"Não" é a única saída no plebiscito

Opinião
06/10/2005 18:46

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Afanasio Jazadji<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/afanasio.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Neste mês, em que já se fala menos em possível cassação de maus políticos, a sociedade brasileira luta para evitar que o escândalo termine em pizza, mas terá de enfrentar, no dia 23, um insólito referendo para dizer "sim" ou não". O absurdo, nessa história toda, é o fato de o referendo ter sido idealizado para sacramentar a cassação de um direito assegurado ao povo do País pela Constituição: o direito de cada cidadão à legítima defesa. Essa consulta exige gastos, põe em risco importantes conquistas da população e contribui para tentar desviar a atenção concentrada nas investigações das CPIs de Brasília.

Uma vez que erros cometidos no passado levaram o governo federal a criar o Estatuto do Desarmamento e o Congresso Nacional a confirmar a realização do referendo, só resta esperar, agora, que os eleitores exerçam com equilíbrio o direito de dizer "não" ao tolhimento de seus direitos. Hoje, são as armas. Amanhã, qual será a nova proposta absurda? Quem tem consciência vai pensar bastante e verificar que a única alternativa razoável para o futuro do Brasil é a primeira opção da urna eletrônica: "não" à pergunta sobre a proposta de proibição da comercialização de armas e munições no País.

Desde que a idéia de proibir armas foi lançada, no governo Fernando Henrique Cardoso, manifestei posição contrária a esse absurdo. Insisti nessa tese no governo Luiz Inácio Lula da Silva, argumentando que retirar armas de cidadãos não reduz índices de violência e criminalidade. Com a palavra, o povo!

Pessoas favoráveis ao Estatuto do Desarmamento alegam que a oposição à proibição de armas tem sido estimulada por lobistas ligados aos fabricantes de revólveres do Brasil. Isso não passa de um argumento furado, a começar pelo fato de haver no País apenas uma fábrica desse tipo e que quase não vinha mais vendendo revólveres nos últimos anos. Qualquer cidadão mais esclarecido sabe que as quadrilhas de assaltantes e de seqüestradores têm como conseguir armas no Brasil ou por contrabando, principalmente por meio da fronteira com o Paraguai. Portanto, não há dúvidas de que o povo brasileiro, ao ficar completamente desarmado, ficará ainda mais vulnerável ao ataque de bandidos, como aconteceu em países que adotaram a proibição de armas.

Pesquisas divulgadas nos últimos dias não merecem crédito, pois têm apresentado resultados que entram em choque. Um dos levantamentos chegou a apontar que 76% da população votarão pelo "sim", pela proibição de armas. Outras pesquisas, porém, mostram equilíbrio entre as duas tendências. Com o início da propaganda gratuita dos adeptos do "sim" e do "não" nas TVs e nas rádios, o povo tem mais acesso aos dois argumentos. Se o "sim" é defendido por artistas, poetas da imaginação e da ilha da fantasia, o "não" apresenta fatos concretos sobre o risco de gente de bem ficar desarmada. E alguns veículos da mídia apresentam equilíbrio, contribuindo para o debate saudável. Isso poderá evitar que, na noite do dia 23, os bandidos façam carnaval na Avenida Paulista!

*Afanasio Jazadji é radialista, advogado e deputado estadual pelo PFL

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