Papa João Paulo II


01/04/2005 20:29

Compartilhar:

 <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/papajoao.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O papa João Paulo II nasceu em 18 de maio de 1920 na cidade de Wadowice, localizada no sul da Polônia. Seu pai, Karol Wojtyla, era militar integrante do exército do Império Austro-húngaro, e sua mãe, Emília Kaczorowsky, uma jovem siciliana de origem lituana.

Foi batizado poucos dias após nascer, na Igreja de Santa Maria de Wadowice, com o nome de Karol Józef Wojtyla, em homenagem ao seu pai. Com apenas 9 anos de idade recebeu um duro golpe: o falecimento de sua mãe ao dar a luz a uma menina que morreu antes de nascer. Anos mais tarde, faleceu seu irmão e em 1941 morreu seu pai.

Quando jovem, o futuro Pontífice mostrou uma grande inquietude pelo teatro e pelas artes literárias polonesas. Tanto que, ainda no colégio, pensava seriamente na possibilidade de continuar estudos de filosofia e lingüista polonesa. Mas, um encontro com o cardeal Sapieha durante uma visita pastoral o fez considerar seriamente a possibilidade de seguir a vocação que teria imprimido " então ainda sem revelar-se plenamente " no coração: o sacerdócio.

Em 1.º de setembro de 1939, seu país, a Polônia, foi invadido pelo poderoso exército da Alemanha de Adolph Hitler, tendo início a Segunda Guerra Mundial. Os alemães fecharam todas as universidades da Polônia com o objetivo de ocupar não somente o território, mas também a cultura polonesa. Frente a essa situação, Karol Wojtyla com um grupo de jovens organizaram uma "universidade clandestina", onde estudou filosofia, idiomas e literatura. Pouco antes de decidir seu ingresso ao seminário, o jovem Karol teve que trabalhar arduamente como operário em uma pedreira. Segundo relatava o pontífice, esta experiência o ajudou a conhecer de perto o cansaço físico, assim como a sensibilidade, sensatez e fervor religioso dos trabalhadores e dos pobres.

Em 1942, ingressou no Departamento Teológico da Universidade Jaguelloniana. Durante esses anos teve que viver na clandestinidade, em virtude da ocupação nazista ao seu país, junto com outros seminaristas, que foram acolhidos pelo cardeal de Cracóvia.

Em 1.º de novembro de 1946, com 26 anos, Karol Wojtyla foi ordenado sacerdote no Seminário Maior de Cracóvia e celebrou sua primeira missa na Cripta de São Leonardo, na Catedral de Wavel. Em pouco tempo obteve a licenciatura de Teologia na Universidade Pontifícia de Roma Angelicum e mais adiante se doutorou em Filosofia. Durante algum tempo se desempenhou como professor de ética na Universidade Católica de Dublin e na Universidade Estatal de Cracóvia, onde travou contato com importantes representantes do pensamento católico polonês, especialmente da vertente conhecida como "tomismo lublinense". Grande esportista na juventude, foi praticante de esquiagem e canoagem.

Em 23 de setembro de 1958, foi consagrado bispo auxiliar do administrador apostólico de Cracóvia, monsenhor Baziak, convertendo-se no membro mais jovem do episcopado polaco. Participou das quatro sessões do Concílio Vaticano II (1962/65), onde participou ativamente, especialmente nas comissões responsáveis, na elaboração da Constituição Dogmática sobre a Igreja Lúmen Gentium e a Constituição conciliar Gadium et Spes. Tendo discorrido sobre liberdade religiosa e ateísmo. Durante estes anos, o então Bispo Wojtyla combinava a produção teológica com um intenso labor apostólico, especialmente com os jovens, com quem compartilhava tanto momentos de reflexão e oração como espaços de distração e aventura ao ar livre.

No dia 13 de janeiro de 1964, com a morte do monsenhor Baziak, o bispo Wojtyla ocupou a sede de Cracóvia como titular. Dois anos depois, o papa Paulo VI converteu Cracóvia em Arquidiocese. Durante esse tempo como Arcebispo, o futuro papa caracterizou-se pela integração dos leigos, nas tarefas pastorais, na promoção do apostolado juvenil e vocacional, a construção de templos, apesar da forte oposição do regime comunista, a promoção humana e formação religiosa dos trabalhadores, o alento do pensamento e as publicações católicas.

Em 26 de junho de 1967, aos 47 anos de idade, o arcebispo Wojtyla foi elevado a cardeal de Cracóvia pelo papa Paulo VI. Em 1974, o novo cardeal ordenou a 43 novos sacerdotes, na ordenação sacerdotal mais numerosa, desde que terminou a Segunda Guerra Mundial.

