Plano Nacional de Políticas para a Juventude é debatido na Assembléia


23/10/2003 22:23

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Debate sobre Plano Nacional de Políticas para a Juventude<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/EduCult1.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

DA REDAÇÃO

A partir do requerimento do deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), a Câmara dos Deputados criou a Comissão Especial de Políticas Públicas para a Juventude com o objetivo de criar um Plano Nacional voltado para o desenvolvimento sociocultural dos jovens.

Desde a sua implementação, em 7/4/2003, a Comissão Especial realizou oito audiências com a presença de pesquisadores, ministros, secretários de Estado, de Municípios, representantes de entidades nacionais e internacionais -- como Unesco, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Confederação Nacional dos Bispos no Brasil (CNBB), União Nacional dos Estudantes (UNE) - e representantes do ministérios públicos e universidades.

A Assembléia no centro dos debates

Sob a coordenação do deputado federal Lobbe Neto (PSDB-SP), vice-presidente da Comissão Especial, as Comissões de Cultura, Ciência e Tecnologia e de Educação, presididas pelos deputados Célia Leão (PSDB) e Carlinhos Almeida (PT), respectivamente, organizaram nesta quinta-feira, 23/10, reunião extraordinária para ouvir a opinião de jovens, de secretários de Estado, de parlamentares e de professores sobre a importância da cultura e da educação para o desenvolvimento pessoal e profissional do jovem brasileiro e debater a implementação do Estatuto do Jovem, a exemplo do Estatuto da Criança e do Idoso, lançado recentemente.

"As reuniões realizadas em vários Estados propiciaram construir um mapa real da atual situação dos jovens no país para, daqui a uma década, verificar os resultados do nosso trabalho", disse o idealizador da comissão especial, Reginaldo Lopes.

Para o relator da Comissão Federal, deputado Benjamin Maranhão (PMDB-PB), o jovem deve ter maior participação nas discussões de âmbito nacional mas, para isso, é preciso que ele tenha acesso à educação e à cultura. Na opinião de Maranhão, o ideal é que o jovem seja o "autor e ator" do Plano Nacional de Políticas para a Juventude. "Na Europa, os jovens são os agentes fiscalizadores da política criada para eles", citou.

A repercussão no Estado

Para os secretários da Cultura, Cláudia Costim, da Juventude, Esporte e Lazer, Lars Grael, para os deputados Alberto Turco Loco Hiar (PSDB), Célia Leão (PSDB) e Carlinhos Almeida (PT) é um desafio dos governos resgatar o compromisso com a juventude que, perdida, acaba se voltando para as drogas e o crime. Isso ocorre porque educação é sinônimo de investimento, de gastos, e os governos, sem dinheiro, necessitam de parcerias para afastar o jovem do fácil caminho da marginalidade. Mas, de acordo com a secretária Cláudia Costin, o Governo do Estado de São Paulo tem investido muito em atividades culturais voltadas aos jovens de todas as camadas sociais, na Capital e no Interior.

As autoridades estaduais concordam que o acesso à cultura e à educação somado ao ambiente familiar estruturado pode mudar o destino de um adolescente que poderia achar mais fácill conquistar o respeito das pessoas portando uma arma. O jovem poderá encontrar seu caminho ao fazer parte de um grupo de teatro, de uma equipe esportiva ou de um ciclo de debates.

Professores e jovens

Embora o jovem de hoje tenha acesso mais fácil à informação, ele não tem condições de manter o mesmo padrão de vida de seus pais. Isso acontece, conforme afirmou Tiago Alves Ferreira, da UNE, em decorrência das perdas ocasionadas pela política neoliberal do governo passado: "No governo de Fernando Henrique, existiam 36 programas de políticas públicas para a juventude que não eram articulados". Ferreira acredita que a presença de um ex-operário na presidência da República pode facilitar a comunicação entre o jovem e os poderes, possibilitando a criação de um Estatuto para a Juventude justo, que garanta os direitos dos jovens, como o de acesso à educação de qualidade.

Para o professor da Escola de Comunicações e Artes José Teixeira, a cultura é o grande instrumento de governo e socialibilidade do século XXI: "Embora o Brasil não leve a indústria da cultura a sério, economia é questão de cultura". Segundo Teixeira, a indústria cultural emprega mais pessoas que a automobilística, mas é esta que recebe mais vantagens do governo. "A cultura deve ser tratada como um sistema que, se não estiver associado à educação, não tem valor."

O professor enfatizou a necessidade que o homem de hoje tem de tomar decisões rápidas, instantâneas: "Para isso, é preciso ter experiência, conhecimento. Isso só será possível quando o Estado fizer uma reforma administrativa e burocrática. Do contrário, teremos letras frias".

No final, os estudantes presentes nas galerias, insatisfeitos, reclamaram que estavam cansados de ouvir. Eles queriam expor suas idéias e questionar, porque, "ao contrário do que se diz, a atual juventude tem voz, idéias e quer participar", escreveu um jovem ao deputado Carlinhos Almeida, que naquele momento presidia os trabalhos.

alesp