Professor da Poli diz que providências na linha 4 não foram tomadas em tempo hábil


27/02/2007 22:10

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Professor Paulo Helene, da Escola Politécnica da USP<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Metro-Maur-Paulo Helene (2).jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O professor Paulo Helene, da Escola Politécnica da USP, esclareceu aos membros da comissão de representação que avaliou as hipóteses do acidente da linha 4 e não precisamente as causas. "Não cabe a engenheiros apontar culpados, esta função é da Justiça", disse.

Segundo Helene, a primeira ruptura ocorreu no teto do túnel e, a partir daí, deve-se investigar o que ocorreu depois. Questionado pelo deputado João Caramez (PSDB) se tinha autoridade para falar de túneis, Helene esclareceu que todo túnel tem o revestimento final feito de concreto e que esta é a sua especialidade.

Caramez perguntou quais os sinais que anteciparam o acidente e quais documentos tratavam disso. "Documentos de recalques, atas do Metrô e declarações de moradores de casas próximas ao local do acidente mostram que a Companhia do Metrô e o Consórcio Via Amarela foram avisados sobre a movimentação da estrutura da obra além do esperado", informou Helene, lembrando que tanto o Metrô como o Consórcio tomaram providências, mas não em tempo hábil.

Indagado se os documentos foram recebidos pelo correio ou "por obra do espírito santo", o professor disse ao deputado Caramez que cabia a ironia e que recebeu as informações por telefone e em conversas pessoais. "Não tenho interesse direto no Metrô, mas na engenharia. Assim, não tenho cópias dos documentos."

O deputado afirmou que se o depoente analisou o problema no "olhômetro" como chegou à conclusão de que a obra deu sinais de problemas antes do desastre. Helene destacou que é ridículo negar que não havia sinais.

Caramez leu a carta de retratação que Helene encaminhou à revista Época, com relação à matéria do repórter Valter Nunes, que, segundo Helene, continha afirmações inverídicas. O professor confirmou apenas a afirmação de que "uma obra como essa não desaba de uma hora para outra". Ele explicou que atendeu quatro telefonemas do repórter e prestou informações. Mas a publicação acabou saindo com erros técnicos e conceituais. A revista já se retratou com o professor.

Parâmetros da normalidade

Nivaldo Santana (PCdoB) enumerou incidentes ocorridos na linha 4, como a morte de um operário nas obras da Oscar Freire e o desabamento de uma loja próxima às obras da Casper Líbero. O parlamentar disse que isso mostra que os problemas nas obras da linha 4 fugiram dos parâmetros da normalidade. Ele também comentou a contenção dos gastos, como a diminuição em um milímetro da manta de cobertura para economizar R$ 3 milhões. Santana perguntou a Helene se a redução de custos e o uso de materiais fora das especificações mínimas resultaram no acidente. "Sou técnico e não posso concluir que isso aconteceu", respondeu Helene, lembrando que o acidente na futura estação Pinheiros não tem ligação direta com os demais acidentes na linha 4.

Ao deputado Orlando Morando (PSDB), o professor esclareceu que também exerce a atividade de consultor de obras e que acredita na capacidade de o IPT fazer um diagnóstico das causas do acidente, mesmo sem ter participado anteriormente das obras. Morando indagou se Helene poderia aventar uma hipótese de causa de um acidente ocorrido, por exemplo, no Japão. "Posso formular uma hipótese, mas nada posso provar. Isso vem com a demonstração em campo", respondeu o professor.

O relator da comissão, Edmir Chedid (PFL), disse que vai encaminhar à Secretaria dos Transportes Metropolitanos um requerimento solicitando informações detalhadas do contrato da linha 4, a partir de dados encaminhados por escrito pela Companhia do Metrô.

Chedid perguntou a Helene se o modelo de contrato adotado na linha 4 é adequado. O professor disse que não poderia responder diretamente. "Entretanto, dentro da questão técnica, é interessante unir projetistas, construtores, moradores e fiscalizadores numa mesa de trabalho para que não reste apenas um único responsável pela obra", concluiu Helene.

O presidente da comissão lembrou que houve tempo para a retirada de funcionários. "Esperava-se que aconteceria algo naquela proporção?", indagou Valdomiro Lopes. O engenheiro sugeriu que a expectativa não devia ser essa.

alesp