11 de setembro: a tragédia dez anos depois


08/09/2011 19:44

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Onde você estava na manhã da terça-feira, dia 11 de setembro de 2001? Com certeza você saberá responder essa pergunta. O atentado às torres gêmeas do World Trade Center, na cidade de Nova York, marcou, sem dúvida nenhuma, o mundo e a vida de cada um que pela televisão, ao vivo, assistiu horrorizado a todo o desenrolar da tragédia que abalou a humanidade.

Naquela manhã, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, estava visitando a Emma E. Booker Elementary School, uma escola infantil localizada na cidade de Sarasota, na Flórida. A primeira notícia transmitida pelo chefe de seu gabinete, Andrew Card, dizia que um bimotor havia se chocado contra uma das torres do World Trade Center. Minutos depois, uma nova informação foi passada, avisando que um segundo avião acabava de atingir a outra torre, e que se tratava de um atentado terrorista. Bush, visivelmente chocado, permaneceu impassível por mais seis minutos com as crianças, sem nenhuma reação. Somente após deixar a sala de aula é que falou para mais de 200 pessoas que se encontravam no local e informou que os Estados Unidos tinham sido vítimas de um atentado terrorista.



O World Trade Center



As duas torres haviam sido planejadas, para uso comercial, ainda no início dos anos 60, sendo que o local escolhido foi ao lado do antigo cais do porto da cidade de Nova York, às margens do rio Hudson, no sul da ilha de Manhattan.

De propriedade do Port Authority of New York and New Jersey, a execução do projeto foi do arquiteto Minoru Yamasaki, e do escritório Emery Roth & Sons, e a parte estrutural ficou sob a responsabilidade do escritório Leslie E. Robertson Associates. A construção ficou delegada a Tishman Realty & Construction Company.

A pedra fundamental foi colocada em 5 de agosto de 1966, e a construção seria concluída somente em abril de 1973. Com 110 andares, e uma altura de 413 metros até o último altar, elevava-se, com o telhado, a 417 metros, e a torre norte, com a antena de televisão no topo, alcançava a altura de 526,3 metros. Desbancando o famoso Empire State Building, no período de 1972 e 1973 foi a estrutura mais alta do mundo, antes da inauguração da Sears Tower, localizada em Chicago. O total da área dos edifícios era de 800.000 metros quadradros, e possuíam nada menos que 97 elevadores para passageiros e seis exclusivamente para cargas, em cada um.

No alto da torre sul havia uma lanchonete, uma loja de lembranças, e acima um mirante para se observar em 360 graus a cidade de Nova York e também Nova Jersey. Na outra torre, na qual se localizava a antena de televisão, havia um sofisticado e caro restaurante, o Windows of the World, que era frequentado por executivos da cidade. Desde a sua inauguração em 4 de abril de 1973, o World Trade Center tornou-se um ícone de Nova York, um verdadeiro cartão-postal da cidade.

No dia 13 de fevereiro de 1975, um incêndio atingiu o 11º andar da torre norte, em quase metade da área. Através das aberturas no piso, usadas para passar os fios dos aparelhos de telefonia, o fogo acabou se espalhando para outros andares, mas foram extintos com eficiência. Alguns andares abaixo também sofreram danos, mas foram causados pela água utilizada para combater o fogo. Apesar de tudo o prédio não sofreu danos estruturais.



Atentado de 1993



Em 26 de fevereiro de 1993, a explosão de um carro-bomba, que estava parado na garagem do subsolo da torre norte provocou a morte de seis pessoas e pânico nas milhares de pessoas que se encontravam nos prédios. O veículo de carga, locado à empresa de transportes Ryder, estava carregado de 682 quilogramas de dinamite, o atentado foi executado pelo terrorista Ramzi Yousef. O artefato provocou a abertura de um buraco de 30 metros de profundidade, o equivalente a quatro andares, e a destruição acarretou um prejuízo de 300 milhões de dólares à companhia de seguros. Muitas pessoas ficaram presas nos andares e foram resgatadas pelos integrantes do Corpo de Bombeiros. 28 pessoas conseguiram subir até o topo do edificio e foram resgatados pelos helicópteros da polícia. A administração das torres depois do atentado colocou luzes de emergência nas escadas dos prédios, o que ajudaria a salvar muitas vidas no atentado de 2001. O plano era que a explosão provocasse a derrubada da torre norte sobre a torre sul, atingindo a zona financeira de Nova York, a Wall Street.

As investigações do FBI e das forças de segurança dos Estados Unidos levaram em 1997 e 1998 à prisão dos seis terroristas islâmicos envolvidos no atentado. Condenados pela Justiça, todos receberam pena de morte pelo ataque, mas hoje cumprem prisão perpétua na base americana de Guantanamo, em Cuba. Um memorial em homenagem aos mortos foi construído em forma de uma fonte na praça que ficava entre as torres. Quando do trabalho de limpeza dos escombros, após a queda das torres, foram descobertos pedaços da fonte ainda intactos



11 de setembro de 2001



Naquela manhã de 11 de setembro, segundo estimativa do Nist " National Institute of Standards and Technology (o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia), se encontravam nas duas torres do World Trade Center 17,4 mil pessoas, mas o proprietário dos prédios, o Port Authority of New York and New Jersey, contabilizou 14.154 pessoas. Diariamente um público de mais de 50 mil pessoas passavam pelas torres gêmeas.

