Da abstração geométrica ao lirismo poético: a trajetória de Massuo Nakakubo

Museu de Arte do Parlamento de São Paulo
19/01/2007 17:50

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Massuo Nakakubo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/M-Massuo Nakakubo.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Sem título<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/M-Massuo Nakakubo1.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Sem título<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/M-Massuo Nakakubo 2.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Massuo Nakakubo é um lírico, e sua pintura pode ser definida por um lirismo abstrato. Suas paisagens são de fácil leitura, embora sem céu, sem casas, onde tudo se conclui com um leve movimento de vegetação dominada por certo monocromatismo.

Seu canto é puro, uma descrição da natureza, e esse canto pode ser lido também como elegia. Pois, para nós, é difícil crer que possa existir uma nota musical tão límpida que ofereça um canto primitivo e alegre, desprovido do peso existencial.

Num mundo supertecnológico, onde o homem está reduzido a instrumento de persuasões mais ou menos oculto, Massuo Nakakubo tem coragem de olhar a natureza, reconhecendo-a como um lugar de redenção. A sua não é, pois, uma atitude "antiga", mas sim humana, que se refere ao homem de ontem, de hoje e àquele de amanhã. O homem consegue preservar incólumes suas próprias qualidades, se a marca de suas emoções é naturalista e se revela eminentemente lírica e visionária. Esse é o caso desse pintor.

Por outro lado, suas gravuras, pertencentes a uma fase anterior, são obras que possuem características inconfundíveis, inseridas que estão no vasto e diversificado panorama da arte abstrato-concreta, onde o artista lhe dá, todavia, uma sigla autônoma. Nessa técnica, o pintor foi atraído por uma forma ideal de geometria " o quadrado mágico, o círculo e o losango ", que aparece dotada da ressonância de um objeto concreto envolto por uma auréola sugestiva.

O artista tende a gravar a imagem no traço de uma suspensão metafísica, mediante um processo de decantação dos dados da composição que definem um sistema formal levado aos limites de um extremo equilíbrio.

O trabalho gráfico de Massuo Nakakubo é resultado de uma meditada pesquisa, que se inicia considerando as experiências abstratas e óticas como dados instrumentais, a fim de obter outros significados. Todo tipo de gramática abstrato-concreta, ou até mesmo aquelas propagadas pela arte optical, pode intervir nas composições do artista com a finalidade de projetar a mais ampla e móvel coexistência com fenômeno e variedade "reais".

As obras Sem Título, doadas ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, uma serigrafia e um quadro pintado em acrílico sobre tela, refletem dois momentos da vida de Massuo Nakakubo. A primeira desenvolvida seguindo um ritmo e uma atmosfera que se aproximam da metafísica, e a segunda, repleta de lirismo poético.

O artista

Pintor, gravador e desenhista autodidata, Massuo Nakakubo nasceu em São Paulo, em 1938. Dedicando-se inicialmente ao desenho, participou, entre 1966 e 1969, de diversas mostras coletivas e salões oficiais. Em 1969, realizou suas primeiras serigrafias e, no ano seguinte, a Galeria Astreia organizou sua primeira mostra individual.

De 1970 a 1984 participou de um total de 17 mostras individuais em várias cidades brasileiras. No mesmo período expôs também em diversas capitais no exterior. Em 1980, criou no ateliê de Romildo Paiva suas primeiras gravuras em metal e, em 1985, lançou litografias executadas no Ateliê Almavera, em São Paulo.

A partir de 1984, desenvolveu com apoio técnico e material da Eternit processo de serigrafia sobre chapa lisa prensada de fibrocimento para composição de painéis internos e externos. Executou painéis para o prédio da Eternit em Osasco, para o Banco Safra e em diversas residências.

Em 1986, realizou suas primeiras experiências com escultura com material da Eternit e, paralelamente, lançou suas primeiras pinturas em acrílico, tanto sobre papel artesanal quanto sobre tela.

Ministrou aulas de serigrafia como convidado especial na Faculdade de Desenho Industrial e na Faculdade de Comunicação e Artes Plásticas da Universidade Mackenzie, bem como na Fundação Cultural de Curitiba, no Paraná.

No decorrer de sua carreira artística, recebeu inúmeros prêmios, destacando-se: os do 15º e 16º Salão Paulista de Arte Moderna; 1ª Bienal de Artes Plásticas de Santos; 2º, 4º e 9º Salão Paulista de Arte Contemporânea; Prêmio Aquisição do Itamaraty na 13ª Bienal de São Paulo; e Prêmio de Aquisição da 3ª Bienal Internacional de Arte Gráfica, entre outros.

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