O papel da educação na desigualdade social


30/07/2007 11:58

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Diversos fatores contribuíram para o aparecimento de índices de desigualdade e exclusão no Brasil. Entre as principais estão a falta de planejamento, que inviabilizou recursos e infra-estrutura insuficientes para garantir a qualidade de vida da população; o pagamento de juros da dívida externa e a incapacidade de implantar um processo de crescimento econômico para elevar os índices de distribuição de rendas e das riquezas nacionais.

Na década de 90, o crescimento econômico foi lento e aumentou o desemprego, agravando o quadro social do Brasil. Além disso, tivemos a globalização da economia, que gerou a precarização das relações de trabalho e viabilizou a informatização mundial que, apesar dos benefícios, no campo profissional mais excluiu do que democratizou, o que colaborou para o atual quadro de desemprego e aumento da violência.

A solução encontrada, na época, foi a reforma do Estado por intermédio de cortes nas despesas da área social, o que, infelizmente, contribuiu para o aumento da desigualdade e exclusão, que se apresentaram de forma bastante diversificada em cada região do País. Com o distanciamento do indivíduo da instituição escolar, o desemprego estrutural, torna o trabalhador pouco qualificado um ser marginalizado, alienado e excluído da participação sócio-econômica e política.

Assim, qualquer iniciativa para combater o desemprego passa pela requalificação profissional e, na maioria das vezes, pede também o acesso à educação gratuita e de qualidade para jovens e adultos que não puderam concluir o ensino fundamental ou o médio na idade correta por motivos diversos.

Assim, temos que avaliar o papel da educação no cenário da exclusão e da desigualdade social, não basta garantir uma renda mínima ou aumentar a renda, uma vez que, como afirma Paulo Freire, a educação deveria ser exercida como prática da liberdade. O analfabeto pode ser "educado" ou alfabetizado, no sentido amplo da palavra, aprendendo a refletir sobre sua própria realidade, o que iria contribuir para a libertação em detrimento da opressão social. É tendo acesso à informação que o cidadão saberá reivindicar os seus direitos.

A educação é expressão do processo da democracia, por isso devemos indagar por qual motivo, em um país que se diz democrático, a grande parte da população nem sequer conclui o ensino fundamental? Infelizmente, sabemos que muitos políticos não têm esse interesse porque um cidadão alfabetizado incomoda seus governantes, pois pensa, reflete acerca do que acontece consigo e com sua comunidade, porque não temem o novo, nem a dizer não à opressão.

Tenho certeza que somente conhecendo o espaço onde produzimos, moramos, consumimos e vivemos é que podemos alterar a nossa realidade social. Onde encontramos pobreza, pessoas analfabetas, sem moradia, desempregadas, passando fome e sem acesso ao atendimento médico não há cidadania. Assim, a única certeza que podemos ter é que a política não está funcionando. E para corrigirmos essa situação, são necessários anos de trabalho e empenho de todos, firmando um compromisso com a educação e capacitação da população e com o futuro da nossa Cidade, Estado e País. Não há mágica que resolva de imediato anos de estagnação.

Não resta dúvida de que a Educação é um dos pilares para acabar com a exclusão social do país, mas é certeza que ao seu lado temos que ter um planejamento voltado para o crescimento do país e a geração de empregos, o bom funcionamento da Democracia e desempenho ágil da Justiça.

* Haifa Madi é deputada estadual pelo PDT na Assembléia Legislativa de São Paulo.

hmadi@al.sp.gov.br

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