CPI da pedofilia prende dois suspeitos durante depoimento


12/06/2008 18:50

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CPI que apura práticas de pedofilia <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/06-2008/PEDOFILIAMESA_3224ZE.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Senadores Magno Malta e Romeu Tuma <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/06-2008/PEDOFILIA MESA BRINQ 3209ZE.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/06-2008/PEDOFILIA GERAL MAC 18.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Senador Magno Malta<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/06-2008/PEDOFILIA SenadorMagnoMalta MAC 17.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Nesta quinta-feira, 12/6, o senador Magno Malta (PR-ES) presidiu, no Plenário José Bonifácio da Alesp, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), do Senado, criada com a finalidade de investigar e apurar a utilização da internet para prática de crimes de pedofilia e a ligação destes usuários com o crime organizado. O diretor de Relações Institucionais da UOL, Gil Torquato, foi convidado a explicar como o portal alerta seus usuários contra a pedofilia e os orienta a denunciar esse tipo de crime.

A quebra de sigilo do site de relacionamentos Orkut revelou que um grande número de participantes utiliza este espaço para aliciar crianças para a prática de pedofilia. Segundo o senador Malta, foram encontrados pedófilos em diversos locais do mundo, especialmente na Índia. Para ele, muitas pessoas não imaginavam que poderiam ser descobertas se praticassem crimes através desse novo meio de comunicação, a internet.

Gil Torquato esclareceu aos membros da CPI que o portal UOL está sempre se aprimorando para facilitar o acesso aos links para seus usuários efetuarem denúncias. O site possui, segundo o diretor, mais de três mil salas de bate-papo com cerca de três milhões de acessos ao dia. A sala de incesto, por exemplo, aberta por assinante, tem todos os dados armazenados desde sua criação e as demais salas geradas por usuários possuem os e-mails dos criadores, e se o conteúdo for impróprio, o usuário tem o e-mail cancelado automaticamente. "Em todas as seções fazemos questão de colocar links de denúncia e enfatizar que pedofilia é crime", afirmou Torquato, que complementou dizendo que as denúncias podem ser feitas por telefone ou pelo próprio site e, além disso, seus assinantes e usuários recebem constantemente mensagens para denunciarem. Além do portal UOL, o SaferNet Brasil possui 126 mil denúncias, sendo que, segundo Thiago Tavares - presidente do órgão, 40% são de crimes de pedofilia e 1.005 denúncias foram feitas por usuários do UOL.

O procurador do Ministério Público Federal Sérgio Suriama informou que desde dezembro de 2005 há um acordo com os provedores Embratel, Terra, UOL e IG para que eles ajudem a combater crimes cibernéticos. Além de colocar links que facilitem o acesso aos receptores das denúncias, essas empresas orientam seus usuários sobre o que é e o que não é crime e os incentivam a denunciar quando um crime é cometido. Suriama afirma que, segundo esse acordo, os portais precisam armazenar as informações dos usuários por, pelo menos, seis meses. "O maior problema encontrado hoje é a resistência dos provedores internacionais, principalmente o Google, pois eles não colaboram com o combate a crimes cibernéticos. Ainda de acordo com o procurador, o Orkut é o local onde há o maior número de denúncias, 90% dentre os demais sites.

Questionado pelo deputado José Bruno (DEM) sobre o controle das idades dos usuários que acessam as salas de bate-papo classificadas como impróprias para menores, Torquato afirmou que é impossível verificar a real idade das pessoas que acessam essas salas, mas que eles utilizam todos os meios possíveis para alertar os internautas. Malta acredita que uma possível solução para encontrar esses aliciadores e pedófilos é que haja uma legislação que obrigue os portais a colocar mediadores humanos 24 horas por dia nos sete dias da semana. Torquato informou que é complicado seguir esta proposta, pois para monitorar todas as salas, só no portal da Uol, seriam necessários cerca de nove mil mediadores.



Presos na reunião



O acusado de distribuir imagens de sexo com crianças e de oferecer programa com menores de idade, Márcio Aurélio Toledo, 36, foi o primeiro a depor. Ele negou fazer parte da rede e disse que recebia os vídeos em casa, feitos por outras pessoas.

Toledo disse estar disposto a falar para obter o benefício da delação premiada, porém, quando os senadores Magno Malta (PR-ES) - presidente da CPI - e Romeu Tuma (PTB-SP) começaram a mostrar os vídeos, com imagens dos supostos pedófilos, ele se negou a dizer os sobrenomes, alegando saber apenas os prenomes. Para Malta, isso é insuficiente. "Ele não disse nada, apesar de ter aceitado colaborar com a delação premiada, mas, desse jeito, sem falar nada, vai ser difícil", declarou. Toledo está preso desde o dia 23/5 e nega todas as acusações.

O segundo a ser ouvido foi o auxiliar de processamento David Melero Júnior, 25, alvo de investigações por ter ligações com Toledo. Melero afirmou que conheceu o acusado na sala de bate-papo do UOL e que se encontrou com ele três vezes. O suspeito confirmou que conversou com o acusado sobre o garoto de 8 anos, vítima da rede. "Ele (Toledo) me falou que estava com um garoto de nove anos para iniciar (sexualmente), porém não acreditei em razão da idade do menino", disse. Pelo que consta nas gravações feitas pela polícia, ele foi conivente com a informação. Melero disse ainda que não sabia do envolvimento de Toledo com uma rede de pedofilia e nega participação. Durante a apresentação das imagens, ele reconheceu a cortina do quarto do acusado, enquanto Toledo disse não reconhecê-las.

Valter José Ferreira, 55, dono da chácara em que Toledo morava, disse ter ficado surpreso com a prisão e o aliciamento de crianças pelo acusado. "Nunca desconfiei de nada. Tenho a chácara, mas não ficava cotidianamente no local", declarou. Ele afirmou também não saber que Toledo levava homens para manter relacionamento sexual em sua casa. Valter não reconheceu as roupas de cama, ao ver as imagens das crianças com os pedófilos.

Ambos receberam voz de prisão ao final do depoimento.

O pai de uma das vítimas, não identificado para preservar sua família, reconheceu o filho em uma das imagens. Totalmente indignado, disse que se tratava de ultraje. "Toledo é maquiavélico, ele usa a religião para se beneficiar com essa rede de pedofilia", acusou. Segundo ele, seu casamento foi desfeito devido à influência de Toledo sobre sua ex-esposa. "Ela frequëntava o mesmo terreiro que meu filho", afirmou.

Para o presidente da CPI, a pedofilia é a mãe dos crimes hediondos. "Infelizmente, tenho certeza de que este caso ainda nos mostrará fatos novos que envergonham", lamentou. Ele informou que alguns envolvidos já foram identificados, mas que as identidades são preservadas para não prejudicar as investigações.

Em relação à mudança no Código Civil, o senador afirmou que está sendo proposta uma alteração na lei, que amplia para 30 anos de prisão sem progressão e com rastreamento vitalício, os condenados por pedofilia. Malta também sugeriu que o pedófilo perca privilégios.

Além de Bruno, Olímpio Gomes (PV), André Soares (DEM), Roberto Morais (PPS), Said Mourad (PSC) e Fernando Capez (PSDB) também participaram da reunião.

A CPI da Pedofilia prossegue nesta sexta-feira, às 10h, no Plenário José Bonifácio da Alesp. Dentre as pessoas que serão ouvidas estão o denunciante da rede e um médico que participou da investigação.

alesp