Mauá, o impulsionador da indústria brasileira


18/10/2002 20:24

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DA REDAÇÃO

No dia 21 de outubro de 1889 morria Irineu Evangelista de Sousa, o Visconde de Mauá. Empresário, banqueiro e político, Mauá foi um dos maiores impulsionadores da indústria brasileira, durante o período do Segundo Reinado.

Mauá começou a trabalhar aos 11 anos de idade, quando empregou-se como balconista de uma loja de tecidos. Aprendeu inglês na importadora Ricardo Carruthers, onde também exerceu atividades, e aos 23 anos já se tornara gerente.

Assumiu sozinho a responsabilidade de construir os estaleiros da Companhia Ponta da Areia, ponto de partida da indústria naval brasileira, com inúmeras seções como fundição de ferro, de bronze, mecânica, ferraria, serralheria, calderaria de ferro, construção naval, modeladores, aparelhos, velames e galvanismo.

Mauá havia observado que as mercadorias desembarcadas no Brasil não alcançavam o interior por falta de transporte. Em 1840, buscou na Inglaterra recursos para que o Brasil pudesse se industrializar e durante a viagem pode conhecer uma grande fundição de ferro e maquinismo, a Bristol. Ele trouxe a idéia ao Brasil, construir estradas de ferro para alavancar o comércio.

O Visconde fundou também uma companhia de curtumes, uma de rebocadores a vapor, uma de diques flutuantes e a Companhia de Bondes Jardim Botânico.

Nascido em 28/12/1813, em Arroio Grande (RS), Mauá foi deputado pelo seu Estado em diversas legislaturas, mas renunciou ao mandato em 1873.

Mauá e o Rio de Janeiro

A intervenção de Mauá foi altamente benéfica para o Estado do Rio de Janeiro, que alcançou grande desenvolvimento com suas inovações. São iniciativas do Visconde a iluminação a gás da cidade do Rio de Janeiro, a primeira companhia de navegação do Amazonas, a primeira estrada de ferro, da Raiz da Serra à cidade de Petrópolis, o assentamento dos primeiros cabos telegráficos submarinos (ligando Brasil à Europa) e a construção do trecho inicial da primeira rodovia pavimentada do país (entre Petrópolis e Juiz de Fora). No final da década de 1850, o Visconde fundou o Banco Mauá, MacGregor & Cia., com filiais em várias capitais brasileiras e no Exterior, em Londres, New York, Buenos Aires e Montevidéu.

Perseguição e falência

Abolicionista, se posicionou contrariamente à Guerra do Paraguai e passou a ser perseguido pelo Império. Suas indústrias viraram alvo de sabotagens e os negócios ficaram abalados pela sobretaxa às importações. Em 1875, Mauá pediu moratória de seus negócios e encerrou um longo caminho de empreendedor. Seus bancos foram à falência e o Visconde passou o final de seus dias tentando saldar as dívidas que levaram à pobreza aquele que mais lutou pela industrialização do país.

Segundo o historiador Heitor Ferreira, o Barão de Mauá teve muitos problemas porque era um adversário social do regime, o Império. "Mas, como homem de negócios, ele personificou a aspiração capitalista, na época um ideal mais avançado."

Ferreira comentou que Mauá realizou negócios com estrangeiros e obteve favores, tornando-se rico e poderoso. "Por isso levou avante vários empreendimentos que beneficiaram o povo e o país, aumentando a qualidade de vida."

Por sua causa, lembra Ferreira Lima, "o comércio foi renovado e ampliado, brotaram novas indústrias, novos meios de transportes e de comunicação".

alesp