Imagem do negro nos livros didáticos é discutida na II Semana da Cultura Negra


DA REDAÇÃO
O modelo europeu de educação que foi implantado no país vem perpetuando o preconceito. Hoje, talvez não de forma tão explícita quanto há 50 anos, conceitos racistas ainda perpassam os livros de história. Segundo Marilândia Frasão, educadora, "se pegarmos os currículos escolares, a criança negra não se vê nos livros, não se vê na escola, porque é a difusão de um saber centrado na distória européia." Para ela, que é funcionária da Secretaria Municipal de Educação, deve-se dar prosseguimento a políticas de igualdade racial na educação fundamental, fazendo com que a escola cumpra sua função social, coisa que só ocorrerá se ela for inclusiva. Aí entra o papel do educador e seu suporte de ensino, o livro didático.
Autor do projeto de lei que trata do assunto, o deputado Alberto Turco Loco Hiar (PSDB), que também conduziu o painel sobre "A Questão Racial no Livro Didático" da II Semana da Cultura Negra, realizado na terça-feira, 18/10, disse acreditar que a sociedade precisa de uma transformação: "Só acredito que vamos mudar o país com a educação e a inclusão plena", e que a transformação se faz necessária também na classe política, mais um caminho para que chegue à sociedade.
A deputada Maria Lúcia Prandi (PT), professora de história e ex-secretária da Educação de Santos, acha que nos últimos 10 anos houve pequenos avanços. Lembrou que, quando era secretária, foi procurada por entidades como a Casa da Cultura da Mulher Negra para discutir justamente a questão do livro didático. Na ocasião, foi feita uma seleção de livros em que foi constatado o preconceito velado contra a comunidade negra.
Já em 1930, com a constituição da Frente Negra Brasileira, se discutia o conteúdo dos livros e o currículo escolar, que não atendiam à população negra. Marilândia Frasão anuncia que em 2004 já serão utilizados na rede municipal livros didáticos com novo perfil de educação igualitária. Para ela, "o processo civilizatório negro não pode mais ser negado na formação da cultura brasileira."
Inclusão na mídia
Na quarta-feira, 19/10, foi realizado o seminário O Papel da Mídia na Promoção da Igualdade. Com a presença de personalidades da TV, como o apresentador Netinho de Paula, o cantor Big Richard e os jornalistas Luciana Camargo e Luiz Paulo Lima, foi debatido o papel do negro nos veículos de comunicação, mais especificamente na TV, e o quanto isso pode contribuir para o acirramento do racismo ou para a promoção da igualdade racial.
Mediado pelo deputado Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho do PT, e com a presença dos deputados Nivaldo Santana (PcdoB), Paulo Neme (PTB) e Ricardo Castilho (PV), membros da Frente Parlamentar pela Igualdade Racial, e ainda do deputado Jonas Donizete (PSB).
Se há ou não preconceito de cor, é questão superada, segundo o deputado Tiãozinho, e o que se busca são alternativas de promoção de igualdade. Nivaldo Santana acredita que a promoção de eventos dessa natureza está trazendo para o centro do debate na Assembléia Legislativa o tema do combate ao racismo.
Muito assediado por fãs de todas as idades, o apresentador Netinho foi gentil com todos, cumprimentou, recebeu cumprimentos e tirou fotos. Com a palavra, mostrou-se um militante consciente das dificuldades dos brasileiros negros obterem acesso aos meios de comunicação e da luta para superá-los. Propôs que se obtenha um canal de TV para a comunidade negra, como uma das ações afirmativas. Demonstrou apoiar a política de cotas, embora reconheça que, mesmo na própria comunidade afro-brasileira, ela encontre resistências.
Sem identficação
A organização não-governamental TeVer, constituída por representantes de diversos segmentos sociais com a finalidade de observar a programação de TV e buscar formas de melhorá-la, tem chegado à conclusão de que, na TV aberta, cada vez menos o telespectador se identifica com o que vê. Considerando que cerca de 60% da população só tem a TV como fonte de informação e meio de entretenimento, é fácil concluir o alcance de um ideário veiculado todos os dias.
Luiz Paulo Lima, jornalista, acha que é preciso demonstrar e procurar obter a modificação da programação. As TVs são concessões de serviço público e, como tais, têm função social a cumprir. Luiz Paulo criticou, ainda, o uso da mídia para desqualificar as religiões de origem africana e enaltecer outras crenças, o que, para ele, é um desrespeito e uma afronta ao estado laico consignado na Constituição.
A própria organização do Movimento Negro foi objeto de crítica. A jornalista Luciana Camargo, contratada por uma emissora "por ser negra", já que, em suas palavras, isso é politicamente correto e serve aos interesses da TV, acha que falta união aos negros. O apresentador Big Richard pensa que "as portas não se abrem, são arrombadas", numa alusão à dificuldade de obter espaço na mídia, a não ser nas funções subalternas que caracterizam até hoje a imagem do negro na TV. "O espaço na tv não é conquistado, é cedido temporariamente enquanto servir à burguesia que controla a mídia", denuncia.
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