A fotografia solicita uma leitura "aberta", endereçada pela clareza fisionômica dos objetos e das paisagens, de seu singular reconhecimento e das inter-relações propostas pelo fotógrafo como estímulo a uma ulterior análise do real, do significado que as partes podem assumir no caso de se extraírem do contexto, assinalando a existência, evidenciando os conteúdos. Por intermédio de suas propostas visuais, Isabella Blanco, artista-fotógrafa, exprime com lucidez essa confiança no poder expressivo e comunicativo da fotografia, na qual se envolve em toda sua fase produtiva " projeto, "assemblagem", impressão ", sublinhando as suas escolhas, sem deixá-las ao acaso ou à manipulação de outros.Essa artista manifesta em suas fotos que a fotografia não pode ser usada como simples instrumento de documentação, mas sim como meio de conhecimento e construção das relações entre tempo e espaço real, entre memória da história passada e da presente, através de formas e os significados do seu hábitat. Espontaneamente ela repropõe em suas "foto-grafias", ou velhas imagens organizadas segundo esquemas racionais de relevo e de transfert visual, por intermédio de um uso científico da linguagem fotográfica, da qual experimenta as várias potencialidades expressivas, que a própria técnica amplamente propõe e consente. Isabella Blanco consegue assinalar ainda como esta arte tem a capacidade autônoma da linguagem e da comunicação eficaz que deve ser procurada sobretudo na sua capacidade de reproduzir e de miniaturizar a realidade. Na série de fotografias dedicadas à Granja Viana e à Aldeia de Carapicuíba, seis das quais doadas ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, a jovem fotógrafa prova que a imagem é um meio de expressão congenial a suas aptidões artísticas. A artistaIsabella Blanco, nome artístico de Isabella Blanco Casali, nasceu em Piraju (SP), em 1963. Formou-se pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Libero e começou sua carreira na revista Interview, tendo realizado trabalhos também para a revista Vogue e para o jornal Shopping News, sempre nas editorias de modas, artes e variedades. De sua experiência como jornalista social e de variedades, nasceu a vontade de se aprofundar na arte da fotografia. Depois de fazer cursos técnicos na Escola Superior de Propaganda e Marketing e com o fotógrafo Marcos Andreoni, começou a trabalhar com imagens em preto-e-branco. Em 2002, foi convidada a iniciar um projeto que se transformou em sua primeira exposição individual, em 2003, intitulada Vendo a Granja, na Milu Galeria de Artes e no São Fernando Golfe Club, ambos na Granja Viana. Muito da evolução de seu estilo vem da experiência de lidar com a imagem em seus vinte anos de jornalismo e cinco anos de fotografia, além dos estudos de história da arte no Museu de Arte de São Paulo e no Museu do Louvre em Paris. É autora de dois álbuns de fotografias e possui obras em diversas coleções particulares e no acervo do Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.