Metalúrgicos americanos relatam impasse em negociações com a Gerdau nos EUA

Sindicalistas dizem que o grupo brasileiro não está respeitando acordos coletivos anteriores à compra das empresas americanas
09/08/2006 17:59

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Kenneth Parrick (ao centro) e Valter Sanches (à direita)<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/ComRelTrabalho jorge.kenneth.walter03 rob.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Reunião da Comissão de Relações do Trabalho da Alesp<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/ComRelTrabalho dep hamilton05 rob.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A Comissão de Relações do Trabalho ouviu nesta quarta-feira, 9/8, o representante do sindicato dos metalúrgicos dos Estados Unidos (EUA) e Canadá, o United Steelworkers of America (USW), Kenneth Parrick, que denunciou a intransigência das siderúrgicas americanas controladas pela empresa brasileira Gerdau, que atua na indústria do aço e em outras áreas. A empresa não enviou representante nem deu resposta ao convite da comissão.

Há alguns meses, sindicalistas americanos vêm mantendo contato com a Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM), vinculada à CUT. Segundo Valter Sanches, da CNM, a multinacional vem adotando nos Estados Unidos diversas ações contra os trabalhadores, além de se negar a abrir negociações com o sindicato. No Brasil, as relações com a Gerdau são normais, informou Sanches, assim como no Canadá, onde recentemente foi fechado um acordo coletivo de trabalho com o USW. O problema está nas empresas localizadas nos EUA, em especial a texana Sheffield Steel.

Representantes dos trabalhadores americanos já solicitaram a ajuda do ministro do Trabalho brasileiro, Luiz Marinho, e têm participado de mobilizações nas portas de fábricas em São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Maranhão. A central sindical americana também divulgou um relatório com previsões pessimistas para os resultados da empresa nos EUA, por causa das negociações trabalhistas complicadas.

Segundo Parrick, acordos coletivos estabelecidos anteriormente à compra das empresas não estão sendo respeitados. Entre as denúncias apresentadas contra a Gerdau estão a ampliação da carga horária de 8 para 16 horas sem pagamento de horas extras, o repasse total dos encargos com planos de saúde aos trabalhadores e o corte do seguro-saúde dos aposentados. A empresa também está criando um novo plano de remuneração com salários menores para os novos trabalhadores contratados. Não há reajustes de salários há três anos.

Parrick explica que as negociações emperraram porque a Gerdau americana questiona na Justiça os acordos anteriormente arbitrados. A crise chegou a tal ponto que ocorreu um locaute no Texas. Para Perrick, o maior problema está no grupo que administra as empresas nos EUA, que tem adotado uma atitude intransigente e não respeita o sindicato, o que o obriga a buscar a ajuda dos trabalhadores no Brasil: "Estamos aqui porque queremos ser tratados com dignidade (...) porque precisamos (...) e porque os que são eleitos para posições de liderança devem falar pelos que não têm voz nem poder econômico", disse Parrick.

A notícia de que no Brasil não há crise entre os trabalhadores e a empresa deixou os deputados da Comissão de Relações do Trabalho satisfeitos. O presidente da comissão propôs a elaboração de documento relatando a audiência e instando a Gerdau do Brasil a interceder pela abertura de negociações das empresas americanas com o USW, o que foi aprovado.

alesp