Região da baixada santista oferece muito mais ao turista do que as praias

DA REDAÇÃO - Paulo Meirelles
03/10/2002 18:15

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As belezas naturais de uma região que está contida entre a Serra do Mar e o oceano Atlântico encantam desde o tempo das descobertas, mas a região metropolitana da Baixada Santista reserva muitas outras atrações e surpresas para os visitantes. Com nove municípios, oito dos quais classificados como estâncias turísticas, a região da baixada se espalha por uma área de 2.392,70 quilômetros quadrados.

Bem no sopé da serra está Cubatão, pólo industrial que viveu dias críticos com a poluição, mas que hoje apresenta índices de regeneração atestados por organismos internacionais, com mangues recuperados que abrigam grande quantidade de guarás-vermelhos, aves de plumagem vermelha que se alimentam dos caranguejos.

Seguindo em direção ao mar encontramos Santos, centro regional, que tem no porto sua base econômica, o que acelerou sua urbanização e crescimento. Para o sul a vizinha São Vicente, primeira vila fundada no Brasil, depois seguem Praia grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe. Ao norte de Santos temos Guarujá e Bertioga.

É deste complexo urbano e turístico que estaremos falando nas próximas páginas.

São Vicente

Nossa viagem começa pela primeira vila fundada no Brasil, São Vicente, que tem como data de sua fundação 22 de janeiro de 1532 e 148,8 quilômetros quadrados de área, parte deles na Ilha de São Vicente, onde faz divisa com o município de Santos. Com 302.678 habitantes, segundo o censo de 2000, a cidade tem sua economia baseada no comércio e turismo.

Com a quase totalidade de suas praias urbanizadas, a orla é um ótimo lugar para passeios, o início da caminhada pode ser na Biquinha de Anchieta, construção de 1553, feita pelos jesuítas, as águas vêm do Morro dos Barbosas. Nos finais de semana e feriados é montada no local uma feira de artesanato e doces. Outra atração que o visitante deve conhecer é a Ponte Pênsil. Construída em 1914, com o objetivo de escorar a tubulação de esgoto entre a Ilha de São Vicente e o continente. A obra virou cartão postal da cidade, com 180 metros de extensão e sua base suspensa por cabos de aço.

Como é característico na região, por estar nos limites da Serra do Mar, São Vicente também tem parte de sua área no Parque Estadual da Serra do Mar. O Parque Ecológico Voturá/ Horto Florestal e o Parque Xixová- Jupuí são outras opções de quem prefere um contato mais próximo com a natureza. No Voturá, trilhas e viveiros de plantas relaxam o olhar do visitante. Já no Xixová, situado entre o Mar Pequeno e o Oceano Atlântico a grande atração são as revoadas de aves migratórias e o estado de conservação da área, que serve de base para pesquisas científicas e aulas práticas de biologia e meio ambiente.

Santos

Ao sair de São Vicente a nossa próxima parada é a cidade de Santos. Porto de destaque nacional, a cidade tem como data de fundação 1543. As atrações são inúmeras, reunindo a diversidade encontrada em cidades desenvolvidas e agitadas e as características de município praiano. Com parte de sua arquitetura original conservada, Santos oferece como uma de suas atrações o passeio de bonde pela região central onde se concentram prédios do século XIX e primeira metade do século XX. Os passeios na orla, principalmente pelas praias do Boqueirão e Gonzaga além do horizonte marítimo agradam pela agitação noturna com várias opções de diversão. Mas Santos com seus 420 mil habitantes, clima quente e úmido, tem dois marcos que ultrapassam seus limites, é a cidade do Pelé, jogador de futebol do Santos Futebol Clube, cuja fama internacional dispensa comentários e que tem uma sala de troféus no estádio Urbano Caldeira. O outro destaque é o Aquário Municipal. Criado em 1945, abriga cerca de 800 animais de 200 espécies com destaque para o lobo-marinho. Instalado em um parque público com 1.000 metros quadrados, o aquário municipal fica na Ponta da Praia.

Para aproveitar todas as atrações, o visitante deve se informar junto à prefeitura sobre o calendário de eventos, Santos tem vários centros culturais que realizam inúmeras atividades, e ter disposição para percorrer os diversos museus, como o Museu da Pesca que esta instalado em uma construção de 1908. Uma roupa confortável é recomendável para as caminhadas por diversos parques onde a natureza é a principal atração, como no orquidário municipal, e para os passeios pelas Ilhas dos Urubus e Calhaus, com grutas e pesqueiros naufragados. Mas depois de curtir bem a cidade com o maior porto da América Latina é hora de arrumar as malas e partir para a Pérola do Atlântico.