Pouco depois das 8h30, o voo nº 11 da American Airlines, com 87 pessoas a bordo, havia partido do aeroporto de Boston com destino a Los Angeles, mas logo após a decolagem um grupo de cinco terroristas o sequestrou, ameaçando a todos com uma bomba a bordo. Tomando o controle da aeronave, desviaram-na da rota, rumando para Nova York, e às 8h46 jogaram o Boeing 767 contra a fachada norte da torre norte, causando um violento impacto entre os andares 93 e 99. A explosão decorrente dos 40 mil litros de combustivel da aeronave provocou uma grande destruição. Dezessete minutos depois, um segundo grupo, formado por cinco terroristas, de forma semelhante, sequestrou o Boeing 767 da United Airlines, que fazia o voo 175, também da rota Boston a Los Angeles, que transportava 65 pessoas, e atingiu agora a torre sul do World Trade Center, destruindo o edifício entre os andares 77 e 85. O dano causado à torre norte, pelo voo 11, destruiu todos os meios de evacuação de quem estava acima da zona de impacto, prendendo, segundo informações posteriores, 1.344 pessoas. O voo 175 teve um impacto muito menos centrado em relação ao voo 11, e uma escada foi deixada intacta; no entanto, devido às chamas, poucas pessoas conseguiram passar com êxito por ela antes de a torre desabar. Embora os andares da torre sul tenham sofrido danos menores, ao menos 700 pessoas morreram instantaneamente ou foram arremessadas pelo choque do avião com o edifício. Às 9h59, a torre sul desabou devido ao violento incêndio, que prejudicou os elementos estruturais do aço, já enfraquecido com o impacto do aparelho. A torre norte desmoronou às 10h28, após ser consumida pelas fortes chamas por aproximadamente 102 minutos.

A grande maioria das pessoas que se encontravam abaixo da zona de impacto conseguiu deixar os edifícios com segurança, junto com 18 pessoas que estavam na zona de impacto na torre sul e usaram a escadaria intacta do prédio. Mas aqueles que estavam no outro edificio não tiveram a mesma sorte. Pelo menos 1.366 pessoas morreram, pois estavam no andar do impacto da torre norte ou em andares superiores, e pelo menos 618 na torre sul, onde a evacuação tinha começado antes do segundo impacto. Assim, mais de 90% dos trabalhadores e visitantes que morreram nas torres encontravam-se no andar do impacto ou nos andares superiores.

Vários prédios em torno das torres gêmeas sofreram com o ataque. Às 17h21, um prédio anexo, o 7WTC desabou devido a incêndios descontrolados que causaram falha estrutural. O hotel da rede Marriott, conhecido como 3WTC, foi destruído durante a queda das duas torres. Os três edifícios restantes do complexo do WTC sofreram graves danos devido à queda dos destroços e acabaram demolidos. O Deutsche Bank Building, localizado do outro lado da Liberty Street em relação ao complexo World Trade Center, foi depois condenado devido às condições tóxicas no interior do edifício que o tornavam inabitável, sendo demolido. O Fiterman Hall do Borough of Manhattan Community College, na 30 West Broadway, também foi condenado devido aos danos ocorridos nos ataques e foi necessária a sua demolição.

Outro voo da American Airlines, o de nº 77, um Boeing 757, com 59 ocupantes, que havia partido do aeroporto Dulles, na capital Washington com destino a Los Angeles, foi sequestrado por cinco terroristas, e desviado da rota, sendo lançado contra o prédio do Pentágono, sede da inteligência militar e da Defesa dos Estados Unidos, localizado em Arlington, na Virgínia. A violenta colisão e a consequente explosão vitimaram, além dos que estavam a bordo, 125 pessoas que estavam no edificio. O sequestrador que pilotava o avião tinha experiência em voo, e pôde assim atingir o Pentágono com precisão, pois havia um risco calculável de um choque com o chão, já que o edifício tem apenas cinco andares.

O Boeing 757 da United, que realizava o voo 93, do aeroporto de Newark, em Nova Jersey, para São Francisco, na Califórnia, foi tomado por quatro sequestradores. Um grupo de passageiros, após tomar conhecimento do ataque a Nova York, por conversa com parentes pelo telefone celular, resolveu reagir ao sequestro. Na ação a aeronave acabou se chocando com o solo em Shankville, na Pensilvânia, matando todos os seus 44 ocupantes, incluindo os sequestradores. Segundo as investigações o alvo dos terroristas seria o prédio do Congresso norte-americano, em Washington.



