São Bento do Sapucaí: inspiração para a canção "No Rancho Fundo"

Estâncias Paulistas
08/07/2010 19:50

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Cachoeira do Gigante<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/07-2010/Cachoeira do Gigante.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Artesanato Ditinho Joana<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/07-2010/artesanato Ditinho Joana.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Bloco do Zé Pereira<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/07-2010/Bloco do Ze Pereira.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A cidade de São Bento do Sapucaí está situada no Estado de São Paulo na divisa com Minas Gerais. Sua população foi estimada em 2004 em 11.207 habitantes. O nome da cidade advém do santo padroeiro e do rio Sapucaí, nome que, na linguagem indígena, significa "rio que grita". A 185 km de São Paulo, a cidade montanhosa está em uma altitude média de 1.500m acima do mar e apresenta matas praticamente virgens formadas de araucárias e outras árvores nativas, que abrigam animais silvestres como tucanos, papagaios, maritacas, beija-flores, saguis, esquilos, lobos-guará etc. Ela é um dos 15 municípios paulistas considerados estâncias climáticas, por cumprir determinados requisitos definidos por lei estadual. O status garante verba do Estado para a promoção do turismo regional.



Pedra do Baú



São Bento do Sapucaí abriga um dos pontos mais altos do Estado de São Paulo, o complexo do Baú, formado por três montanhas de pedra: Bauzinho, Pedra do Baú e Ana Chata. Avistado por vários pontos da serra da Mantiqueira, a Pedra do Baú, nome advindo do tupi-guarani, Embaú, significa "ponto de vigia". Para se chegar ao cume da pedra é necessário subir 600 degraus feitos de grampos cravados na pedra. Completam o Complexo da Pedra do Baú as pedras adjacentes, Ana Chata e Bauzinho, com vista excepcional de todo o Vale do Paraíba.

O município tem também cachoeiras, como a cachoeira do Toldi, com uma queda de 70 m de altura e um visual em meio a mata fechada; a cachoeira dos Amores, com conjunto de quedas e poções que permitem banhos em dias de calor; e a cachoeira do Serrano, ou "tobogã", que possui uma queda amena e um poço raso, recomendada para crianças.

Muitas estórias são contadas pelos moradores mais antigos. O folclore e a tradição vêm desde os tempos dos escravos, no bairro do Quilombo e permanecem até hoje. O mestre escultor Benedito da Silva Santos, o Ditinho Joana, conhecido nacional e internacionalmente, reforça a paixão pelo passado, retratando o dia a dia do homem do campo, que sai todas as manhãs para trabalhar com o gado, com a lavoura, utilizando sempre o sapatão desgastado e característico. Sapatão este que é a marca registrada do trabalho deste grande escultor.

A Associação dos Artesãos do Bairro do Quilombo mantém o espaço Arte no Quilombo, que reúne trabalhos de vários artesãos do bairro, com destaque para peças feitas com a palha de bananeira. São encontrados também na cidade trabalhos a base de mosaicos do artista Ângelo Milani na capelinha Santa Cruz e no muro da Escola Estadual Dr. Genésio Cândido Pereira, e peças feitas a partir do cobre, do artista Zé Folheiro.

As manifestações carnavalescas também despertam grande interesse nos visitantes da cidade, que com os quatro bonecões tradicionais, que têm mais de dois metros de altura, popularmente apelidados de Zé Pereira, Maria Pereira, Mariazinha e Zezinho, desfilam pelo centro da cidade com o toque tradicional da Lira Musical Sambentista.

A população sambentista é tradicionalmente católica e herdou dos antepessados a arquitetura antiga, casarões espalhados por todo o centro da cidade e uma infinidade de igrejas datadas do século 19, que hoje possibilita o circuito religioso, onde são preservados, em grande parte, os materiais em adobe e terra vermelha, com os quais eram construídas, resgatando assim, nas imagens e pinturas, a história dos primeiros habitantes: índios, bandeirantes e escravos.

