Assembléia sedia fórum sobre ética, responsabilidade social e cidadania


29/08/2006 18:21

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Fórum sobre ética, responsabilidade social e cidadania<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Forumeticacidadania 0026-mauri.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Cláudio Vaz, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp)<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Forumeticacidadania Claudio Vaz-mauri.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Forumeticacidadania 0133-mauri.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Yvonne Capuano, presidente do Conselho Estratégico do Mulheres da Verdade<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Forumeticacidadania Yvonne Capuano-mauri.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

"Eu digo não à mentira, à falta de ética, à corrupção, à imoralidade e ao desrespeito. Na luta pela verdade, onde ela estiver. Uma luta por um Brasil mais justo e digno. Sim à ética e à moralidade no Brasil." Essas foram as palavras de ordem da abertura do "I Fórum de Ética, Responsabilidade Social e Cidadania", evento promovido pelo movimento Mulheres da Verdade na manhã desta terça-feira, 29/8, na Assembléia Legislativa.

Ética

No primeiro painel, mediado pela presidente do Conselho Estratégico do Mulheres da Verdade, Yvonne Capuano, a ética esteve em debate. A presidente reforçou a tese de que, somente com coragem, liberalidade, força, franqueza e justiça, a ética pode ser elaborada em nossa sociedade.

Para Antônio Jacinto Caleiro Palma, vice-presidente do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee), contrariamente ao que vem sendo veiculado ultimamente na imprensa, "é possível fazer política sem sujar as mãos". Nesse sentido, ele chamou a atenção para o trabalho desenvolvido por algumas entidades sem fins lucrativos, "muito importantes quando funcionam como formadoras de cidadania". E acrescentou: "É possível viver com ética em qualquer profissão; é uma questão de dedicação e responsabilidade".

Também o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Cláudio Vaz, chamou a atenção para a vivência da ética na política. "A Assembléia Legislativa paulista é um exemplo disso. Aqui não vemos nenhum deputado relacionado a escândalos, apesar de os 94 parlamentares estarem envolvidos em uma grande luta política", refletiu. Ao lembrar de pesquisa recentemente publicada na mídia, segundo a qual 20% dos eleitores declararam que votarão nulo, Vaz chamou a atenção para a perda de esperança dos brasileiros frente à corrupção que consome o Congresso Nacional. "Se nos afastarmos da política, abrimos espaço para quem não tem ética nem moral nos governar. Se nos desesperançarmos da política, abrimos espaço para os bandidos", asseverou.

Responsabilidade social

"Precisamos resgatar a memória do bem comunitário como algo comum e não incomum. O mundo precisa de mais valores morais e afetivos na busca pelo aprimoramento das pessoas", falou Nise Yamaguchi, presidente do Núcleo de Apoio ao Paciente com Câncer (Napacan), que atuou como mediadora do segundo painel, no qual se discutiu a responsabilidade social.

O secretário de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social, Rogério Pinto Coelho Amato, mostrou que a cultura de levantar muros, empreendida pela sociedade atual, não tem dado certo. Segundo Amato, é preciso ouvir o cidadão, o que implica pensar, sentir e agir, para dar uma resposta efetiva (responsabilidade) ao cliente (aquele que quer ser ouvido).

"A missão das entidades é melhorar a vida das pessoas e ocupar os espaços sociais. Se isso não acontece, estão tomando o dinheiro público indevidamente", disse.

José Pólice Neto, secretário de Participação e Parceria da Prefeitura de São Paulo, mostrou a necessidade de desvincular responsabilidade social de caridade. "O modelo de caridade está superado. É preciso construir a justiça social", refletiu, mostrando as ações do Fundo Municipal de Defesa da Criança e do Adolescente, que, segundo ele, é um instrumento para testar políticas públicas gerenciadas pela sociedade civil organizada. "É uma maneira de devolver à sociedade o poder de elaborar políticas públicas, uma ferramenta para que os setores da sociedade civil possam influir nas prioridades das políticas voltadas para a infância e adolescência no município de São Paulo", refletiu.

Cidadania

O último painel promoveu a discussão sobre a cidadania, que, segundo Amélia Luísa Damiani, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), não é estritamente uma questão moral e individual, mas se situa no tempo e no espaço, com bases reais, práticas e históricas. "A cidadania não pode ser abstratamente uma questão de vontade, pois contém toda uma ordem de representação ideológica, constituindo-se, inclusive, como a negação de todas as alienações, inclusive as femininas", refletiu, acrescentando que "o plano da cidadania é também o plano da recuperação dos sentidos humanos, como a recomposição da totalidade dos sentidos, de modo geral, e a negação do sentido estritamente visual."

"Cidadania não pode ser confundida com dignidade humana, já que a cidadania está para a coisa pública como a dignidade humana está para a vida privada", ponderou a professora Maria de Lurdes Mônaco Janotti, também da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Segundo ela, é preciso deixar de considerar a cidadania como algo "presenteísta", que nos leva a adotar conceitos, julgamentos e posições políticas baseadas estritamente no presente. "Isso é bastante perigoso, porque não considera o passado para o entendimento do que está acontecendo no presente", falou, tomando como exemplo o chamado voto de cabresto, que já acontecia no Brasil Império e que, de algum modo, está presente ainda nos nossos dias.

alesp