O problema como parte da solução: energia limpa a partir de resíduos


01/10/2007 19:20

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O seminário buscará formular recomendações que possam vir a gerar medidas legislativas ou regulatórias transformando os problemas, em parte da solução<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/RES SOLIDOS Pres Vaz de Lima (5)MAU.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O problema, no caso, é como se livrar dos resíduos sólidos da atividade humana, isto é, o lixo no seu sentido mais amplo. A vida em sociedade, seja nas atividades privadas, seja nas atividades produtivas, produz uma quantidade considerável de resíduos sólidos que, na escala atual da nossa organização social e econômica, não pode ter uma solução caseira, como seria o caso em pequenas sociedades "primitivas" ou em comunidades rurais pouco complexas.

O tratamento tradicional do lixo " acumular em algum canto até começar a se corromper e então queimar, ou despejar num buraco ou num curso de água " por incrível que pareça, ainda é, mutatis mutandis, a tecnologia dominante, mesmo em grandes centros urbanos modernos. É o caso da generalidade de nossas cidades, mesmo no Estado de São Paulo, apesar da legislação pertinente estar evoluindo rapidamente.

Para se ter uma idéia, mesmo impressionística do tamanho do problema, vamos considerar alguma ordem de grandeza. Numa grande cidade, como a Capital do Estado, são produzidas algo em torno de 15 mil toneladas por dia. A partir daí podemos estimar quantas centenas de viagens seriam necessárias para coletar diariamente o lixo urbano e, além disso, os milhares de quilômetros a serem percorridos para a destinação final do lixo, uma vez coletado.

Isto implica em custo de equipamentos pesados para coleta, em mão de obra intensiva, uma vez que parte da coleta e feita manualmente, e no custo do combustível com seus efeitos colaterais em termos de gases de efeito estufa gerados no transporte. E aí começa a segunda parte do problema. Coletado, o lixo já não pode simplesmente ser despejado a céu aberto, pois mesmo onde a legislação ainda não é plenamente cumprida os moradores de áreas que, no passado, poderiam ser destinadas aos "lixões", já não os aceitam. Independentemente dos moradores, a sociedade como um todo já desenvolveu uma consciência ecológica e não é necessário viver na vizinhança de um despejo de lixo para que os cidadãos protestem e criem um movimento contrário.

A exemplo do despejo em lixões, também a incineração pura e simples do lixo urbano está prescrita. Uma das alternativas menos "sujas" tem sido a criação de aterros sanitários, mas essa solução ainda coloca dois tipos de problemas. O lixo orgânico aterrado produz gases que, em ambiente compactado, têm que ser descartados e, no passado, eram simplesmente queimados. O outro tipo de problema é que os terrenos adequados para esse tipo de destinação do lixo são cada vez mais escassos e distantes, provocando um custo adicional de transporte.

Assim sendo, o problema que as áreas urbanas precisam resolver rapidamente, tanto pelo custo que representa quanto pelo efeito ambiental indesejável, é o de adotar uma tecnologia que permita diminuir drasticamente o custo da coleta e da destinação final do lixo, eliminar ou diminuir seus efeitos ambientais e, se possível, produzir um ganho adicional quantitativo ou qualitativo. Essa tecnologia existe, e vai bem obrigado, embora precise ser aperfeiçoada.

A produção agrícola também coloca problemas de destinação de resíduos da atividade produtiva. Hoje, com a busca de fontes renováveis e mais "limpas" de energia, os resíduos da colheita mecanizada da cana-de-açúcar podem melhor representar esse tipo de problema. Tais resíduos, que eram antigamente simplesmente queimados para viabilizar a colheita manual, juntamente com o bagaço do beneficiamento da cana, formam um volume significativo de matéria orgânica altamente energética.

É para avaliar as diversas alternativas de aproveitamento energético de resíduos, tanto provenientes do lixo urbano como da agroindústria canavieira, que a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo está realizando dois seminários sobre "O Problema Como Parte da Solução: Aproveitamento Energético de Resíduos*". Eles terão lugar nos dias 1º. e 17 de outubro, o primeiro sobre energia do bagaço da cana e o segundo sobre energia do lixo (WTE, "Waste To Energy") na sigla em inglês. Em ambos os casos o seminário buscará formular recomendações que possam vir a gerar medidas legislativas ou regulatórias de incentivo à adoção de tecnologias visando ao aproveitamento limpo dos potenciais energéticos dos resíduos, transformando-os, de problemas, em parte da solução.

alesp