Situação dos institutos de pesquisa discutida em seminário


29/10/2003 21:46

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Seminário discute institutos de pesquisa <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/PesquisaA291003.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Professores e pesquisadores preocupados com a atual situação dos institutos <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Pesquisa291003.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

DA REDAÇÃO

Um diagnóstico do atual sistema público de ciência e tecnologia foi traçado por representantes dos institutos de pesquisa do Estado de São Paulo. No topo das discussões, o papel da tecnologia aplicada -- em especial a desenvolvida pelos institutos de pesquisa na área agrícola. Com a presença da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (ApqC), da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), da Associação Paulista de Municípios (APM), e dos deputados estaduais Nivaldo Santana e Ana Martins (PCdoB), Ricardo Castilho (PV), Aldo Demarchi (PFL), Carlinhos Almeida, Mário Reali e Sebastião Arcanjo (PT), foi realizado nesta quarta-feira, 29/10, o Seminário "Ciência e Consciência em Debate: A Pesquisa Pública e sua Importância para o Desenvolvimento Sócio-Econômico dos Municípios Paulistas."

O objetivo do seminário, segundo seus organizadores, é o de conscientizar as autoridades públicas da importância da pesquisa para o desenvolvimento do país, tentando reverter a tendência de queda que a economia vem sofrendo há duas décadas. Uma breve história da posição econômica do Brasil no cenário mundial foi trazida pela fala do professor e empresário Silvério Penin Y Santos, que comparou o crescimento a taxas médias de 6% ao ano durante o período de 1950 a 1980, e sua inversão nas décadas seguintes, o que fez a posição do Brasil cair de 8ª para 13ª economia do mundo, e com previsão de cair ainda mais, para a 15ª ou 16ª posição. Lembrando do aumento da demanda tecnológica na era pós-industrial em que vivemos, criticou duramente o aprofundamento das diferenças sociais que acompanharam o alto desenvolvimento técnico e a integração econômica da globalização.

"A pesquisa, no Brasil - disse ele --, tem poucos investimentos privados, basicamente porque há forte participação de multinacionais em empresas brasileiras". Isso leva à busca de pesquisa e inovação tecnológica nos países de origem.

A redução do Estado e a globalização foram criticadas, também, por Popílio Ângelo Cavalieri, ex-diretor do Instituto Agronômico de Campinas, que considera os dois processos responsáveis por fortes crises econômicas, políticas e de desenvolvimento.

Quadro dramático

A legislação atualmente aplicada aos institutos de pesquisa estaduais foi também objeto de críticas. Segundo Nelson Braga, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), "estamos diante de um quadro, hoje, dramático". Ele lamenta que há dez anos não se façam concursos, não só para pesquisadores, mas para pessoal de apoio. Segundo ele, em quatro ou cinco anos, 60% do quadro de pesquisadores IAC irá se aposentar, e o mesmo deve ocorrer em outros institutos.

César Callegari, coordenador do escritório paulista do Ministério da Ciência e Tecnologia, afirma que o Governo Federal tem uma postura de apoio aos institutos públicos, mas destacou que "a capacidade estatal para patrocinar o desenvolvimento econômico é muito restrita". Por outro lado, Callegari defende participação intensa dos institutos na obtenção de recursos: "Os institutos de pesquisa de São Paulo têm tido uma atuação muito acanhada na disputa por verbas". O coordenador destacou ainda o papel da Fapesp como financiador de projetos em São Paulo.

Preocupação de políticos e cientistas

O prefeito de Rio Claro, Cláudio de Mauro, vê a contribuição das universidades e dos institutos como imprescindível para o desenvolvimento econômico. Entretanto, destacou também a limitação financeira dos municípios, e cobrou maior contribuição do Governo Federal, até para os fins da Lei de Responsabilidade Fiscal, que impede endividamento excessivo. Segundo ele, os discursos sempre são pró-municípios, mas a prática não tem seguido a mesma linha. Para Cláudio, pelos menos 5% do PIB deveria ser dedicado à pesquisa.

Além dos expositores citados, representaram os institutos Ênio Candotti, professor da Universidade Federal do Espírito Santo e presidente da SBPC, Márcia Maria Rebouças, pesquisadora do Instituto Biológico e presidente da ApqC, Glória Kreinz, professora da ECA-USP, Mauro Antônio de M. Victor, pesquisador do Instituto Florestal, Marcelo Franco, pesquisador do Instituto Butantã, Crodovaldo Pavan, professor da USP e presidente de honra da SBPC, e Bernardo Goldman, assessor da ApqC.

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