Rodrigues Coelho une arte a iconografia desbravando os caminhos da memória paulista

Museu de Arte do Parlamento de São Paulo
17/08/2006 20:07

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Rodrigues Coelho<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Rodrigues Coellho 3 mauri.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Clique para ver a imagem " alt="Painel "São Paulo" Clique para ver a imagem "> Clique para ver a imagem " alt="Obra "Os Legislativos Paulistas Através do Tempo" Clique para ver a imagem ">

Rodrigues Coelho, mesmo no vigor com que explora fundamentos contemporâneos e leis prospectivas, permanece instintivamente realista. Tanto no grande painel dedicado a "São Paulo", como no quadro enfocando "Os Legislativos Paulistas Através do Tempo", o artista circunscreve, sobretudo, sua atividade ao tema, indagando-se para obter um efeito do modelo, na obrigação de manter sólida a unidade geral entre o fundo e os diversos protagonistas, além de cumprir uma sutil operação cromática, que substancie os espaços dinâmicos entre luz e massas em movimento.

Analisando o grande painel, um outro dado se manifesta sem controvérsia: o pintor entende agir fora da lógica do seu tempo. A recusa do ritmo e da tecnologia é possivelmente a chave da pesquisa plástica e histórica sobre São Paulo. Desse ponto de vista, podemos avaliar sua autodisciplina ao citar os objetos da representação entre situações ambientais e de atmosfera.

Com efeito, não são imagens de fantasia as de Rodrigues Coelho, mas tomadas "in natura" e "in memoriam", sem compromisso com a difícil solução das questões técnicas e dos temas em fase de narração. Além de grande habilidade criativa, devemos reconhecer-lhe o "impasto" dos próprios sentimentos com a luminosidade de suas cores, numa simbiose em direção, precisamente, à tradição.

Rodrigues Coelho é um original e poético intérprete da luz, que modela as formas na mágica fluidez desse meio impalpável e inalcançável. Seu grande mérito é saber dominar o pincel, um instrumento tão fugitivo, para dele apropriar-se e dobrá-lo às exigências " não tanto da representação quanto da descoberta de uma verdade poética orientada em direção ao sentimento, ao espírito, à fantasia e, como tal, autêntica também em suas contradições.

Entre a emoção e o encaixe da luz e da cor, Rodrigues Coelho nos conclama espontaneamente à fluidez natural das águas do rio Tietê, àquelas estações do otimismo aos quais o artista parece sempre voltar a sua prevalência de escolha humana.

No seu repertório pictórico, não falta a representação da figura humana envolvida num cenário paisagístico apropriado da terra paulista, com a presença dos indígenas, do jesuíta Anchieta, de Dom Pedro, herói de nossa independência, e de outros tantos fatos marcantes relativos aos ciclos da cana-de-açúcar, do café, do boi e, finalmente, do progresso tecnológico de nossos dias. Isso sem esquecer da primeira sede da Assembléia Provincial do Pátio do Colégio e do Legislativo de nossos dias e dos diversos monumentos significativos de nossa história.

Sem a suspeita de uma impostação cerebral, que poderia parecer demonstrada pelos modismos na arte, tanto por amor como por escolha, o pintor se dedicou com energia a essa viagem, que não é tão-somente histórico-naturalista, mas profundamente artística.

Tanto no painel "São Paulo" quanto na obra "Os Legislativos Paulistas Através do Tempo", esta recentemente doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo pelo IPH (Instituto de Recuperação do Patrimônio Histórico no Estado de São Paulo), a sólida estrutura de fundo sustenta de fato uma série de imagens históricas, vistas e captadas por olhos sonhadores. No olhar de Rodrigues Coelho, nota-se sempre a solidez de um bandeirante das artes desbravando os caminhos da história paulista.

O artista

Rodrigues Coelho nasceu em São Paulo, em 1925. Formou-se pela Escola de Belas Artes de São Paulo, pela Associação Paulista de Belas Artes e pela Academia Paulista de Belas Artes. Exerceu as funções de secretário geral do Comité des Arts Plastiques da Unesco no Brasil.

Além de pintor, é professor de desenho e de artes plásticas. Executou mais de 2 mil obras de arte e participou de mais de cem exposições oficiais, destacando-se entre elas: Expo Cultural dos Imigrantes (Bienal, São Paulo), Medalha de Ouro; Artistas Sul-Americanos (Coahuila, México), Medalha de Ouro; Mokiti Okada, Palácio da Cultura (MAC, Rio de Janeiro); ASBA (Associação São-Bernardense de Belas Artes), Prêmio Aquisitivo, Acervo da Pinacoteca de São Bernardo do Campo; Bunkyo, Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, São Paulo (três participações); I Salão Nacional de Artes Plásticas, Rio de Janeiro, Medalha de Ouro; Coletiva Círculo Militar de São Paulo, Medalha de Ouro; Academia Paulista de Belas Artes, Anhembi, Medalha de Ouro; Festival de Inverno de Campos do Jordão, SP; I Salão de Arte Contemporânea, Americana, SP, Medalha de Ouro; Jockey Clube de São Paulo, aquisição para o acervo da sede; Contemporary Art, Tampa, Flórida, Estados Unidos, Gold Great Master Medal; MAC Taiwan, Formosa, Prêmio Paleta Internacional; Salão de Arte Contemporânea, São Paulo, I Prêmio; Salão Nacional Centro Cultural Vergueiro, São Paulo, 1º Prêmio; e I Salão Nacional de Artes Plásticas, Brasília, DF, 1º Prêmio de Aquisição, com prêmio viagem a Paris.

Desde 1983, expõe em São Paulo no Clube Atlético Pinheiros, Academia Paulista de Belas Artes Portinari, União Cultural Brasil-Estados Unidos, Espaço Cultural Tabacow, Espaço Cultural BMW, Clube Atlético Paulistano, Maison Continental 2001, Hípica de Santo Amaro, Caixa Econômica Federal e Secretaria Municipal de Cultura.

Suas obras encontram-se em coleções particulares no Brasil, Itália, Canadá, Portugal, México e Argentina e em acervos públicos diversos, entre eles o Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

alesp