Opinião - Raul Seixas: "Os homens passam, as músicas ficam"


27/08/2009 17:42

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Estudante de psicologia, filosofia, ator, compositor, músico e escritor, nascido em uma família de classe média na Bahia em 28/6/1945, o canceriano Raul Santos Seixas, também conhecido com Raulzito, está cada vez mais vivo. Raul, que misturou influências do rock"n"roll, de Elvis Presley com a batida de Luiz Gonzaga o rei do baião, gravou seu primeiro disco Raulzito e os Panteras em 1967, aos 22 anos, porém o retorno só veio com o lançamento da música Ouro de Tolo, em 1973. Em toda sua carreira, lançou mais de 20 discos.

Raul também sofreu influências de Aleister Crowley, que era prodigiosamente inteligente tinha poderes excepcionais, podia apagar uma vela a distância usando a força mental, exercia fascinação sobre as mulheres, influenciou algumas ideias de Hitler. As influências podem ser encontradas nas músicas Sociedade Alternativa, A Lei, entre outras. Raul, que foi produtor musical da CBS, produziu e lançou sem permissão seu segundo LP, Sociedade da Grã Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez, convidou pessoas na rua para participar do seu disco, fretou um caminhão para trazer uma harpa de outro Estado para dar um último acorde em uma das músicas. Isso levou o disco a ser retirado do mercado e Raul foi expulso da gravadora.

Visionário, polêmico, irreverente e determinado a mudar o mundo, Raul se juntou a Paulo Coelho para criação da Sociedade Alternativa, uma cidade onde todo mundo teria total liberdade, uma cidade sem leis. Em plena ditadura militar sua ideia não foi bem vista e isso lhe custou um exílio para os Estados Unidos, quando visitou a casa de Elvis Presley, conheceu John Lennon e Jerry Lee Lewis. De volta ao Brasil, gravou um especial para TV Globo e ganhou seu primeiro disco de ouro pelo sucesso Gita.

Raul influenciou uma geração uma de artistas, seus fãs crescem a cada dia, suas músicas continuam atuais, e renderam filmes, peças de teatro, bandas, livros, trabalhos escolares, etc. Casou-se cinco vezes, teve três filhas, e tem dezenas de fã-clubes espalhados pelo Brasil, sendo o primeiro dele Raul Rock Clube.

Seu último disco foi A Panela do Diabo em parceria com o também baiano Marcelo Nova, ex-Camisa de Vênus, parceira que foi interrompida quando Raul Seixas, pegou o seu disco voador com destino ao oriente eterno. Partiu aos 44 anos vítima de uma parada cardíaca causada por uma pancreatite crônica. Foi encontrado morto em São Paulo por sua empregada no dia 21/8/1989, seu corpo foi velado em São Paulo no Palácio das Convenções do Anhembi e sepultado em Salvador.

Por ocasião dos 20 anos de sua partida, o lançamento mais esperado pelos fãs é o documentário Raul Seixas, o início, o fim e o meio, reunindo depoimentos das ex-mulheres, das filhas, de músicos, produtores, amigos, parceiros e fãs do artista, previsto para ser lançado em dezembro. O filme reserva uma surpresa: uma ficção da vida do artista daqui a cinco anos.

No dia 21/8/2009 foi realizada a passeata dos fãs saindo do Teatro Municipal no centro de São Paulo até a Praça da Sé, guiado por um trio elétrico seguido por mais de dez mil pessoas.

Uma das frases polêmicas de Raul Seixas: "Não sou cantor nem compositor, uso a música para dizer o que penso".

*Enio Tatto é deputado estadual pelo PT.

alesp