DA REDAÇÃO A saúde do trabalhador foi o assunto da reunião conjunta desta quinta-feira, 16/10, das Comissões de Direitos Humanos, presidida pelo deputado Renato Simões (PT), e das Relações do Trabalho, presidida pelo deputado Hamilton Pereira (PT). Entre os problemas levantados, o novo critério das perícias médicas do INSS, que gerou uma revisão de licenças por incapacidade para o trabalho de pessoas que não têm condições de desempenhar as mesmas funções que exerciam antes do afastamento e que, com o retorno, não só não têm produtividade como, também, têm seu quadro de doença ocupacional agravado.O problema da reinserção foi trazido pela representante do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), Maria Maino. Segundo ela, a doença ocupacional é um fator de exclusão. As lesões por esforço repetitivo, mais conhecida por LER, é objeto de diversos estudos e planos do Centro, que deve ser formalizado por decreto do Poder Executivo e incorporado à Secretaria da Saúde.Maria informou, ainda, que o superintendente do INSS em São Paulo tem se mostrado aberto às questões levantadas pelo Cerest e criou comissão conjunta com a organização para revisão da Norma Técnica sobre a LER.O papel da AssembléiaO deputado Geraldo Lopes, do PMDB, sugeriu que o superintendente do INSS seja convidado pela Comissão de Relações do Trabalho para audiência pública. O deputado petista Italo Cardoso lembrou que foi aprovado projeto de sua autoria unificando as CIPATS, semana de prevenção de acidentes do trabalho), que é um espaço de discussão das ações preventivas e das soluções ligadas à saúde dos trabalhadores.A propósito, Maria Maino pediu a colaboração da Assembléia Legislativa para a formação de um grupo interdisciplinar, composto por representantes das comissões temáticas ligadas ao assunto e do Cerest, com o objetivo de ajudar na busca de soluções para a reinserção dos trabalhadores acometidos pela LER.O centro de referência ainda não tem dotação de verbas estaduais, e depende também de esforços parlamentares para propor recursos durante a apreciação da peça orçamentária do Estado. Os recursos que recebe atualmente são oriundos do Ministério da Saúde. Passar a fazer parte da Secretaria Estadual de Saúde, segundo Simões, é também um estímulo para que outros centros de referência independentes, que realizam trabalhos importantes, passem a se interessar em buscar sua formalização e sua incorporação a órgãos estaduais.LER no SantanderRepresentante da Associação dos Funcionários do Banespa (Afubesp), Rogério D'Ávila, apresentou denúncia contra o banco Santander. Segundo ele, os acordos coletivos assinados com a instituição continham diversos dispositivos relativos à prevenção da Lesão por Esforço Repetitivo, inclusive com o funcionamento de uma comissão incumbida de avaliar novas tecnologias do ponto de vista da saúde do trabalhador.Rogério apontou que, após a privatização, o Santander - atual controlador do banco - rompeu todas essas cláusulas dos acordos anteriores e dissolveu a comissão. Para ele, os funcionários trabalham sob forte pressão psicológica pois são forçados a atingir metas inatingíveis, o que ele classifica de assédio moral.O deputado Renato Simões colocou em votação as propostas surgidas no decorrer da reunião, todas aprovadas, a saber: apresentação de indicação ao governador solicitando que o Cerest seja incorporado à Secretaria da Saúde e tenha dotação orçamentária própria para suas atividades, voltadas para a saúde do trabalhador; apresentação de emendas ao Orçamento para garantir verbas ao Cerest; inclusão do Plano de Saúde do Trabalhador no Plano Nacional de Saúde; convite ao superintendente do INSS em São Paulo para discutir questões relacionadas à saúde do trabalhador, direito ao atendimento e à previdência; e, por fim, convite à Comissão de Saúde para encampar as ações votadas pelas Comissões de Direitos Humanos e de Relações do Trabalho.