Guarujá

Conhecida como Pérola do Atlântico, seu nome é de origem indígena (viveiro de sapos e rãs). Fundada bem mais recentemente do que Santos e São Vicente, 4 de setembro de 1893, a cidade se tornou ponto de atração turística e na temporada exige paciência do visitante. Mas vale a pena percorrer os 88 quilômetros que a separam da capital paulista e conhecer os seus fortes, fortalezas e ruínas de construções que abrigavam, por exemplo, a primeira indústria de extração e processamento de óleo de baleias destinado à iluminação pública. É um bom passeio para quem não é tão chegado ao banho de sol e mar, ou para aqueles que preferem evitar a praia nos horários de maior incidência solar. O Farol da Moela é outro ponto de interesse, onde se podem ouvir inúmeras histórias sobre a bravura das tripulações que se orientavam inicialmente por um facho de luz. De 1826 a 1927 a luz avistada do Moela era obtida da queima do querosene. A partir desta data o farol passou a ser alimentado por energia elétrica e continua em funcionamento até hoje.

Mas para quem não resiste ao sol e à areia, Guarujá oferece mais de uma dezena de opções, desde praias intensamente urbanizadas, como Enseada e Pitangueiras, até locais de difícil acesso como as Praias de Camburi e Branca. Infelizmente algumas praias têm seu acesso dificultado por condomínios particulares. A cidade tem um calendário repleto de datas festivas e diversos locais para compras, o bom é programat uma visita com tempo para curtir tudo que a Pérola do Atlântico tem.

Bertioga

Seguindo em direção ao norte, vizinha ao Guarujá, temos Bertioga. Também com o nome derivado de palavra indígena, o município com 31 mil habitantes tem sua atividade econômica baseada no comércio, turismo e pesca. Fundada em 1531, data em que Martim Afonso de Souza visitou a antiga aldeia Tupi, Bertioga permaneceu como vila de pescadores até a metade do século XX, quando, com a melhoria do acesso, iniciou seu processo de urbanização e de transformação em local turístico. Com inúmeras praias, como a badalada São Lourenço, onde está localizada a Riviera de mesmo nome, o município foi reconhecido como estância balneária em 1991. Para o turista mais atento as atrações aquáticas não se limitam às águas salgadas, diversos rios permitem esportes náuticos e a pesca.

Se o seu perfil de visitante se enquadrar na categoria de trilheiro, você está no lugar certo, diversas trilhas catalogadas e monitoradas, com diferentes níveis de dificuldade, podem ser percorridas. Muitas delas só têm o acesso liberado com a autorização da prefeitura e em companhia de monitores treinados. Para este passeio consulte antes as agências de turismo.

Lado sul da baixada

Praia Grande

Se tomarmos São Vicente como referência, ao caminharmos para o sul vamos encontrar uma região de praias largas com areia batida. Estamos em Praia Grande, que, como a maioria das cidades da baixada, teve o início de sua colonização nas primeiras décadas da chegada dos portugueses. Os registros históricos dão como data de sua fundação 15 de outubro de 1532.

O seu desenvolvimento também está vinculado fortemente ao turismo de temporada e as atividades dele derivadas. Além das extensas praias, fortemente urbanizadas, o município tem como atrativo diversas festas, como a do Peão e a da Tainha. Para quem gosta de contato com a natureza e caminhadas ouvindo o ruído de cascatas, o município também tem área no Parque Estadual da Serra do Mar.

Mongaguá

Águas lamacentas é o que quer dizer o nome dado pelos índios tupi-guaranis ao rio Mongaguá que nasce na Serra do Mar e deságua no oceano. A cidade, que vive do turismo, tem além das praias, passeios por trilhas, como a do Poço das Antas, com quedas e piscinas de água. Não deixe de visitar a aldeia tupi-guarani que fica na área de confluência dos rios Bichoró, Mineiro e Aguapeú. Lá é possível conhecer um pouco da cultura dos primeiros habitantes da baixada santista e comprar artesanato.

