A pintura de Waldemar Chubaci: resultado de uma relação espiritual com os seres humanos

Emanuel von Lauenstein Massarani
11/11/2003 14:00

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Quadro Os bóias-frias<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/chubaciquadro110703.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Waldemar Chubaci<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/chubaciA.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Independente, carregada de poesia, a pintura de Waldemar Chubaci é despretensiosa, mas profundamente original nos seus traços rústicos, nas suas tonalidades monocromáticas, em que o fundo branco domina. Demonstrando talento e forte personalidade, o deputado-pintor não se fixou em sugestões de ordem cultural ou estilística, mas realizou a própria arte através de intuições e módulos expressivos bem pessoais.

Na obra pictórica desse artista não devemos procurar temáticas indefinidas ou mensagens carregadas de implicações abstratas. O único dado essencial é exatamente esse gosto inato pela descoberta e pela valorização, na sua intacta simplicidade, do ambiente do seu interior natal.

A maturidade técnica do pintor - o salto de qualidade em relação aos seus inícios na arte - evidenciou-se nos últimos anos, sobretudo na aplicação do seu monocromatismo, que enfrentou e resolveu com um sopro de poesia.

Sua pintura se apresenta, na sua essencialidade, como o resultado de uma diligente e não ocasional busca dos temas mais sentidos e profundamente vividos. Esses temas eram-lhe sugeridos pelo ambiente em que o pintor viveu e que exercitou sobre ele um profícuo estímulo de sensações simples e, ao mesmo tempo, congênitas às suas notáveis capacidades pessoais.

Resultado de um processo íntimo, sua obra se desenvolveu sem excessivas complicações, sem tentações e expressões forçadas, sem a preocupação de simular atormentados contrastes íntimos não presentes no seu ânimo evidentemente sereno.

O quadro Os bóias-frias, doado há alguns meses ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa pelo próprio autor, é o resultado de uma contínua relação espiritual em direção a tudo que transcende: seres humanos e coisas deste mundo.

O artista

Waldemar Chubaci nasceu em Jaborandi, SP, em 1928. Formou-se em medicina, com especialização em obstetrícia. Fez cursos de extensão universitária em clínica médica, cardiologia, gastroenterologia e ginecologia. Começou sua carreira política quando foi eleito vereador e posteriormente prefeito na cidade de Guaíra, SP.

Foi eleito deputado estadual em 1978, mandato que exerceu até 1988, tendo sido membro de inúmeras comissões. Desde o início do governo Mário Covas, em 1995, até 10 de novembro do corrente ano, data de seu falecimento, ocupava o cargo de assessor especial do governador do Estado.

Embora apaixonado pelas artes plásticas, considerava-se autodidata no campo da pintura, que passou a exercitar aos 12 anos de idade, em sua cidade natal, seja em telas como em paredes. Durante o seu curso na Faculdade de Medicina, em 1946, ilustrou inúmeros livros didáticos médicos.

Realizou, ainda, inúmeras exposições em Barretos, Guaíra e Jaborandi. A partir de 1980, passou a integrar a Academia Paulista de Belas-Artes, como membro efetivo, participando de inúmeras exposições coletivas da entidade. Após realizar exposições individuais no Espaço Cultural da Câmara Municipal de São Paulo e nos centros culturais de Guaíra e Barretos, foi homenageado pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo com uma grande exposição retrospectiva, em dezembro do ano passado, no Hall Monumental do Palácio 9 de Julho.

Além de obras em óleo sobre tela e esculturas, dedicava-se, nos últimos anos, às artes através do computador.

alesp