As vítimas



Houve um total de 2.996 mortes, incluindo os 19 sequestradores e as 2.977 vítimas. As vítimas fatais foram distribuídas da seguinte forma: 246 nos quatro aviões (onde não houve sobreviventes), 2.606 no World Trade Center e 125 no Pentágono. Todas as mortes ocorridas foram de civis, exceto por 55 militares atingidos no edificio do Pentágono. 411 pessoas da equipe de emergência que responderam aos chamados de socorro morreram quando tentavam resgatar as pessoas e apagar os incêndios. Os bombeiros da cidade de Nova York perderam 341 homens e dois paramédicos. A polícia de Nova York perdeu 23 integrantes. A Port Authority Police Department perdeu 37 oficiais e oito EMTs e paramédicos de unidades privadas de serviços de emergência foram mortos.

Cidadãos de mais de 90 países perderam a vida nos ataques ao World Trade Center, inclusive do Brasil. Em 2007, o escritório examinador médico da cidade de York divulgou o número oficial de mortos do 11 de setembro, adicionando a morte de Felicia Dunn-Jones. Dunn-Jones faleceu cinco meses depois do ataque devido a uma doença pulmonar que foi ligada à exposição à poeira durante o colapso do World Trade Center. Heyward Leon, que morreu de linfoma em 2008, foi adicionado ao número oficial de mortes em 2009.

De acordo com o relatório da comissão, centenas foram mortos instantaneamente com o impacto, enquanto os demais ficaram presos e morreram após o colapso da torre. Pelo menos 200 pessoas pularam dos edifícios para a morte (caindo nas ruas e telhados de edifícios adjacentes), centenas de metros abaixo. Alguns dos ocupantes de cada torre, e que estavam acima do ponto de impacto, subiram em direção ao teto, na esperança de um resgate por helicóptero, mas as portas de acesso ao telhado estavam bloqueadas. Não existia qualquer plano de resgate de helicóptero em 11 de setembro, ao contrário do ocorrido em 1993; a fumaça e o calor intenso teriam impedido tais aeronaves de realizarem salvamentos.

Semanas depois do ataque, o número de vidas perdidas foi estimado em mais de 6 mil. Somente foi possível a identificação dos restos mortais de cerca de 1,6 mil vítimas do atentado ao World Trade Center. O serviço legista também recolheu cerca de 10 mil ossos não identificados e fragmentos de tecidos que não podem ser combinados para a lista dos mortos identificados. Fragmentos de ossos ainda estavam sendo encontrados em 2006, quando os trabalhadores estavam se preparando para demolir o danificado Deutsche Bank Building. Essa operação foi concluída em 2007. Em 2 de abril de 2010 uma equipe de especialistas em antropologia e arqueologia começou a procurar por restos humanos, artefatos humanos e objetos pessoais no aterro sanitário de Fresh Kills, em Staten Island, para onde foi levada parte do entulho das torres. A operação foi concluída em junho de 2010, com 72 restos humanos encontrados, elevando o total de restos humanos encontrados para 1.845. As identidades de 1.629 das 2.753 vítimas foram identificadas. Os perfis de DNA, na tentativa de identificar as vítimas adicionais, são permanentes.

Ao contrário dos demais terroristas que fizeram suas aulas de aviação em uma escola na Flórida sem serem detectados, soube-se mais tarde que o responsável por uma escola de pilotagem de Minnesota, desconfiado das atitudes estranhas de um aluno, o francês de origem marroquina Zacarias Moussaoui, que queria apenas aprender a pilotar um avião sem se interessar pelos momentos da decolagem e do pouso, o havia denunciado as autoridades policias. Apesar de ter sido preso, o seu computador não foi vistoriado. Se a investigação tivesse sido feita com mais competência, teriam descobertos todos os planos da Al Qaeda para o dia 11 de setembro.



Homenagens



No chamado marco zero de Nova York, está sendo construída, desde 2006, uma nova torre denominada The Freedom Tower (Torre da Liberdade), que será o edifício mais alto dos Estados Unidos. Sua conclusão está prevista para novembro de 2013, e a sua abertura para janeiro de 2014, quando será oficialmente inaugurada.

Concebido pelo arquiteto David Childs, do escritório Skidmore, Owings and Merrill, a parte estrutural está a cargo da WSP Cantor Seinuk, e o desenvolvimento da obra sob responsabilidade da Silverstein Properties, Inc. O novo prédio terá 415 metros de altura, com mais dois metros do telhado, e com a antena que será construída no alto chegará a 541,3 metros. A área construída será de 241.548 metros quadrados. O último andar da Freedom Tower terá o número 102, embora o edifício venha a ter 108 andares e apenas 82 ocupados. Isso devido ao primeiro andar de escritórios sobre a base receber o número 20.

No exato local onde se encontravam as torres, foram construídos dois espelhos de água, iluminados, com os nomes de todas as vitimas do atentado gravados em uma placa de bronze, incluindo os de 1993, dos aviões e do Pentágono. O presidente Barack Obama, em companhia do ex-presidente George W. Bush, deverá inaugurar o monumento neste dia 11 de setembro.



*Antônio Sérgio Ribeiro é advogado e pesquisador. É Diretor do Departamento de Documentação e Informação da Assembleia.

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