Funcionários do Santander exigem retirada de lixo radioativo de terreno na capital


22/08/2005 20:22

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Ana Maria Xavier, deputados Ítalo Cardoso e Sebastião Almeida<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/deblixomesa07mau.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Fernanda Giannasi, auditora fiscal do Ministério do Trabalho<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/debatelixo49MAU.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Apesar das explicações tranqüilizadoras de técnicos ligados à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e às Indústrias Nucleares do Brasil (INB), os representantes dos funcionários do Banco Santander, que trabalham na unidade administrativa localizada ao lado da Usina Interlagos (Usin), que acondiciona lixo radioativo, não se sentem seguros e prometeram buscar uma saída judicial para obrigar as autoridades responsáveis a removeram o lixo do local. "Vamos entrar com uma ação civil na justiça", declarou um dos representantes dos servidores.

Cerca de 3000 funcionários trabalham na unidade e, segundo relatos, deixaram até de beber a água servida no local, por temor de contaminação radioativa. Mesmo uma palestra ministrada no próprio Santander não foi capaz de tranqüilizar os funcionários. O galpão com o lixo radioativo está localizado num terreno de aproximadamente 150 mil m2, tendo por vizinhos, de um lado, a unidade do Santander, e de outro, as futuras instalações da Igreja do Terço Bizantino, na avenida Interlagos com a rua Miguel Yunes, na zona sul da capital paulista.

Ovo da Serpente

O problema, segundo explanação de Fernanda Giannasi, auditora fiscal do Ministério do Trabalho, tem longa história. Desde a instalação de uma indústria nuclear no bairro do Brooklin, a Nuclemom, na década de 40, os dejetos e resíduos produzidos, compostos por tório, urânio, areia monazítica e outros eram acondicionadas no próprio local, até que o crescimento da zona urbana da cidade obrigou a remoção, por volta da década de 60.

Assim, o solo foi raspado para a descontaminação e o material era enviado, até a década de 90, para Poços de Caldas, em Minas Gerais, e para a própria Usin, até que um decreto do então governador Itamar Franco proibiu a remoção para Minas.

Foi então que o lixo radioativo passou a ser colocado, em sua totalidade, em galpões no terreno da Usin. Ele soma atualmente mais de mil toneladas, acondicionadas em contéiners marítimos e bombonas. O principal temor são as condições aparentemente precárias do acondicionamento, a facilidade de acesso ao galpão, protegido apenas por uma cerca, e a falta de sinalização adequada que alerte a população do entorno sobre o risco que pode representar para a área, além do problema principal, que é o caráter provisório do acondicionamento do lixo, sem que esteja à vista um destino definitivo para o material.

Aqui, não

Ana Maria Xavier, da CNEN, e Robson Spinelli, da INB, ressaltaram que o problema do acondicionamento desse tipo de material esbarra em óbices de natureza política, já que nenhum estado ou município aceita facilmente servir de depósito definitivo para o lixo radioativo, como foi o caso da unidade de Poços de Caldas, inviabilizada politicamente.

"A dificuldade de definir local para o armazenamento do material constituiu o principal entrave nesses anos todos para a solução da questão", declarou Spinelli. Entretanto, a técnica manifestou confiança de contar com a colaboração do governo do estado para a definição do local de um depósito.

Spenelli, durante explanação feita ao público, garantiu que o atual local não oferece riscos à população vizinha e que análises criteriosas vêm sendo realizadas periodicamente garantindo o monitoramento. Ela avaliou que a solução final já se encontra em andamento e que, por volta de um ano, se houver vontade política, o lixo poderá ser retirado da Usin e armazenado num local definitivo e seguro.

Encontro

A audiência pública foi organizada por iniciativa dos deputados Ítalo Cardoso (PT), presidente da Comissão de Direito Humanos, e Sebastião Almeida (PT), presidente da Comissão de Defesa do Meio Ambiente. A discussão chegou a envolver questões de princípios acerca da conveniência de o Brasil adotar ou não a matriz energética nuclear.

alesp