Luta pelo direito dos negros e índios foi discutida na Assembléia


28/11/2000 18:14

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A cultura e a resistência como formas de luta pelos direitos da população negra foram assuntos discutidos no debate "Brasil, outros 500: Negros e Índios - A Cultura como Elemento de Resistência", realizado nesta terça-feira, 28/12, na abertura da I Mostra de Cultura Afro-Brasileira, realizada pela Assembléia Legislativa de São Paulo. O evento foi organizado pelo Grupo Temático de Cultura, Esportes e Lazer do Fórum São Paulo Século XXI - movimento criado pelo Parlamento paulista para discutir propostas para o crescimento planejado do Estado.

O deputado estadual Hamilton Pereira (PT), coordenador desse grupo temático, presidiu o debate e destacou: "Foi uma discussão muito importante em que os debatedores puderam expor um pouco mais da realidade e dos problemas vividos por índios e negros do Brasil. Isso só mostrou como realmente se faz necessária uma inserção cultural desses grupos em nossa sociedade".

O debate foi aberto com uma saudação de Mãe Sílvia de Oxalá aos "ancestrais - reis, rainhas e soldados - pelo que foram antes de chegar ao Brasil" e um pedido de bênção aos orixás. "Precisamos bradar por justiça", disse, ao falar da exclusão que os negros sofrem no Brasil, mesmo sendo maioria no país. Entre os debatedores, Magali Mendes falou sobre a experiência de 22 anos do Festival Comunitário Negro Zumbi, do qual é coordenadora. O Feconezu reúne homens, mulheres e crianças numa troca de experiências políticas e culturais.

"A cultura é uma forma de apontar saídas para nossas reivindicações", disse Magali. "Por isso, além de uma forma de resistência, é preciso também que seja um instrumento de transformação." O mais recente Feconezu foi realizado este mês, em Araraquara, e reuniu mais de 2 mil pessoas sob o tema "Revivendo Palmares". O coordenador do Fórum Estadual de Entidades Negras, Flávio Jorge, fez um pequeno histórico da resistência dos negros como forma de luta por seus direitos, enquanto o professor Salomão Jovino da Silva protestou contra "as desigualdades e o extermínio cotidiano das populações nativas e de origem africana". Ele destacou ainda o trabalho de jovens pesquisadores que estão resgatando "a memória, ocultada, da participação dos negros na construção da riqueza do país".

O debate contou também com a participação do deputado Nivaldo Santana (PCdoB) e de Marcos Tupã, representante estadual das populações indígenas. No debate, Tupã comentou sobre as dificuldades que sua comunidade passa por morar numa região que, mesmo pertencendo à cidade de São Paulo, não tem escolas ou a infra-estrutura necessária para atender sua população.

A mostra da cultura afro-brasileira prosseguiu no período da tarde com exposições de arte e lançamento de livros. Nesta quarta-feira, 29/11, será realizado o debate "Discriminação, Preconceito e Racismo: Igualdade de Oportunidades x Igualdade de Condições", coordenado pelo deputado Nivaldo Santana (PCdoB), a partir das 10 horas. À tarde, o destaque será o lançamento da cartilha "Mapa da População Negra no Mercado de Trabalho no Brasil", que terá a participação do secretário estadual do Trabalho, Walter Barelli.

(Mais informações, ligue para o gabinete do deputado Hamilton Pereira - 3886-6952/6953)

alesp