Seminário lança projeto para preservação de tradições


17/12/2004 17:26

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Da assessoria da deputada Maria Lúcia Prandi

Garantir a perpetuação de tradições culturais caiçaras do Litoral Sul de São Paulo, especialmente a produção e o estilo musical de viola iguapeana. Este é o objetivo do projeto Viola Peregrina, que será lançado neste final de semana, dias 18 e 19/12, com a realização do seminário "O que aprendi com meus pais". O evento acontecerá na EMEF do Guaraú, av. Cesário M. Faria, 150, Guaraú, em Peruíbe, a partir das 8h30.

"É um trabalho muito importante de resgate e valorização de tradições culturais, que corriam risco de caírem no esquecimento. Com esta iniciativa, está garantida a preservação desses valores e sua transmissão para as futuras gerações", enfatiza a deputada Maria Lúcia Prandi (PT). Professora de História, a parlamentar participará do seminário de lançamento do projeto, realizado pela ONG Mongue Proteção ao Sistema Costeiro, com patrocínio da Petrobrás.

Uma das metas do projeto é acompanhar e registrar, ao longo de 2005, todas os folguedos de núcleos tradicionais de moradores da Estação Ecológica Juréia-Itatins. O Viola Peregrina terá como condutora uma viola iguapeana. Produzido e tocado por um luthier local, o instrumento percorrerá várias comunidades da Juréia e será o elo para o registro de músicas, danças e festas religiosas caiçaras.

O projeto deverá estar concluído em 18 meses. Nesse período, serão produzidos programas para televisão e rádio, DVD e CD com as músicas e festas típicas, além de textos para a imprensa e manutenção do site e blog www.mongue.org.br/blongue. Outro objetivo do projeto é gerar renda para a comunidade local, com a construção de uma Escola Caiçara e a criação de uma cooperativa de luthiers e cantadores.

Conforme explica Plínio Melo, secretário-executivo da ONG, será implantada uma oficina de marcenaria. Além de produzir a viola iguapeana - instrumento típico do local, também poderão ser fabricados móveis, objetos de madeira e artesanato. "Assim, vamos garantir a continuidade da produção de itens da tradição caiçara, como a própria viola, e também possibilitar a geração de renda para estas pessoas", acrescenta Plínio Melo.

A singular cultura caiçara sofreu ao longo do tempo inúmeras golpes, que podem contribuir para o sua extinção. "Com o aperto da legislação ambiental e a especulação imobiliária, muitos núcleos de moradores tradicionais estão desaparecendo. Nosso objetivo é criar condições para conter esse processo de esvaziamento, preservando importantes aspectos da cultura brasileira", relata Plínio.

LUTHIER - O luthier é o nome dado à pessoa que produz a viola. No caso da viola iguapeana, o instrumento tem características específicas, tamanho, número de cordas e a afinação. Entre as músicas típicas daquelas comunidades caiçaras, está o fandango noite a dentro, tocado durante as festas religiosas e bailes. Além da viola iguapeana, acompanham a rabeca e o toque cadenciado do pandeiro.

mlprandi@al.sp.gov.br

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