A pintura de J. C. Canato: um ato de fé no porvir

Emanuel Von Lauenstein Massarani
12/09/2002 16:43

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A pintura de J.C. Canato se encaixa no quadro geral da arte contemporânea pela força de sua linguagem, pela esperança que emana de seus personagens. O homem encontra-se no centro de seu universo, um homem que revive os próprios anseios e angústias e que se afirma através de um sentido de lirismo, quase a definir um gesto, uma palavra.

Duas obras da primeira fase de J.C. Canato, uma serigrafia intitulada "Monumento à Saúde" (1985) e outra, uma pintura em acrílico sobre tela, "Sagrada Família" (1989), fazem parte do Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho.

Deixando de lado as reminiscências históricas e iniciais sua obra encontra uma área de intervenção, um modo de pintar que depassa cada imagem para transformar-se em sentimento vivo e profundo, participação intensa da existência humana. De suas composições emana um clima de religiosidade, de amor, de fraterna compreensão da vida e até mesmo do nosso quotidiano.

A evolução do pintor, nestes últimos anos, é patente e significativa. Seus seres, anteriormente demarcados por um traço tenso circunscrevendo os volumes anatômicos, hoje se afiguram sublimes, delicadamente envolvidos por um jogo de luzes eqüitativamente distribuído.

Sustentado por uma técnica refinada que lhe permite alcançar avançadas soluções, tanto a pintura monocromática quanto a policromática de J.C. Canato faz com que suas imagens sejam reabsorvidas pelo fundo.

Contrariamente a certos pintores "preocupados pelo social", J.C. Canato não busca transmitir tão somente a angústia e a dor da atual sociedade, na qual o grito desesperado de seus personagens não é outro que o último ato liberatório do homem sufocado pela tecnologia avançada. Sua pintura é muito mais. Trata-se de um ato de fé no porvir e de uma incessante e eterna procura do Ser Divino.

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