Apmal promove palestra sobre linguagem brasileira de sinais


14/05/2008 18:32

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Maria I. Vieira e Pinhata Junior<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/05-2008/LINGUAGEM SINAIS maria i.s. vieira e cel. pinhata (1 of 1)ROB.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Ricardo Nakasato durante palestra sobre Linguagem Brasileira de Sinais (libras)<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/05-2008/LINGUAGEM SINAIS ricardo nakasato (2 of 5)ROB.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Daniel Choi <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/05-2008/LINGUAGEM SINAIS daniel choi (6 of 10)ROB.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Realizou-se nesta quarta-feira, 14/5, por iniciativa da Assessoria Policial Militar da Alesp (Apmal) a palestra sobre Linguagem Brasileira de Sinais (libras), ministrada por Maria Inês da Silva Vieira, coordenadora do Programa de Acessibilidade da Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

O organizador do evento, coronel Celso Pinhata Junior (Apmal) disse que tomou conhecimento da linguagem dos surdos há alguns anos. No seu entendimento, sendo a Assembléia Legislativa considerada a Casa do Povo, os policiais devem estar habilitados a trabalhar com todo tipo de pessoa, proporcionando a elas um atendimento digno. Tendo conhecimento dessa linguagem específica, os policiais terão condições de prestar um serviço mais adequado.

"Tecnologias modernas e o aprendizado de línguas orais aparelham os deficientes auditivos a vivenciarem seu potencial e a lutarem por uma vida digna. Um seminário como este, que acontece por iniciativa da Polícia Militar, pode permitir que os policiais entendam a vida e a natureza dessas pessoas através da compreensão da sua linguagem específica. Isso é integração e respeito. É um trabalho que contribui para uma comunidade de qualidade superior", disse a deputada Célia Leão (PSDB), que participou do evento.

No início de sua carreira, Maria Inês da Silva Vieira trabalhava no setor de vestibulares da PUC e notou a ausência de surdos ingressando na universidade. Estudante de pedagogia, preocupou-se em descobrir porque o surdo não chegava ao ensino superior. Ao conhecer a Derdic, que já desenvolvia na PUC um trabalho de educação de surdos e de reabilitação dos distúrbios da audição, voz e linguagem, percebeu que o professor falava o português oral, mas, os alunos surdos, na hora do intervalo, usavam a linguagem dos sinais. Passou a se interessar em aprender essa linguagem especial e decidiu-se por trabalhar com a educação dos deficientes auditivos.

Para Maria Inês, a existência de políticas públicas específicas ajudaria na integração social e em uma educação mais adequada para os deficientes. Entretanto, segundo ela, deveria se pensar também na diversidade e na diferença individual dos surdos. "Deve-se entender que o surdo não integra o contingente do deficiente comum, porque esses partilham a mesma língua falada, que é o português. Na questão do surdo, existe uma diferença lingüística. Assim, para a implantação de políticas públicas, deve ser entendido que o surdo precisa, em primeiro lugar, aprender a libras para se habilitar a entrar no mundo da linguagem. Só a partir de então poderá ser alfabetizado na língua portuguesa, para que possa ser incluído como intérprete ou professor. Não dá para preparar uma criança surda para a inclusão sem o conhecimento da linguagem dos sinais. A política pública tem de estar preparada para entender essa realidade", declarou.

Para Ricardo Nakasato, deficiente auditivo que está cursando uma segunda faculdade e trabalha com a formação de surdos na Derdic, viver no mundo da linguagem normal equivale a viver em um país estrangeiro. "A integração depende de cada pessoa que a gente encontra na vida. Há algumas que já possuem o entendimento especial de como se relacionar com os surdos, mas aqueles que não têm esse conhecimento, realmente nos parecem um estrangeiro". Nakasato, particularmente, entende línguas de sinais de outras nacionalidades, uma vez que cada país desenvolve sua própria. Sua primeira linguagem é a libras, mas também está habilitado a entender as línguas de sinais americana, uma combinação de sinais internacionais, a dinamarquesa, a francesa e a argentina.

Na cidade paulista de Americana, Karem Garcia, soldado da PM há doze anos, integra o 19º Batalhão há dois anos e teve a iniciativa de trabalhar com atendimento aos surdos a partir de experiências que vivenciou na Igreja Batista de Marília, que freqüentava. Aprendeu libras, que procurou estender à sua prática profissional e a seus colegas, e passou a trabalhar como intérprete em ocorrências e diligências das quais participa. Seu superior, o primeiro-tenente Clóvis Fernando Miranda Rocha, considera que a integração proporcionada pelo uso da linguagem específica dos deficientes auditivos é fundamental, pois permite uma compreensão melhor das situações que os envolve. "Além disso, esse trabalho é gratificante ao policial como ser humano. A partir desses conhecimentos, a corporação presta à comunidade um atendimento mais adequado", explicou.

Segundo o coronel Pinhata Junior, os conhecimentos de atendimentos específicos deverão ser ainda estendidos aos deficientes visuais.

alesp