Fórum debate pesquisa científica em iniciação esportiva

Especialistas afirmam que pesquisa pode enriquecer o dia a dia da educação física
21/10/2011 21:23

Compartilhar:

Felipe Mello<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/10-2011/ForumPesqCientificaEsportefelipe.JPG' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Osvaldo Luiz Ferraz <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/10-2011/ForumPesqEsporteParte221out11Mauri OKOsvaldoLuizFerraz.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Carreira: obesidade na adolescência está relacionada a diversas doenças<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/10-2011/ForumPesqCientificaEsporteParteI20out11 VMClaudiaCezarDanielCarreira.JPG' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Cláudia Cezar, diretora do Instituto Perfil Esportivo: "a obesidade é um fator hoje encontrado em algum grau em 50% dos alunos"<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/10-2011/ForumPesqCientificaEsporteParteI20out11 VMClaudiaCezar.JPG' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> José Enrique Rossi<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/10-2011/ForumPesqEsporteParte221out11MauriJoseEnriqueRossi.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Jorge de Lima: o bom texto tem de ser enxuto<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/10-2011/ForumPesqEsporteParte221out11Mauri JorgedeLima.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Simão Pedro<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/10-2011/ForumPesqCientificaEsporteParteI20out11 VMClaudiaCezarSimaoPedro.JPG' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Em ação conjunta das Comissões de Educação e Cultura e de Assuntos Esportivos, com o apoio da liderança do PT, a Assembleia Legislativa promove nesta sexta e sábado, 21 e 22/10, o 1º Fórum sobre Pesquisa Científica em Iniciação Esportiva no Clube e na Escola.

Ao abrir o encontro, o deputado Simão Pedro (PT), presidente da Comissão de educação e Cultura, destacou a importância do tema e afirmou que há empenho de vários parlamentares para que o Estado de São Paulo elabore um plano estadual de educação, com normas para todas as áreas, inclusive educação física. O parlamentar também defendeu a utilização dos royalties do pré-sal para a educação e cultura.



Perfil nutricional



Para a professora Cláudia Cezar, diretora do Instituto Perfil Esportivo, o evento tem por objetivo sensibilizar os educadores para a importância da pesquisa em sala de aula. Para a professora, o educador deve avançar e construir instrumentos práticos e simples de análise do grupo com o qual está trabalhando. Com exemplo sugere o levantamento do perfil nutricional de seus alunos. "Ele deve saber quantos dos educando têm sobrepeso, quantos estão subnutridos e quais as alternativas possíveis de modificar esta realidade".

A educadora deu outro exemplo de uma classe em que há crianças com obesidade e o professor não tem atenção ao fato e mantém a atividade de corrida, quando na verdade deveria propor uma caminhada ou outra movimentação física não ligada diretamente à prática de um esporte e orientar o aluno para rever seus hábitos de alimentação e de vida.

"A obesidade é um fator hoje encontrado em algum grau em 50% dos alunos e os professores têm que ficar atentos e complementar suas atividades com informações de outras áreas que possam contribuir para o bem-estar do aluno e favorecer uma vida longa e saudável", alerta.

Cláudia reforça a necessidade de o professor desenvolver a inteligência sinestésico-corporal dos alunos, que é a percepção com o corpo do que está acontecendo no ambiente. "O que se observa na rua é que as pessoas estão dando mais encontrões e caminham olhando para o chão, com o desenvolvimento desta capacidade sinestésica a pessoa consegue atender o celular e caminhar sem risco, pois sua percepção está ativa", pondera.

Segundo Walter da Silva, outro coordenador do evento, o programa tem atividades ao longo dos dois dias que favorecem a incorporação da pesquisa no dia a dia da docência e traz para reflexão outras práticas esportivas, como o ensino e aprendizagem da prática do bumerangue, como forma de tornar mais atraente o incentivo à prática da atividade física. (PM)



O vestibular desvirtuando a educação



O conceito de paideia elaborado na Grécia clássica a respeito do processo de educação em sua forma verdadeira, natural e genuinamente humana, foi lembrado pelo ator e comunicador Felipe Mello, da ONG Canto Cidadão, que expôs o painel Contribuições da Paideia para superarmos a efêmera capacidade de passar no vestibular.

Para ele, o desafio imposto aos jovens não distingue instrução de educação, este um conceito bem mais amplo e útil ao indivíduo e à sociedade. "Antes da técnica, a ética", resumiu. "O vestibular, da forma como é utilizado hoje, é um monstro insaciável devorador da verdadeira educação. É prova inconteste da mediocridade do nosso processo de formação de seres humanos. Ele explicou que o objetivo da educação deveria ser a difusão de sabedoria, que seria o conhecimento temperado pela ética. (FC)



Exercícios realizados em curtos períodos, várias vezes ao dia, emagrecem mais



Hábitos alimentares inadequados e sedentarismo são os principais motivos que fizeram triplicar, em três dácadas, o número de obesos no Brasil, tanto em adultos quanto em crianças. O professor de educação física Daniel Carreira abordou o tema na palestra Pesquisa Científica Translacional em Obesidade na Infância e Adolescência.

Segundo ele, a obesidade, principalmente entre adolescentes, está relacionada à incidência de diversas doenças, como síndrome metabólica, gordura hepática, transtornos alimentares, ansiedade, depressão etc.

