Comissões investigam mortes de animais no zoológico


09/03/2004 20:22

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Reunião conjunta das comissões de Defesa do Meio Ambiente, de Segurança Pública e de Esportes e Turismo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Azoo1.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

DA REDAÇÃO

Com o fim de debater o andamento das investigações sobre a mortandade de animais no zoológico de São Paulo, a Assembléia Legislativa realizou nesta terça-feira, 9/3, reunião conjunta das comissões de Defesa do Meio Ambiente, de Segurança Pública e de Esportes e Turismo. A mesa foi composta pelos deputados Donisete Braga (PT), Romeu Tuma (PPS) e Marquinho Tortorello (PPS), presidentes das comissões, e teve como convidados Paulo Magalhães Bressan, diretor presidente da Fundação Parque Zoológico de São Paulo e José Catão Dias diretor técnico-científico. Também estiveram presentes os delegados Clóvis Ferreira de Araújo, chefe da unidade de inteligência do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (DECAP) e Jorge Márcio Arantes Cardoso, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da Polícia Federal em São Paulo.

A Fundação Parque Zoológico

Paulo Magalhães Bressan iniciou sua exposição fazendo um breve histórico da fundação, que funciona desde 1958 e tem um orçamento anual de R$ 13 milhões - R$ 7 próprios e R$ 6 repassados pelo Governo do Estado. "Situado no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, antigo Parque do Estado, o zoológico de São Paulo é o quinto maior do mundo. Ocupa uma área de 824 mil metros quadrados e cuida de 4 mil animais de centenas de espécies". Bressan explicou que a fundação conta com 21 funcionários efetivos, 100 bolsistas da Frente de Trabalho, 11 ex-presidiários da Fundação Professor Pedro Manoel Pimentel (Funap), 13 aprimorandos profissionais - o equivalente na veterinária à residência médica - e 39 voluntários não remunerados.

Morte de 62 animais

José Catão Dias, por sua vez, se ateve à morte dos animais, que se iniciou em 24 de janeiro, quando o chimpanzé Toni amanheceu morto, o que, de início, não levantou suspeitas. Após três dias, morreu um dromedário no Zoo Safári, a 900 m de distância. No dia 29 morreram três antas. "A partir daí descartamos a hipótese de ser apenas coincidência já que a autópsia de todos os animais indicarem insuficiência cardíaca e enfizema pulmonar. Estávamos diante de uma infecção ou de uma intoxicação". Catão explicou que, com a morte de animais de novas espécies, todos com os mesmos sintomas, reforçou a idéia de envenenamento, o que ficou confirmado com as análises de tecidos realizada pelo Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox), do Instituto de Biociências da UNESP de Botucatu. "Ao todo 62 animais morreram, uma elefanta, dromedários, antas chimpanzés, micos, porcos-espinho... Todos ele sob efeito do fluoracetado de sódio, um pesticida de uso proibido que é comercializado clandestinamente como raticida, sob o rótulo 'Mão Branca'".



Envenenamento criminoso

Segundo o delegado Clóvis Ferreira de Araújo, presidente do inquérito policial aberto em 6 de fevereiro, as investigações apontam para algum funcionário, já que há indícios de manipulação do veneno em áreas restritas ao público. "Nós acreditamos que o criminoso tenha adicionado a substância tóxica às bandejas de ração endereçadas aos animais, já que há indícios de que a dose do produto foi adequada ao porte dos animais". Ferreira afirmou não ter provas suficientes para descartar qualquer possibilidade, mas algumas delas são realmente improváveis, como o caso de intoxicação secundária provocada por excrementos de ratos. "Para que um animal do porte de um elefante morresse envenenado, seria preciso que 900 ratos urinassem em sua ração". Como prognóstico das investigações, o delegado não quis estipular uma data para a elucidação dos fatos, mas previu: "em breve teremos um suspeito principal, ou um grupo muito reduzido de suspeitos".



Desconfiança

Respondendo à indagação de Romeu Tuma, Bressan informou que os 15 funcionários que lidavam com o preparo das rações foram afastados, com vencimentos, embora não haja prova contra nenhum deles. "A suspeita de que a intoxicação tivesse origem na cozinha fez com que tomássemos medidas de segurança, que incluem o monitoramento de todo o preparo das rações até que sejam levadas aos animais. Também foram intensificadas as rondas, aumentados os postos fixos de vigilância e ampliada a iluminação." Dessa forma, a direção do zoológico pretende evitar que mais animais sejam mortos até que o culpado seja identificado. O delegado Clóvis Ferreira confirmou a possibilidade de ser a cozinha o palco do delito. "Parece que o criminoso evitava envenenar os animais carnívoros, que apresentam morte rápida. Ele preferiu atacar herbívoros e onívoros, que demoram várias horas para morrer. Esse lapso de tempo torna ainda mais incerta a autoria e ajuda o criminoso a se ocultar", finalizou.

alesp