Os primeiros focos do greening ou huanglongbing (HBL) chegaram ao Estado de São Paulo em 2004. Após a notificação da doença, ainda desconhecida no país, o governo se viu obrigado a iniciar, de forma rápida e com pouca perspectiva de sucesso, o combate à praga, que se espalha de maneira avassaladora nas plantações de frutas cítricas, em especial nos pés de laranja. Conhecida na África e na Ásia há 100 anos, o greening exige dos produtores e empresas do setor grande esforço financeiro e fiscalizatório. Do contrário, em um ano o maior exportador de sucos e frutos do país pode perder milhões com a extinção das plantações que, conseqüentemente, resultarão no aumento de desemprego em nosso Estado. Para elucidar as dúvidas de citricultores, parlamentares e leigos, o deputado João Caramez (PSDB) requereu ao presidente da Comissão de Agricultura e Pecuária, Aloisio Vieira (PDT) a realização de audiência pública, com a presença do secretário de Agricultura e Abastecimento, João de Almeida Sampaio Filho, de Moisés Baum, representante do secretário de Economia e Planejamento, e dos engenheiros do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) e do Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Citros Sylvio Moreira.Os engenheiros da Fundecitrus e do Apta Citrus enfatizaram a necessidade de o governo aumentar os recursos dos institutos de pesquisa para a contratação imediata de profissionais e a aquisição de equipamentos modernos para agilizar o combate a esta e a outras pragas, como o cancro cítrico. Juliano Aires (Fundecitrus) e Mário Sérgio Tonazela, da Defesa Sanitária Vegetal, enfatizaram que essas medidas, associadas à conscientização dos produtores e à proibição de murta - um género botânico que compreende uma ou duas espécies de plantas com flor -, são os aliados do setor no combate a este mal, que já atingiu quatro mil propriedades em 139 dos 645 municípios de São Paulo.O que fazer "O esforço para combater o greening deve ser conjunto. Não adianta só um elo da corrente se esforçar porque a doença se espalha rapidamente. Todos precisam fazer sua parte: que é inspecionar cuidadosamente as plantas e eliminar as afetadas. Ninguém gosta de recomendar a eliminação de plantas, mas, neste caso, essa é a solução. Claro, o serviço público também deve fazer a sua parte", declarou Eduardo Fermino, do Centro Apta.Outro ponto destacado por Mário Tonazela é o envio de relatórios semestrais aos órgãos competentes. "Dos 12 mil proprietários existentes, oito mil fizeram o relatório do primeiro semestre. Desses, 35% tiveram suas plantações afetadas e 775 mil pés foram eliminados."Aporte financeiroMoisés Baum acredita que o debate sobre esse problema acontece em momento oportuno. Isso porque a Assembléia discute o orçamento do Estado para o próximo ano e o aumento de verba para a Secretaria de Agricultura se faz necessário. Atualmente, o orçamento da pasta representa 0,82% do orçamento do Estado, que é de 84,9 bilhões de reais. "Como medida emergencial, 47 indústrias produtoras de suco deram aporte de R$ 6 milhões de reais para a secretaria. Sabemos que o greening exige ações de planejamento a longo prazo", completou.GargalosO secretário de Agricultura falou sobre os "gargalos" de sua pasta. Segundo ele, o maior deles é a ausência de profissionais, que poderia ser sanado com a contratação de servidores, por meio de concurso público. Sampaio informou que ano passado foi realizado um concurso para a contratação de 1.250 funcionários, "que ainda não foi homologado porque os candidatos apresentam recursos em cada uma das etapas da seleção." Embora existam tantos empecilhos, o secretário afirmou que o governo conhece o problema e não se nega a resolvê-lo. Sampaio falou, ainda, que o governo estuda a possibilidade de realização de um seguro para dar garantias aos citricultores. "Amanhã temos uma reunião. Mas as conversas sobre essa iniciativa, inédita no mundo, estão bem adiantadas."Também com o objetivo de encontrar soluções e contribuir com a divulgação de informações sobre o assunto o deputado Davi Zaia (PPS) anunciou a criação de uma Frente Parlamentar em Defesa dos Citricultores. O grupo conta com o apoio de 40 parlamentares.Maiores informações sobre o greening podem ser obtidas nos sites www.cda.sp.gov.br, www.portaltributario.com.br e www.fundecitrus.com.br.