasil, aqui vai uma reflexão. Devemos levar em conta o fracasso das polícias, a tolerância da Justiça, a crise econômica do País e a derrota da ética. E a explicação só ficará completa se for acrescentada a essa lista um fator básico: no Brasil, educação é só da boca para fora. Isso mesmo: da boca para fora.

Uma recente pesquisa da Unesco, o braço da ONU voltado para a Educação, Ciência e Cultura, mostra o Brasil numa péssima classificação quanto aos alunos de escolas primárias, o ensino fundamental. O índice de repetência em escolas brasileiras da primeira à quarta série atinge 21%! Isto significa que, na lista de 142 países pesquisados, o Brasil está entre os de piores resultados.

Para se ter uma idéia da gravidade da situação, basta comparar: enquanto o Brasil apresenta esses 21% de alunos repetindo de ano, outro país sul-americano, o Chile, não passa de 2%. E a Argentina fica em apenas 6%.

O pior, porém, está na comparação com países pobres da África, da Ásia e da América Latina: nessa pesquisa divulgada em Nova York, o Brasil está ao lado de Moçambique e em condições piores que as de Ruanda, Senegal, Namíbia, Guiné, Uganda, Camboja, Guatemala e... até o Haiti!

Sim. No miserável e instável Haiti, os alunos repetem menos. Escolas más, alunos maus, criminalidade alta: essa equação, o Brasil não aprendeu. E, se não aprender, ainda enfrentará a onda de crimes por décadas e décadas. Como jornalista, radialista e deputado estadual, tenho alertado que a deficiência da segurança pública é o problema número 1 do Brasil. De fato: se não houver segurança para a simples sobrevivência dos trabalhadores e de suas famílias, de que adiantarão moradias, alimentação, saúde, transportes, emprego e escolas? No entanto, os governos e a sociedade do País deveriam estar mais preocupados com o rumo tomado nos últimos anos pela educação brasileira. Cada governante que assume o poder em Brasília ou no Estado ainda em cada prefeitura costuma apresentar planos. Mas, a cada troca de governo, o balanço é sempre negativo no que diz respeito às escolas. Mesmo havendo, hoje em dia, leis que determinam às prefeituras a aplicação de 25% de seus orçamentos para a área da educação, as escolas permanecem frágeis, com professores mal-pagos e até mesmo com um incompreensível vandalismo contra as salas de aulas.

Diante desse quadro e tendo um presidente se orgulhando de dizer que chegou ao cargo sem ter diploma universitário, o Brasil acaba explicando sua vergonhosa classificação na lista da Unesco. Infelizmente, o País faz companhia à Venezuela, do irresponsável Hugo Chávez, e à Bolívia, do inculto Evo Morales, onde nacionalismo é confundido com o vício de andar para trás.

Já que teremos eleições em outubro, cabe aos cidadãos levar em conta a importância de seu voto, pesando muito bem as qualidades de cada candidato no momento de ficar diante da urna. Votar é participar com patriotismo!

*Afanasio Jazadji é deputado estadual do PFL e presidente da Comissão de Segurança Pública

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