"Como tevê pública, temos a missão de oferecer programas de qualidade para que sejam mais vistos pela população". Com essa frase, o presidente da Fundação Padre Anchieta, João Sayad, resumiu aos membros da Comissão de Cultura, Ciência e Tecnologia, nesta segunda-feira, 13/12, sua atuação à frente da emissora. Sayad tem recebido duras críticas, que incluem demissões em larga escala e o fim da produção de diversos programas. O presidente da fundação informou que desde junho vem acompanhando os índices de audiência, a repercussão, e os custos de cada um dos programas apresentados, sendo que seu objetivo é melhorar a qualidade e trazer mais audiência a programação. Atualmente, a Fundação Padre Anchieta administra os canais 21, 22 e 23, além das rádios Cultura FM e Cultura AM. "A TV Cultura é a televisão pública que fornece os melhores conteúdos entre todas as outras televisões públicas do Brasil", afirmou Sayad, destacando que a sua grande preocupação é com o público, que é o destinatário do seu trabalho. Tendo em vista os grandes avanços da internet e das redes sociais, Sayad destacou que é difícil afirmar atualmente o que é bom e o que é ruim na tevê, mas se utilizou das palavras de um repórter da BBC ao informar que "o importante é transformarmos o que for popular em programas de qualidade, e o que for de qualidade transformar em programas populares. Esse é o norte que nos orienta". Programas infantis A política adotada pelo presidente é de primeiramente aumentar o prestígio e a visibilidade dos programas mais vistos como Roda Viva, Jornal da Cultura e, principalmente, o carro-chefe da grade de programação, que são os programas dedicados ao público infantil como Cocoricó e Castelo Ratimbum. Sobre esse dois programas infantis, Sayad destacou que conseguiram um fundo de financiamento de animação retomando as produções dos dois programas. "É um conjunto de objetivos bastante ambiciosos e que, a meu ver, recuperam o papel da TV Cultura como uma televisão pública, mesmo concorrendo atualmente com os canais pagos e a internet, o que nos fez redefinir o quadro de programas". O presidente informou que todos os programas transmitidos na tevê também serão disponibilizados na internet, para que haja uma maior visibilidade, além de trazer um maior conteúdo educativo para a população. Por isso, a missão é de que todos os programas educativos tenham a prioridade na sua disponibilização na internet. Novas diretorias Sobre as questões administrativas, Sayad declarou que existem problemas como em qualquer tevê pública e deixou claro que a tarefa número um "é conseguir que toda essa paixão pela TV Cultura seja mais eficaz e eficiente, produzindo programas melhores". O presidente informou que a partir de agora, depois de realizados estudos, cada programa terá o seu próprio diretor, ou seja, ele será o "dono" do programa, possibilitando dessa forma haja maior responsabilidade, tanto para o bem como para o mal. Ainda sobre a sua visão de tevê pública, Sayad destacou que as grandes emissoras seguem uma horizontalidade na programação, citando a Rede Globo como exemplo das novelas, seguidas de jornais, que antecedem mais novelas e encerrando a grade de programação com filmes. "É isso que pretendemos fazer com nossa grade de programação, dar uma horizontalidade a ela. Dessa forma, teremos programas infantis pela manhã, seguidos de programas juvenis e adolescentes, jornais e filmes, deixando de parecer uma grade instável", afirmou. Questionado sobre os problemas financeiros que foram divulgados pelas mídias, Sayad declarou que não existe nenhuma crise financeira e que o objetivo não é reduzir custos e, sim, trabalhar o custo-benefício. "O que precisa ser feito é uma melhora de qualidade no que temos hoje, e é nesse sentido que estamos trabalhando. Não estou preocupado em cortar gastos, mas sim em produzir programas de qualidade". Presidida pela deputada Célia Leão (PSDB), a reunião contou com a presença dos deputados Simão Pedro (PT), Jonas Donizette (PSB), Ênio Tatto (PT), Maria Lúcia Prandi (PT), Carlos Giannazi (PSOL), Donisete Braga (PT) e Mauro Bragato (PSDB). TV Cultura e TV Alesp Questionado sobre o encerramento do contrato da TV Cultura com a TV Alesp, João Sayad informou ter apresentado ao presidente da Casa, Barros Munhoz, seu desejo de deixar de operar a TV Alesp, mas ressaltou que isso não traria nenhum ônus aos funcionários envolvidos. "Os funcionários da TV Cultura que trabalham atualmente para a TV Alesp receberão todos os direitos trabalhistas, como décimo terceiro salário, 40% do FGTS e férias. Além disso, serão recontratados pela organização que assumirá a TV Alesp", destacou. Com relação à produção dos programas que são transmitidos pela TV Alesp, Sayad declarou que a TV Cultura é apenas operadora, e quem faz a produção dos programas é a diretoria de comunicação da Casa.