Entretanto, há uma boa notícia: estudos experi­mentais realizados pela equipe integrada por Carreira mostram uma forma mais eficiente de se combater o excesso de gordura corporal. "O exercício realizado de forma fracionada no decorrer do dia é mais efetivo do que o exercício realizado por várias horas seguidas no controle da obesidade e da gordura hepática". Para ele, a solução seria reservar, durante jornada de trabalho, alguns períodos de exercício de poucos minutos. As práticas sugeridas vão de caminhadas a serviços domésticos.

O professor ainda enumerou várias ações que podem ser tomadas no âmbito da escola para diagnosticar a prevalência da obesidade e incentivar hábitos saudáveis.



Educação física: professor da USP discute pesquisa científica em escolas



O professor da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo Osvaldo Luiz Ferraz falou sobre o tema O Processo de Vir a Ser Produtor e Consumidor de Pesquisa Científica na Área de Educação Física. Para ele, é preciso pensar em três momentos para a pesquisa em educação física: o problema e sua relação com o campo escolar, análise de publicações científicas que tratem do assunto e a pós-graduação em educação física e esporte.

Ferraz discutiu, também, a questão da pesquisa em educação física no campo escolar e, segundo ele: "a escola é uma instituição estratégica para o desenvolvimento de pesquisas, pois está presente em todo o país e é o local onde sempre existem práticas esportivas".

O que falta, segundo Ferraz, são pesquisas mais densas na área. Para ele, "é muito comum pesquisadores afirmarem que alunos do ensino médio não gostam de educação física. Há muitas pesquisas sobre isso, mas elas servem apenas para uma descrição superficial. É preciso entender o contexto da instituição, o porquê de isso acontecer".

Segundo o professor, há um campo muito grande na área a ser explorado. "Cerca de 40% das pesquisas são na parte de jogos e pouco se investiga sobre a eficácia de programas esportivos nas escolas. Esse seria um bom campo para pesquisa e também para consumo", completou.



Programa busca incentivar a prática esportiva por meio de atividades lúdicas



Em palestra sobre o programa Recreação pelo Movimento, o professor de educação física José Enrique Rossi fez breve relato sobre a trajetória, os desafios e as conquistas dessa política pública aplicada na rede municipal de ensino de Itapevi.

O programa, que surgiu em 2005 a partir de um convite da secretaria de Educação e Cultura do município, foi implementado inicialmente em 16 escolas de ensino fundamental e infantil e contava apenas com a ajuda de professores polivalentes, isto é, sem formação na área de educação física. Rossi explicou que o objetivo é não apenas incentivar a prática esportiva, mas o movimento corporal por meio de atividades lúdicas, o desenvolvimento do trabalho em equipe e o respeito ao próximo.

Após análise de relatórios enviados pelas escolas e visitas em algumas delas, foram escolhidas para participar do projeto-piloto as que apresentavam condições precárias em termos de infraestrutura e recursos. Uma das dificuldades apontadas por Rossi foi a resistência ao projeto por parte dos professores. "Eu percebi que discutir educação física com os coordenadores e professores era dar uma noção do que é a disciplina, porque eles tinham o conceito muito restrito", contou.

O palestrante disse que houve grande investimento em materiais, como bolas, petecas, cordas, cones, frisbees, livros, CDs e DVDs, e na produção de eventos envolvendo todas as escolas, como torneios de queimada, de bumerangue, além de festivais com músicas e brincadeiras.

Rossi ainda ressaltou que, num período de três anos, os profissionais da área foram percebendo a importância do programa e, em algumas escolas, as crianças apresentaram comportamento menos agressivo e os professores demonstraram se envolveram mais com a iniciativa. Atualmente, 61 escolas da rede pública de ensino infantil e fundamental participam do programa e contam com professores polivalentes e profissionais com formação na área.



Ler e escrever: a transmissão de conhecimento



O último palestrante do evento foi o professor de Letras da USP Jorge de Lima, que falou sobre a ética nos textos, em especial nas pesquisas acadêmicas. O professor lembra que nesse caso a ética não é um assunto jurídico e que seus princípios são pautados em diretrizes definidas entre os participantes do grupo de trabalho.

Para exemplificar a falta ética nas pesquisas o palestrante mencionou dois clássicos da literatura: Franksenstein ou O Moderno Prometeu, de Mary W. Shelley, e O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson. "Nos dois casos os cientistas deixaram a ética de lado", lembra Lima. O professor enfatizou que para produzir um texto o autor precisa se libertar de paradigmas e ler muito, todos os gêneros de leitura.

"A partir da literatura é possível produzir ciência. Tenho muitos clientes que fazem citações (desde que caibam no contexto) em seus artigos." Jorge Lima lembra que Sigmundo Freud se baseou em três livros para apresentar o complexo de Édipo: Édipo rei, de Sófocles, Os Irmãos Karamazov, de Dostoiévski, e Hamlet, de William Shakespeare.



Ter o que dizer



"Oscar Wilde tem uma simples receita para escrever: Ter o que dizer. E dizê-lo". Segundo Lima, embora a dica pareça simples, é preciso conhecimento e mente aberta para produzir. "Acabar um texto, não significa que acabamos nosso trabalho. Inicia-se a fase da lapidação, de tirarmos os excessos. "O professor explica que os "excessos" fazem parte do nosso treinamento para a escrita.

alesp