Comissão de Direitos Humanos debate fechamento de casas noturnas no bairro Cerqueira César

Comunidade LGBTT se diz marginalizada pelos moradores do bairro, que usaria a poluição sonora como pretexto
08/04/2010 20:19

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Homofobia no bairro Cerqueira César em debate na Comissão de Direitos Humanos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/04-2010/DIRHUMANOSmesa8ROB.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia paulista ouviu nesta quinta-feira, 8/4, a presidente da Sociedade dos Amigos e Moradores do bairro Cerqueira César (Samorcc), Célia Cândida Marcondes Smith, acerca de denúncias recebidas pela Frente Parlamentar da Comunidade LGBTT, envolvendo o fechamento de estabelecimentos frequentados pela comunidade LGBTT.

Segundo o proprietário da Associação GLS Casarão Brasil, Douglas Drumond, a Samorcc moveu ações contra 14 estabelecimentos no entorno do bairro Cerqueira César, e todos foram fechados e interditados. O motivo das reclamações foi a poluição sonora, o que, para Drumond, não passaria de um pretexto, pois a verdadeira razão seria o preconceito contra a orientação sexual dos frequentadores. Com relação ao caso, o deputado Carlos Giannazi (PSOL) sugeriu o lançamento de uma campanha contra a homofobia, para que a prática "não se alastre na capital", mas destacou ser a favor da Lei do Psiu, que restringe a emissão de ruídos por bares e similares conforme o horário.



Ação social



Para Célia Cândida, Douglas "quer arrumar inimigos e conflito para se candidatar a deputado", diferentemente da Ela Samorcc que defende os interesses da população. Ela apelou aos presentes para que ajudem a tirar os milhares de mendigos das ruas da capital e lembrou algumas iniciativas da Samorcc, como, por exemplo, o plantio de 1,2 mil árvores na região e a difusão da coleta seletiva de lixo. Célia ainda disse que "quem fechou os estabelecimentos foi o Ministério Público, por identificar irregularidades", recomendando que as pessoas conheçam as leis municipais para saber seus direitos e deveres.

O debate desviando-se do foco, uma vez que, enquanto representantes da comunidade LGBTT protestavam contra a homofobia, integrantes da Samorcc insistiam em afirmar seu descontentamento quanto à poluição sonora.

Depois de ouvirem manifestações divergentes a respeito do assunto, feitas pelo público presente, os representantes da comunidade LGBTT e da Samorcc se comprometeram a agendar reunião na sede da Associação GLS Casarão Brasil, para tentar chegar a um acordo quanto ao impasse com relação à permanência dos estabelecimentos frequentados pela comunidade LGBTT na região da Frei Caneca.

Também participaram do debate o presidente da comissão, José Candido (PT), o advogado Herói João Paulo Vicente e a diretora da Samorcc Luciana Lancellotti.



Casarão Brasil



A Associação Casarão Brasil é um centro da comunidade LGBTT que visa o desenvolvimento de projetos como o cadastro nacional da população gay, criação de banco de dados para quantificação de estatísticas sobre o número de cidadãos LGBTT, bem como número de empregos que a comunidade gera e o total de impostos que ela paga. A associação faz um trabalho de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e luta pela criação de abrigos para mendigos gays e de casas para gays da melhor idade.



O Casarão foi inaugurado no dia 1º/12 - Dia Mundial de Combate a Aids, em 2008, e, em parceria com o Instituto de Arquitetos do Brasil, iniciou um projeto de reurbanização da rua Frei Caneca.

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