Independência Energética

Opinião
24/04/2006 18:12

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Arnaldo Jardim<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/ajardim.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O nosso País tem na Petrobras um motivo de verdadeiro orgulho nacional. A empresa nasceu da luta de uma série de patriotas que não se vergaram à supremacia tecnológica e econômica dos gigantes do petróleo internacional. Buscaram a meta da auto-suficiência, embalados pelo ideário de tantos brasileiros, como Monteiro Lobato.

A Petrobras é atualmente uma das maiores companhias do mundo, com um faturamento bruto anual de R$ 179 bilhões, valor dez vezes superior ao orçamento do Município de São Paulo. Em 2005, teve um lucro de quase R$ 24 bilhões, sem contar os R$ 10 bilhões arrecadados pelo imposto de renda. Deste resultado, 99% são oriundos das áreas de exploração, produção e refino. Ou seja, diante da alta nos preços internacionais do petróleo, o lucro por ação foi de US$ 2,36, só no ano passado.

Os investimentos previstos para os próximos cinco anos serão de US$ 56,4 bilhões, ultrapassando, muitas vezes, o total de recursos investidos pelo próprio governo federal. A empresa, por exemplo, dispõe de uma experiência em prospecção e extração de petróleo em águas profundas, acima de dois mil metros de profundidade, desenvolvida em conjunto com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), que nem mesmo os ingleses conseguiram superar no Mar do Norte.

Hoje, tudo que consumimos de petróleo extraímos no próprio território nacional. Embora o nosso petróleo tenha características singulares por ser mais pesado, o que faz com que no mix de produção tenhamos excesso de gasolina e falta de diesel " o que determina que acabemos exportando gasolina e importando diesel.

Diante disso, o objetivo é o de não parar, continuar investigando e buscando fazer com que a Petrobras se consolide como uma empresa, nacional e internacional, na área de produção. Mais do que isso, fazermos com que ela possa estabelecer parcerias com outras empresas para fazer frente aos gigantes petrolíferos internacionais.

Resta, porém, duas reflexões que são fundamentais. Primeiro, a discussão sobre a nossa matriz energética. Falta-nos uma política energética que contemple a eficiência, passe pela estabilidade regulatória e fixe o papel relativo das diferentes fontes energéticas e dos combustíveis. Queremos, assim, uma Petrobras que seja menos uma petrolífera e mais uma empresa lato sensu.

Durante muito tempo, por exemplo, esta fez restrições à entrada do álcool na nossa matriz energética, uma postura que não pode persistir. A Petrobras deve ser, ao contrário, um elemento para impulsionar formas alternativas de energia, cumprindo um papel estratégico na exportação de álcool, na medida em que tem a logística e o conhecimento comercial.

No campo dos biocombustíveis, temos a oportunidade de inovar com o biodiesel. Embora a sua a adição de 2% seja obrigatória a partir de 2008, gerando uma demanda de 800 milhões de litros/ano, nossas plantas têm uma capacidade instalada de apenas 176 milhões de litros/ano, por isso é fundamental a sua participação ativa na viabilização deste combustível.

Não se pode abstrair em meio ao ufanismo que o governo federal tenta desencadear com a auto-suficiência, que esta só foi possível num contexto recente, em que o Brasil registrou um crescimento de 7,78% no PIB (Produto Interno Bruto), acumulados nos últimos três anos. Graças a este desempenho pífio da nossa economia, hoje consumimos cerca de 1,8 milhões de barris/dia. Tivéssemos um ritmo mais acentuado de crescimento, ao menos semelhante à média da América Latina, o nosso consumo seria de dois milhões de barris/dia e as festividades da auto-suficiência, que todos almejamos, ficariam para mais tarde.

Vamos festejar este recorde, a auto-suficiência, o nosso conhecimento científico e tecnológico proporcionado pela Petrobras. Mas precisamos estar atentos para que este patrimônio nacional continue a se desenvolver, que consolide o conceito de empresa energética e esteja preparado para um crescimento para valer, que consumirá muito mais energia, assegurando uma melhor qualidade de vida ao povo brasileiro.



*Deputado Arnaldo Jardim

Coordenador da Frente Parlamentar pela Energia Limpa e Renovável

arnaldojardim@arnaldojardim.com.br

www.arnaldojardim.com.br

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