Realismo e abstracionismo na obra de Bárbara Altstadt

Emanuel von Lauenstein Massarani
17/10/2003 14:00

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Bárbara Altstadt<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/barbaratempestade171003.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Obra Tempestade na Floresta<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/tempestadebarbara.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Obra Sobrevivência<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/sobrevivenciabarbara171003.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Por realismo devemos entender o retorno a uma arte de representação em virtude de uma reflexão, de um sentimento e de um juízo negativo contra movimentos, correntes ou escolas em vigor. Por um retorno, se não a esta ou àquela tradição, entendemos a necessidade de reordenação.

No realismo, especialmente o germânico, é inegável uma certa ambigüidade que pode induzir a direções opostas, introduzindo o objeto real enfocado dentro de uma abstração.

"Nascida" na atmosfera do abstracionismo, Bárbara Altstadt desenvolveu com coerência, plena e clara, sua visão de mundo. As suas abstrações deixavam entrever, numa certa fase, o "ser" envolvido em névoas, mas presente.

A artista consegue criar em sua obra um equilíbrio de valores estéticos. Ao abolir a representação do real puro, acrescenta um conjunto de formas imateriais ao olhar, revelando-nos uma realidade abstrata não menos real, nem menos poética, nem menos eficaz daquela do objeto. E no seu caso o objeto central é o ser humano. O seu relacionamento com diversas correntes artísticas deu a Bárbara Altstadt o tom e a vibração sensível de uma atmosfera, mais do que uma influência. Trata a realidade com amor, mas envolve-a com um véu de mistério interior.

Bárbara cultivou seu estilo com extremo cuidado, sob uma luz tipicamente germânica. Esse estilo cresceu na contemplação sempre consciente de uma transformação da forma, porquanto quotidiana que seja. A artista se insere, portanto, com voz própria, no contexto da pintura atual, exatamente impregnada de um individualismo artístico subjetivo. O mais simples traço, o mais comum objeto ou figura tornam-se o traço, o objeto ou a figura mais significativos da generalidade, em direção ao absoluto.

Trata-se de uma voz rica, jovem, fácil de ser constatada na luz difundida, no corte sempre mais amplo, na imensidão que envolve sempre cada obra. Seu diálogo com a natureza, em fase mais recente, é pois um tempo lírico e rigoroso, mas ao mesmo tempo legível e estilizado.

As obras "Sobrevivência" (primeira fase) e "Tempestade na Floresta" (fase recente), doadas ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, uma pelo Centro Turístico Quatinga de Iguape e outra pela própria artista, representam pois essas duas fases opostas da criatividade de Bárbara Altstadt, em que realismo e abstracionismo se completam numa síntese autêntica e genuína.

A Artista

Bárbara Altstadt, nome artístico de Bárbara Amanda Altstadt, nasceu em 1959, na Espanha. Filha de pai alemão e mãe espanhola, transferiu-se muito jovem para o Brasil.

Formou-se em Artes Plásticas pela Faculdade Santa Marcelina de São Paulo, pertence à Academia Brasileira de Arte, ao Núcleo Brasileiro de Esmaltadores e à Associação de Arte - Educadores do Estado de São Paulo. Utiliza diversas técnicas em suas obras: pintura acrílica, óleo sobre tela e texturas com materiais diversos. Trabalha ainda na manufatura de papel com fibras naturais.

Participou de diversas exposições, no Brasil e no exterior, destacando-se: Espaço Cultural Eugenie Villen; "Arte e Cultura em Alto Mar", Montevidéu, Buenos Aires, Mar Del Plata, Rio de Janeiro e Santos; Sede Abach - Academia de Arte, Cultura e Historia, SP; "Dia Internacional da Mulher", Casa da Fazenda do Morumbi (Antiquário), SP; "Arte do Esmalte e suas Multiplicidades", Espaço Cultural Júlio Prestes, SP; "Festival de Arte em Itu", Casa do Barão, SP; 32º "Festival de Inverno", Comendo Arte e Hotel Suíço, Campos do Jordão; "Arte do Esmalte sobre Metais", Casa da Cultura de Santo Amaro. Suas obras fazem parte de diversos acervos oficiais e particulares, entre eles o da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

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