Em 6 de agosto de 1978, com a morte do papa Paulo VI, foi eleito novo papa, o cardeal Albino Luciani, Patriarca de Veneza, de 65 anos, quem tomou o nome de João Paulo I, que ficou conhecido como o "Papa do Sorriso", mas repentinamente faleceu apenas 33 dias de sua nomeação, vítima de um fulminante colapso cardíaco. Em 16 de outubro de 1978, em um novo conclave, após três reuniões de votações, o mundo foi surpreendido pela escolha do cardeal polonês Karol Wojtyla, eleito como o sucessor de São Pedro, rompendo com a tradição de 455 anos de eleger papas de origem italiana. Em 22 de outubro de 1978, foi investido como Sumo Pontífice, assumindo o nome de João Paulo II.

Na quarta feira, dia 13 de maio de 1981, dia de Nossa Senhora de Fátima, quando percorria a praça de São Pedro no Vaticano, em um carro aberto saudando a multidão calculada em 30 mil peregrinos, o papa foi vítima de um brutal atentado, quando uma das três balas calibre 9 milímetros o atingiu no abdômen. O autor da violência foi um extremista turco de nome Mehemed Ali Agca, que foi preso instantaneamente. As investigações realizadas levaram ao então governo comunista da Bulgária. Agca, que cumpre pena perpétua na Itália, lançará em breve um livro no qual deverá contar tudo sobre o fato.

Após o atentado, a saúde do papa João Paulo II começou a debilitar. Ele, que foi um atleta na juventude, foi internado em diversas oportunidades. E há anos era portador do mal de Parkson, que prejudicava principalmente a sua locomoção.

Neste ano de 2005, foi internado duas vezes, sendo que na segunda foi obrigado a fazer uma traqueotomia de emergência. Aparentemente restabelecido, na madrugada desta sexta feira, 1º de abril, foi vítima de uma parada cardíaca, tendo se recusado a retornar ao hospital, desejando permanecer em seus aposentos no Vaticano.

Viagens do Papa

Em 1979, João Paulo II realizou sua primeira viagem ao exterior, visitando a República Dominicana, México e Bahamas, tornando-se uma tradição as suas viagens apostólicas pelo mundo. A segunda viagem que realizou foi para sua terra natal à Polônia, que ainda vivia sob o jugo comunista.

O Papa em seus mais de 26 anos de pontificado realizou 117 viagens pelo do mundo, sendo 4 para o Brasil.

O Papa no Brasil

João Paulo II visitou o Brasil em quatro oportunidades. A sua primeira visita ao nosso país foi realizada em 1980, tendo desembarcado em Brasília no dia 30 de junho. Recebido pelo então presidente da República, general João Baptista Figueiredo, rezou sua primeira missa em solo brasileiro na Esplanada dos Ministérios para milhares de pessoas. Em doze dias de viagem, o papa esteve em treze cidades, percorrendo 30 mil quilômetros. A última cidade visitada foi Manaus em 10 de julho, de onde retornou para Roma.

Essa viagem ficaria gravada na memória do povo brasileiro. Quem não se lembra da música que se tornou um hino? "A benção, João de Deus, nosso povo te abraça, tu vens em missão de paz, sê bem vindo e abençoa este povo que te ama!" O próprio João Paulo chegou a cantarolá-la em diversas oportunidades.

Sua missão pastoral no Brasil teve momentos emocionantes, como a visita à favela do Vidigal no Rio de Janeiro, em 2 de julho, no dia seguinte o encontro com os operários no estádio do Morumbi, em São Paulo, onde reclamou pela justiça para o trabalhador brasileiro; com os imigrantes em Curitiba no dia 5. No Recife, dois dias depois, afirmou que "a terra é um dom de Deus", referindo-se ao problema insolúvel da reforma agrária. Dia 8, na capital do Piauí, falou aos oprimidos pela pobreza e, finalmente, em Manaus, no dia 10, discursou para os líderes das comunidades de base.

Em junho de 1982, de passagem em escala técnica no Rio de Janeiro, mas tendo desembarcado do avião e proferido uma benção especial aos brasileiros, seguiu para a Argentina, país então conflagrado pela chamada Guerra das Malvinas com a Inglaterra.

Retornou pela terceira vez ao Brasil, visitando 7 cidades e realizando 31 discursos e homilias, entre 12 e 21 de outubro de 1991. Nessa ocasião quebrou uma tradição, beijou pela segunda vez o solo brasileiro. Finalmente, aqui esteve para participar no Rio de Janeiro do 3º Congresso da Família, entre 2 e 6 de outubro de 1997.

O Papa João Paulo II marcou indelevelmente o século XX, sendo a figura de maior projeção no mundo. Seu pontificado foi de mais de 26 anos, sendo o terceiro mais longo da história, ficando atrás somente de São Pedro, o primeiro Papa, com 35 anos, e Pio IX, que permaneceu à frente da Igreja Católica por mais de 31 anos.

alesp