Você ainda vai ter um veículo flexível

Opinião
10/08/2005 18:51

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Deputado Arnaldo Jardim<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/ajardim.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Nosso álcool combustível começa a ganhar o mundo. O que era um mercado potencial começa a tomar contornos mais nítidos. A exportação brasileira de álcool não é novidade, mas o volume e a mudança de perfil do produto chamam a atenção. Antes, a maior parte do produto era destinada para fins industriais, enquanto os dados atuais registram um interesse cada vez maior pelo nosso combustível verde.

No ano passado, exportamos 2,4 bilhões de litros de álcool, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão ligado ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Entre os principais compradores estão os Estados Unidos, com 592.671 milhões de litros " pela primeira vez um volume significativo, levando-se em consideração a sobretaxa de US$ 0,54/galão, além do imposto de importação de 2,5%, o que demonstra a competitividade do nosso produto frente ao nosso principal concorrente. Outros países importantes são: Índia, com 400.936 milhões de litros; Holanda, 207,152 milhões de litros; Japão, 158.885 milhões de litros; Nigéria, 126,348 milhões de litros; e Coréia do Sul, 112,321 milhões de litros.

Após a visita ao Brasil do primeiro ministro japonês, Junichiro Koizumi, em setembro último " quando, acompanhado pelo governador Geraldo Alckmin, conheceu usinas e destilarias da região de Ribeirão Preto ", duas missões brasileiras já foram ao país do sol nascente para apresentar os benefícios, sejam eles econômicos ou ambientais, da mistura do álcool na gasolina. Em janeiro de 2005, foi realizada uma missão técnica " coordenada pela União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica) " para tirar dúvidas sobre a mistura, a emissão de poluentes e a logística. A segunda visita, em menos de seis meses, foi organizada pela Presidência da República, e contou com a participação do próprio presidente e ministros de estado, além de 400 empresários brasileiros. Em meio às discussões, um dos produtos que despertou maior interesse foi o álcool combustível.

Na ocasião, foram fechados acordos de venda e estudo, além da criação de uma comissão governamental para introduzir o etanol na matriz energética japonesa. Destaque para a Copersucar, que acertou um compromisso de venda de 15 milhões de litros para a Kotobuky Nomryo, uma grande distribuidora japonesa. Além disso, a Companhia Vale do Rio Doce, Petrobrás e a Mitsui assinaram um memorando de entendimento para desenvolver estudos de logística que permitam a exportação de etanol para o Japão e outros mercados.

Segundo cálculos do próprio setor sucroalcooleiro, o Brasil tem a possibilidade de manter a liderança na produção e na exportação de álcool carburante, em virtude das condições favoráveis de clima, terras, experiência, matéria-prima e eficiência. Essa safra já será mais alcooleira, segundo a Unica, em virtude de uma realidade palpável, o sucesso de vendas dos chamados veículos flexíveis " capazes de rodar tanto com álcool, como gasolina ou qualquer mistura entre os dois.

Antigamente, com o carro movido exclusivamente a álcool, era impossível convencer outros países a adotar o nosso biocombustível, pois estabeleceria uma dependência da qual estes não se submeteriam. Agora, com o carro flexível, a situação se alterou.

No mercado interno, as recentes altas da gasolina fizeram decolar as vendas deste tipo de veículo. Segundo a Anfavea " Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores " em 2004, foram comercializados 328.379 veículos flexíveis, 21,6% do total de veículos novos vendidos, que, somados com aos veículos a álcool, totalizaram 379.328 unidades, ou seja, 25,9% do total. Em 2005, as vendas dos flex, até julho, foram de 381.168 unidades, 42,4% do total comercializado, que, com as vendas de veículos a álcool, chegaram a 399.729, ou seja, 44,5% de todas as vendas de carros novos.

A ratificação do Protocolo de Kyoto, acordo global para combater as emissões de poluentes derivados da queima de combustíveis fósseis, além das recentes altas do petróleo no mercado internacional, que alcançou o patamar de US$ 60/barril, também aumentam a expectativa de que o produto brasileiro possa, em breve, ser encontrado nos quatro cantos do mundo.

No âmbito da Frente Parlamentar pela Energia Limpa e Renovável, quero continuar lutando pela redução da alíquota de IPI para os veículos flexíveis, além de colocar em pauta a discussão sobre a implantação da frota verde, em que os órgãos públicos interessados em renovar sua frota o façam por veículos dotados desta tecnologia. Afinal, além de representar uma importante economia para os cofres públicos, o incentivo ao álcool significa beneficiar o meio ambiente, gerar empregos e renda em nossa própria casa.

Arnaldo Jardim*

Deputado Estadual e Coordenador da Frente Parlamentar pela Energia Limpa e Renovável

arnaldojardim@arnaldojardim.com.br

www.arnaldojardim.com.br

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