A visão do real e do onírico na obra de Ivandt Muniz Dutra

EMANUEL VON LAUENSTEIN MASSARANI
30/09/2002 19:38

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Acervo Artístico

Ivandt Muniz Dutra situa-se entre os pintores intérpretes da paisagem e da vida do campo que bem sabe articular a visão seja do regional ou do universal, digno descendente que é de uma família de consagrados pintores paulistas, entre os quais se destacam Miguel Arcanjo Benício de Assunção Dutra, mais conhecido como "Miguelzinho de Itu" e os pintores Joaquim Miguel Dutra, Alípio Dutra, João Dutra, Antônio de Pádua Dutra e Arquimedes Dutra.

O naturalismo pictórico, intensamente explorado com maestria pelos seus antepassados, encontra em Ivandt Dutra um excelente defensor através de um princípio de generalização dos detalhes que constituem forte motivação visual.

A partir da paisagem exterior que usa como primeira referência, o artista recria ou elabora a paisagem interior que é o ponto final de sua expressão poética.

Como ele próprio se define, é, antes de tudo, um rebelde radicado em Santos, onde mantém a paleta voltada para as matas naturais, que formam a paisagem atlântica, onde, na calada da noite, o machado clandestino tomba, impunemente, árvores centenárias e majestosas abrindo espaços para a desertificação e degradação do meio ambiente.

O quadro Portal do Convento, em óleo sobre tela, oferecido pelo autor ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, reflete a visão do real e do onírico, o caráter contemplativo e o sentimento cósmico que marcam a personalidade singular desse artista paulista.

O artista

Ivandt Muniz Dutra nasceu em São Paulo e dedicou-se à pintura desde a infância. Filho do desembargador Mário Hoeppner Dutra, também poeta e pintor, integrou, juntamente com Gilberto Dutra, mais uma geração de artistas plásticos que teve início há dois séculos em Itu com Miguel Dutra.

Cursou o Colégio Rubião Júnior, de Casa Branca, transferindo-se para o tradicional Colégio Paes Leme, em São Paulo. Recebeu dos professores Mecozzi e Edna Rossi o ensino do desenho artístico. Formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, exerceu a advocacia. Autodidata, foi incluído no Dicionário dos Artistas Plásticos Brasileiros, obra de Júlio Lousada, e no livro "Os Artistas Plásticos Dutra, oito gerações", de Augusto Carlos Ferreira Velloso, edição da Imprensa Oficial do Estado.

Desde 1957 participou de exposições individuais e coletivas e de numerosos salões de arte. Suas obras constam de várias coleções particulares e individuais.

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