Itanhaém

Quase tão antiga como São Vicente, Itanhaém, fundada por Martim Afonso de Souza em abril de 1532, tem sua atividade econômica baseada em um tripé: pesca, cultivo da banana e turismo. Seus 72 mil habitantes se espalham por uma área de 597,4 quilômetros quadrados que faz divisa com seis municípios, inclusive São Paulo. O encontro das águas do Rio Branco e do Rio Preto, que vão formar o Rio Itanhaém, é uma atração para os turistas, que além deste espetáculo podem acompanhar o curso do rio que dá nome à cidade e conhecer a área de mangue, um dos ecossistemas mais ricos do planeta.

Trilhas, morros e fazendas que abrigam criação de javalis e búfalos são locais que merecem espaço na agenda do visitante. Construções antigas também podem fazer parte do dia de quem não quer apenas aproveitar as várias praias.

Peruíbe

Último município da baixada ao sul, Peruíbe tem grande parte de sua área inserida na Estação Ecológica Juréia-Itatins, considerada Reserva da Biosfera, título dado pela ONU. A reserva tem uso restrito e para a visitação é necessária autorização da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Também na área do município está parte do Parque Estadual da Serra do Mar. Opções de trilhas e passeios não faltam, assim como locais para mergulho como as Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena. As praias são diversas, e vão desde as de areia batida e escura até as com areias finas e claras. A variação não é só na forma e consistência da areia, mas há também uma boa diversidade das condições do mar, há locais para a prática do surfe e outros de águas tranqüilas. Algumas por estarem em áreas de reserva têm acesso restrito, mas vale a pena se informar e programar o passeio.

Cubatão

Ao encerrar este passeio pela Baixada Santista a nossa parada será em Cubatão. Antes o visitante só queria ver a cidade pelo espelho retrovisor e a grande velocidade para tentar passar incólume pela espessa e escura nuvem de poluição que caracterizava a cidade. Várias ações modificaram este quadro e hoje a cidade começa a entrar no circuito do turismo, embora sua economia seja calcada na indústria, e atividades complementares. A explicação do nome da cidade tem diversas versões, segundo alguns historiadores, é derivado da palavra africana Cubatas que significa Casas de Negros. Sem entrar na polêmica, o importante é conhecer os atrativos que o antigo entreposto de índios capturados reserva para quem dispõe de tempo para prolongar sua chegada ao mar. A opção inicial pode ser um passeio pelos rios que cortam o manguezal e possuem uma fauna com diversas aves como os guarás-vermelhos, patos selvagens, garças, mergulhões, maçaricos e gaivotas. Para quem gosta de mergulhar na história de ocupação de nosso Estado é fundamental conhecer a Calçada do Lorena ligação entre São Paulo e Cubatão que serviu de caminho para as tropas de burros até 1840.

Como se vê a baixada reserva muito mais atrativos do que apenas suas inúmeras praias. Contato com a cultura caiçara e aldeias indígenas, além da riqueza histórica conservada em seus museus e construções, e uma exuberante Mata Atlântica, que apesar das agressões ainda se conserva intacta em alguns trechos, dá a certeza ao visitante que há muito a ser explorado e que este roteiro pode ser trilhado fora das épocas de veraneio.

História

Os registros históricos mostram que já em 1510 havia contato entre os portugueses e os indígenas na região de Peruíbe. Pero Correa nesta data se fixa na região, antiga aldeia dos índios Peroibe. Mas foi Martim Afonso de Souza, governador geral , quem por volta do ano de 1532 toma posse das terras e inicia sua colonização. São Vicente foi a primeira Vila do país e permaneceu como sede da Capitania de São Vicente até perder o posto para São Paulo em 1682. A entrada dos colonizadores para o planalto paulista se deu através da encosta na região onde hoje esta edificada a cidade de Cubatão. Os caminhos foram sendo abertos e a colonização das terras de Piratininga expandiram o domínio português para o interior do Estado, conhecido à época como "Sertões". A ocupação se estendeu por todo o litoral na busca de índios para o trabalho forçado e "almas" para conversão. A região ainda conserva vários marcos desta história de ocupação que deu origem ao E A Região



Municípios da Região Metropolitana da Baixada Santista

Bertioga (E)

Cubatão

Guarujá(E)

Itanhaém(E)

Mongaguá(E)

Peruíbe(E)

Praia Grande(E)

Santos(E)

São Vicente(E)

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