Para os amantes da gastronomia, a cidade paulista exala no ar o cheiro das deliciosas comidas preparadas ao estilo mineiro, com direito a fogão à lenha e temperos produzidos com produtos fresquinhos de plantio da região. O município da serra da Mantiqueira possui também grande vocação para a agricultura e para a fruticultura. Suas terras férteis permitem o plantio de verduras, vegetais e frutas, que pelas suas variedades e qualidades, estão sendo cada vez mais requisitadas entre os turistas. A framboesa-dourada é um exemplo deste sucesso, fruta fina e exótica, é bastante apreciada nacionalmente e é encontrada na cidade. Cultiva-se também banana, atemoia, morango, amora, pêssego, ameixas, mirtilo, maçã e variedades viníferas de uvas.

São Bento do Sapucaí foi inspiração para que Lamartine Babo compusesse a conhecida canção "No Rancho Fundo", que traduz o sossego e as belezas desta terra localizada no alto da Serra da Mantiqueira. Foi nesse ambiente que Lamartine Babo fez tratamento de saúde, usufruindo das propriedades curativas do clima local.



História



A história de São Bento do Sapucaí remonta ao tempo do bandeirantismo, quando os paulistas de Taubaté galgavam a serra da Mantiqueira. Pelo caminho velho do sertão, seguindo o curso do rio Sapucaí, alcançavam as regiões auríferas das Minas Gerais. Gaspar Vaz da Cunha, o Oyaguara, foi um dos primeiros a se fixar no vale do Sapucaí.

No lugar, vastas fazendas desenvolveram a criação e o comércio de gado. Havia uma acirrada disputa pelo domínio da terra conquistada pelos paulistas com os moradores da capitania de Minas Gerais. Entre os fazendeiros, destacou-se José Pereira Alves, fundador da cidade. Natural do Rio de Janeiro e morador de Pindamonhangaba, ele adquiriu terras da região do Sapucaí-Mirim e se instalou com os familiares e escravos.

Pereira Alves doou terras para a construção de uma capela em louvor a São Bento, cuja imagem achava-se na capela da Guarda Velha, um pouco distante do povoado. No dia 3 de fevereiro de 1832, o padre Manuel Alves Coelho, de Pindamonhangaba, chegou e tomou posse de seu rebanho, fazendo o primeiro batizado numa casa particular, enquanto se construía a igrejinha para a qual foi transladada definitivamente a imagem de São Bento, vinda da Guarda Velha. A atual matriz só foi construída por volta de 1853.

Precisamente em 30 de março de 1876, São Bento do Sapucaí tornou-se cidade pela Lei 48, transformando-se em estância climática por lei estadual de 26 de janeiro de 1976. A população sambentista é tradicionalmente católica e herdou dos antepassados a celebração de muitas festas religiosas, destacando-se as festas de Nossa Senhora dos Remédios e São Benedito como as mais antigas ainda celebradas na cidade, introduzidas no século passado. Ao lado delas destacam-se a festa de Santo Antônio, Santo Expedito e Semana Santa.

O povo, místico, mantém suas crenças, costumes e lendas que formam o folclore da região. Essas manifestações folclóricas se traduzem em danças, cantigas e artesanato, destacando-se a Catira, a Dança de São Gonçalo, os cantos de mutirão e a Encomendação das Almas. Das lendas são as mais comuns: saci, mula sem cabeça, assombração, corpo seco e as da pedra do Baú.

Parte importante do folclore da cidade é o Carnaval. Documentos antigos nos dizem que a festa era denominada "Saraus à fantasia", logo no início do povoado. Por volta de 1890, já existiam os grupos carnavalescos, sujeitos à rigorosa legislação da Câmara Municipal da Intendência, que os obrigavam a portarem cartão de identificação e lhes proibia qualquer abuso, usando a justificativa de se acharem mascarados.

Há mais de um século, surgiram as figuras do Zé Pereira e da Maria Pereira, bonecos gigantes inspirados no folclore nordestino. Sua introdução no carnaval sambentista se deve à família Cortêz, João e Antônio Cortêz. Até hoje esses bonecos fazem a alegria das crianças e visitantes, no período carnavalesco, sambando e desfilando pelas ruas da cidade.

alesp